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quarta-feira, 6 de abril de 2011

SÓ UMA CORRENTE NO TORNOZELO ME SEPARA DO CRACK E DA MORTE. A saga do garoto de Praia Grande que se amarrava com uma corrente para fugir do vício.

SÓ UMA CORRENTE ME SEPARA DA MORTE 

A bela saga do garoto de Praia Grande que se amarrava com uma corrente para fugir do vicio e dos traficantes por amar a sua mãe e a própria vida.

Todos os dia o garoto franzino, antes de sua pobre mãe sair do casebre na Vila Sonia para procurar emprego, pedia forças a Deus e procurava encontrá-la em si mesmo. Por via das dúvidas, para ter a certeza de que conseguiria,  passava uma corrente no tornozelo e prendia com um cadeado.

Enquanto sua mãe batia de porta em porta, à procura de trabalho, o garoto ficava em casa tentando agüentar a insuportável vontade de usar o crack, essa droga maldita. Aguentou firme, como um pequeno herói, pois tentava provar à mãe, e a si mesmo, que conseguiria. Medo de morrer? Claro, pois dotado de consciência, não da inconsequência dos malucos que nem se dão conta de que  podem estar caminhando para o fim. 

E, assim, o nosso pequeno lutador passou 30 dias, a cada dia repetindo a mesma rotina de passar a corrente no tornozelo e fechar com o cadeado. E afastar a vontade imensa de ir para as ruas, atrás da droga, do crack maldito.

Muita força de vontade. Total consciência do mal. Grande percepção da fraqueza humana diante do vicio. Um exemplo para aqueles que apenas choramingam para que haja a venda fácil das drogas, especialmente a maconha. Esperando, depois, que a sociedade providencie o tratamento quando estiverem no fundo do poço. Mas nem todas as pessoas têm fibra. O garoto de Praia Grande parece ter, e muita.

Uma criança começa pelo crack a sua viagem pelo mundo do vicio?
Não.
Os especialistas dizem que a garotada começa observando seus pais, seus parentes, os mais velhos. Ao mesmo tempo, ao fazerem parte de turminhas, querem ser aprovados, aceitos socialmente, querendo parecer tudo, menos babacas quadrados. Assim começam a fumar tabaco, usar álcool, fumar maconha, chegando, conforme a situação, a outras drogas.

Dizem os especialistas que quem usa maconha, geralmente, começou usando tabaco ou álcool. E entre os que usam outras drogas, muitos começaram pela maconha. 

O tabaco, de seus problemas já sabemos, mas ficam restritos ao indivíduo fumante, caso haja alguma consequência em sua saúde.  Mesmo sobre a história do fumante passivo não há nada de certo.

Com relação ao álcool, sabemos que pode ser um flagelo e, embora legalizado, pode causar uma série de problemas, embora em diversas culturas um copo de vinho no almoço seja um santo remédio. Há indivíduos que ficam chorões, outros briguentos, outros dormem. Muitos acidentes de trânsito, de trabalho e domésticos são provocados pelo álcool.

A curiosidade, a busca de aceitação no grupo, provar macheza, provar que é diferente, várias portas levam à maconha, assim como vários caminhos levam a Roma.

Muitos psicólogos dizem que os problemas em casa, muitos usuários tem problemas em casa, ou devido às brigas constantes de seus pais, ou devido ao abandono de um deles do lar, ao desleixo, à falta de cuidado, de carinho, de atenção, de afeto.

Muitos não suportar esse estresse. Mergulham no álcool, ou buscam escapar da pressão passando pela porta de um baseado, como mudar de dimensão ao passar por uma parede, no filme de Harry Poter. Talvez muitos adultos lidem bem com isso, e consigam fumar pouco, só nos finais de semana, por exemplo.

Mas a presença dos traficantes, o barateamento das drogas, a insatisfação interna, as mágoas e outros fatores, levam a maioria a aumentar a dose. Até que uma hora ou outra o mais curioso, o mais insatisfeito, passa à cocaína, em busca de mais satisfação, maior fuga, maior ilusão,menor relação com a dura realidade. Depois, o crack, essa maldição. Essa pancada no cérebro. A morte.

Assim, o garoto, amadurecido pelo vicio, percebeu que a morte poderia ser o próximo passo. Decidiu usar uma corrente como, ironia, símbolo da libertação. E assim o fez.
Agora o caso foi descoberto pelo Conselho Tutelar de Praia Grande, litoral de São Paulo, e o garoto poderá ter um acompanhamento medico e psicológico.

A mãe disse à imprensa que, para manter o vicio, ele tinha que roubar. Roubava fios para vender a receptadores. Como já devia para os traficantes estaria jurado de morte.
Para que morrer tão fácil? Tão sem sentido?

Se sabemos todos os problemas decorrentes do álcool, legalizado, mas visto de modo diferente que a maconha e outras drogas, para que facilitar a expansão do perigo?

Quem garante que a venda fácil de maconha não trará mais problemas? Sempre haverá aqueles sem dinheiro e querendo usar a droga.
Talvez possam plantá-la nos jardins do Passeio Público, não é mesmo?

ESTADOS ALTERADOS DE CONSCIÊNCIA

Ao longo do tempo, há milhares de anos, o homem descobriu algumas substâncias que alteravam os sentidos, a percepção, criando visões ou estados alterados de consciência: a cannabis, os cogumelos alucinógenos, os líquidos das costas de um pequeno sapo amazônico (que a Sabrina Sato lambeu numa prova de TV e ficou meio doidona).

O ser humano, além de “homo sapiens”, diz o teórico Edgar Morin, deveria ser “sapiens demens”, por ser dotado de imaginação e fazer coisas que não se observam no mundo animal, algo meio louco. Algumas pessoas buscam um estado de euforia e bem estar indo brincar no HopHari, no bung-jumping, saltando de paraquedas, correndo de motocicletas. Outras se embebedam e outras usam drogas.
Algumas dessas coisas são reguladas, outras não.
Algumas são consideradas crimes, outras não. Nem sempre foi assim, agora é.
Pode mudar.
Assim caminha a Humanidade. 

O caso do garoto foi originalmente contado por A Tribuna, de Santos. 

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