Um assunto que não é muito abordado pela imprensa brasileira e nem pela latino-americana, quando se trata das questões do mundo árabe-islâmico, são as aproximações, datadas desde aos anos 30, das lideranças árabes com o regime nacional-socialista alemão, de Hitler.
Além de outras coisas, um dos pontos de convergência entre os dois movimentos era o ódio aos judeus. Assim, logo após a ascenção de Hitler ao poder, ele recebeu a visita do Mufti de Jerusalém (líder espiritual islâmico) e daí nasceram as famosas divisões militares islâmicas que lutaram, durante a Segunda Guerra Mundial, junto às tropas SS, aquelas que usavam o temido símbolo de um crânio e dois ossos cruzados.
13.Waffen-Gebirgs-Division der SS "Handschar" (kroat.Nr.1) |
Há inúmeras fontes primárias e imagens dessa participação incômoda hoje em dia para a esquerda pan-árabe.
Talvez essa seja uma das razõs para a esquerda estar meio perdida atualmente. Por um lado, protesta contra a repressão ao povo no Egito, por outro condenam o povo que se rebela -e apóiam a repressão- na Síria e no Irã.
Porque o povo iraniano e o sírio não podem protestar? Porque na Síria e no Irã estão, respectivamente, partidos antiocidentais e cheios de ideias muito parecidas com as nazistas.
No caso da Síria, o partido Baath, de origem pan-árabe, que existia em diversos países árabes, como o Iraque de Sadam Hussein, a origem é antiga, e se confunde, no tempo, nos anos 30, com as mesmas ideias que deram origem ao partido SSNP-Syrian National Socialist Party (Partido Nacional-Socialista Sírio).
O Mufti em visita a Hitler |
Essa origem que alimenta a ideia de um mundo amplo de origem árabe (a Alemanha para os alemães - mas a Alemanha seria onde houvesse um alemão) e a meta de eliminar os judeus da região, é que fez os primeiros panarabistas se interessarem pelas ideias nazistas, assim como o líder Mufti de Jerusalém.
A esquerda, e a grande mídia esquerdizada apoiou as rebeliões populares nos países em que os governos, mesmo sendo islâmicos, não se alinhavam com o Irã nem tinham teocracias no poder. Claro que todos eram regimes fortes, duros com opositores e sem democracia. Mas isso também ocorrer na Síria e no Irã.
Mas na Síria e no Irã as rebeliões são tratadas a ferro e fogo, e a imprensa ocidental não vê com simpatia a ação do povo. Preferem dar voz aos governos, e os governos chamam o povo de "baderneiros".
O governo da Síria não abre as fronteiras aos jornalistas do mundo. Os opositores estão se organizando com celulares e ligando-os a computadores que espalham as informações de dentro de um país fechado. A Síria não permite a presença de jornalistas estrangeiros. Não foi isso o que aconteceu no Egito de Mubarack, onde centenas de jornalistas acompanharm o desenrolar dos fatos, até a queda do presidente.
Essa é a hipocrisia da esquerda ocidental. O povo muda de figura e de definição conforme lhe convém.
Leia mais no El Pais, da Espanha, edição de hoje (24):
http://www.elpais.com/articulo/internacional/activistas/imponen/Internet/
O governo da Síria não abre as fronteiras aos jornalistas do mundo. Os opositores estão se organizando com celulares e ligando-os a computadores que espalham as informações de dentro de um país fechado. A Síria não permite a presença de jornalistas estrangeiros. Não foi isso o que aconteceu no Egito de Mubarack, onde centenas de jornalistas acompanharm o desenrolar dos fatos, até a queda do presidente.
Essa é a hipocrisia da esquerda ocidental. O povo muda de figura e de definição conforme lhe convém.
Leia mais no El Pais, da Espanha, edição de hoje (24):
http://www.elpais.com/articulo/internacional/activistas/imponen/Internet/
El flujo informativo es dirigido por decenas o centenares de opositores con un teléfono móvil y un ordenador. Parte de ellos están fuera de Siria. Los que residen en Líbano prefieren no contactar personalmente con la prensa y alegan motivos de seguridad hasta cierto punto razonables: en el universo cibernético nadie sabe quién es quién, y los servicios secretos sirios gozan de larga experiencia en materia de secuestros dentro del país vecino. Rami Najle, un ciberactivista de 28 años, se convirtió ayer en una pequeña celebridad en Beirut al aceptar aparecer en las páginas de The New York Times. Su perfil encaja con lo que el mundo exterior desea del revolucionario sirio: es joven, liberal e idealista.
Se sabe que hay protestas en Siria, se sabe que la represión es dura, se sabe que hay muertos. Eso debería quedar fuera de discusión porque lo admite el propio Gobierno. Más allá, poca cosa. Ni siquiera Al Yazira, la televisión catarí que mantiene una red de colaboradores clandestinos en el interior, logra componer un retrato fiable de lo que ocurre. Ante las enormes dudas, ¿habría que dejar de informar? Nadie ha optado por eso. Por tanto, resulta necesario consumir lo único disponible, lo que proporcionan los activistas, empezando por las cifras de muertos. Ayer los correos electrónicos hablaron de una gran redada nocturna lanzada por la policía sobre participantes en las manifestaciones, de la detención de cientos de ellos, de nuevas protestas y de, al menos, otros cuatro muertos.
NOTÍCIAS DA SÍRIA HOJE (24)
Repressão deixa 352 mortos desde 15 de março. 24/04/2001
Hoje 4 pessoas morreram e muitas feridas após a repressão das forças de segurança em Jable, perto de Latakia, no noroeste da Síria. Segundo relatos da imprensa internacional, o novo governador da região visitou a cidade e depois as forças de ordem cercaram a cidade e começaram a disparar, completou o porta-voz.
As forças do governo do presidente Bashar al Assad deixaram ao menos 120 mortos, segundo lista nominativa do Comitê de Mártires da Revolução de 15 de março. O total de mortos, desde dia 15 de março chega a 352, segundo dados coletados pela AFP.
Pouco depois do anúncio das mortes em Jable, em torno de 3.000 moradores de Banias, cidade localizada a cerca de 50 km de Latakia, organizaram em solidariedade uma manifestação na estrada que une Latakia a Damasco, segundo a mesma fonte. Os manifestantes, que pediam o cessar dos disparos das forças de segurança em Jable, afirmaram que não levantariam o bloqueio da estrada enquanto não tivessem suas demandas atendidas.
De fato, quando o jornalista do Manhattan Connection, Caio Blinder, analisava a situação do Oriente Médio e acabou exagerando e ofendendo a Rainha Rania da Jordânia, ele tratava mesmo era do fato de as esposas de reis e presidentes da região serem mulheres cultas, com diplomas superiores, ricas, bonitas, cosmopolitas, mas que se prestam a servir de vitrines a regimes opressores como o da Síria.
Essa era a questão central de Caio Blinder. E ele tem absoluta razão. Não precisava ofender a rainha e as mulheres, elas já definiram seus papéis dianteda opressão. Elas apóiam. Elas fazem parte dos elites que exploram o povo árabe.
Ninguém pode dizer que isso não é verdade.
E a esquerda do Brasil sabe muito bem disso. Aqui ninguém critica o Baath pela repressão ao povo sírio.
(Informações do noticiário internacional)
02/06/2007 - 09h36
PT assina acordo com Baath, ex-partido de Saddam Hussein
IURI DANTAS
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O presidente do PT, Ricardo Berzoini, assinou, anteontem em Damasco, acordo de cooperação com o Partido Baath Árabe Socialista. O Baath comanda um regime autoritário na Síria desde 1963 e também foi o partido do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein, enforcado em 2006.
O acordo, que tem validade até 2010, estabelece sete compromissos, como "incentivar a troca de visitas", tentar "coordenar os pontos de vista" quando os partidos estiverem presentes em congressos e fóruns regionais e internacionais, "promover a troca de publicações e de documentos partidários importantes" e "fortalecer" a cooperação entre organizações populares e "representantes da sociedade civil", para "intercâmbio de experiências".
Segundo texto divulgado pelo PT, os objetivos são "estreitar laços de amizade" e "melhor servir aos interesses comuns dos dois países e povos".
Para o cientista político Octaciano Nogueira, o acordo representaria um retorno do PT às origens, quando tinha tendências "stalinistas".
"Isso torna as coisas mais difíceis para Lula e nem tanto para o PT. Aliar-se ao Baath, que é um partido totalitário, num país [Síria] onde não há democracia, isso é uma volta à origem radical, ao stalinismo."
Para o professor David Fleischer, da Universidade de Brasília, o PT acompanha o mesmo movimento com o Baath em curso nos Estados Unidos e em Israel. Como o governo brasileiro também possui interesses na Síria, ele vê o acordo como "uma jogada esperta".
"O PT sempre teve um setor de relações internacionais bastante ativo. Essa iniciativa com o Baath, um partido muito reacionário, é inusitada, diferente. Pode ser que tenha aproveitado aproximação feita pelo governo brasileiro com a Síria. Neste sentido é uma jogada esperta."
Fundado em 1947 com proposta nacionalista e socialista, o Baath prega a criação de um Estado único árabe na região e reivindica terras ocupadas por Israel na Guerra dos Seis Dias.
O partido teve seu nome vinculado ao assassinato do ex-primeiro ministro do Líbano, Rafik Hariri, em 2005. Ele foi morto na explosão de um carro bomba, quatro meses depois de deixar o cargo. O presidente Lula visitou a Síria no primeiro ano de seu governo.
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