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domingo, 31 de julho de 2011

MATEI AS MINHAS SEIS FILHAS. AGORA A HONRA DA FAMÍLIA FOI LAVADA. A louca história de ARIF, um bom pai paquistanês.

Se eu morasse no Paquistão seria muito fácil. Assim que eu descobrisse que minha filha adolescente andava saindo com um namoradinho do bairro próximo, eu a encheria de chumbo. 

Não teria conversa fiada. "É verdade que você anda saindo com o Salim?"

"É? Pois acabou". Pegava o trinta e oito e resolvia o problema com um tiro no meio da fuça. Pá. Pronto. A honra da família estava lavada.

Violento, eu? Não. É apenas uma brincadeira. Um exercício de imaginação. Eu não moro no Paquistão (e nem em Londres), não me chamo Arif Mubashir, e não tenho um trinta e oito.

Arif Mubashir, de Faisalabad, no Paquistão, é um cara decidido. Arif não tinha uma filha adolescente. Ele tinha seis filhas adolescentes.

Seis, meus amigos: 1, 2, 3, 4, 5 e 6.

Pois agora ele não tem mais nenhuma. Mas a honra da família dele está limpinha, como zero quilômetro. 

Mas ele também tem seis filhas a menos.

Tudo começou quando as moçoilas começaram a ficar grandinhas e, claro, mesmo no Paquistão, um dos países mais perigosos para as mulheres devido a um atroz conservadorismo islâmico, elas começaram a olhar para rapazes. Como é de praxe. 

Mas, pior que isso, ao invés de apenas olharem, de esguelha, para o sêo Arif não perceber, foram logo se engraçar, duas delas, com dois moçoilos namoradores.

Daí que o sêo Arif ficou sabendo. Como? Não me perguntem, isso eu não sei. Mas imagino.
O ser humano é muito parecido, em toda a parte. Garante que algum fofoqueiro de plantão viu ou soube do caso das duas filhas dele com dois rapazes e foi falar: Sêo Arif, a honra da sua família foi pro brejo. As suas filhas Sameena e Razia estão se engraçando com dois jovens do outro bairro.

Pronto. Isso bastou para deixar o sêo Arif em fúria. Ele não planejou matar alguém por três anos como o louco da Noruega que não gosta de islâmicos, o Anders Behring Breivik. Não, o sêo Arif tem o pavio curto, e o trinta e oito dele um cano longo. Assim que ele foi tirar a história a limpo.

Perguntou para a irmã mais velha se era verdade que Sameena (14 anos) e Razia (16) estavam se engraçando com uns rapazes. A menina acabou confirmando. Todas as outras quatro irmãs sabiam, mas estavam protegendo as duas namoradeiras.

Ah, é? É assim que pensam que isto vai acabar? 

Sêo Arif mandou reunir a família. Reunião solene. Na sala da casa. Quando sêo Arif manda ninguém ousa discordar. É lei. É assim em grande parte do Paquistão, e de muitos outros países islâmicos. Os homens mandam muito. Mandam demais. Mandam prá cachorro. (êpa, cachorro não que seu Arif não gosta, é um bicho muito sujo).

Pois bem. Família reunida.

Sêo Arif, com os olhos rútilos de indignação (um pouco de Nelson Rodrigues sempre é bom) avisa o motivo da reunião.

Sameena e Razia desonraram a família.

Oh!!!!!!!!!!!!

E as outra quatro, que sabiam de tudo, também.

Oh!!!!!!!!!

E assim, para que tudo voltasse ao normal, e a honra da família voltasse ao que sempre foi, o sêo Arif Mubashir não titubeou.

Puxou o gatilho seis vezes.

Seis estrondos intermináveis estrondos, compassadamente: 

Pá. Pá. Pá. Pá. Pá. Pá.

Ao fim do último tiro, as seis filhas de Arif Mubashir estavam mortas.
Mas ele estava com a honra lavada. Nem com Omo ficaria mais limpinha.

Tem muita diferença do Anders Behering Breivik, o louco de Oslo, que matou nove em uma explosão e depois mais 68 a tiros, para protestar contra o multiculturalismo? 

Anders queria era dizer que não gostava dos métodos aceitáveis dentro da cultura paquistanesa, por exemplo,  de um pai lavar a honra da família matando suas filhas a tiros. Métodos assim que muito imigrantes estão levando e querendo impor aos europeus. Leiam sobre Londres. Paris, Barcelona. 


Como Anders é claramente um louco, ele estava certo na crítica, mas absolutamente errado no método. Tão errado quanto o sêo Arif que matou seis filhas de uma vez. 

E ninguém no Paquistão diz que Arif é um louco. Diz apenas que ele lavou a honra da família.
Dá para exportar essa mentalidade para Londres, Paris ou Oslo?  

Se você acha que sim, então você é um multiculturalista e não sabia. Percebe como a coisa pode ser meio complicada? 

PS. Embora lavar a honra com a morte do outro seja comum no Paquistão (mais de 600 mulheres morreram em 2009 por causa disso), a civilização vai chegando e agora isso pode dar cadeia.

O sêo Arif está preso. Mas as filhas continuam mortas.


CEGA E DESFIGURADA COM ÁCIDO, AMENEH BAHRAMI PERDOA SEU AGRESSOR. Até recentemente ela havia pedido, e conseguido, que o Tribunal do Irã o condenasse a ficar cego com aplicação de gotas de ácido nos olhos. Estaria anestesiado, é claro.

O caso de Ameneh Bahrami, de qualquer modo, é uma vitória da civilização. Por outro lado, o Irã, onde tais sentenças baseadas na Lei de Talião ainda são bastante freqüentes, poderá dizer que ouviu a comunidade internacional, suspendendo a execução, uma vez que foi o desejo da vítima na última hora.

Se Ameneh, que parecia achar justo tirar também a visão do agressor mudou mesmo de idéia, não sei. Pode ser que ela tenha se arrependido, sinceramente, de ter pedido uma sentença como aquela. Não saberemos.

Mas o final da história com o perdão da vítima, a não execução de uma sentença brutal (independente de que o crime tenha sido brutal) e a atenção das autoridades iranianas para com o novo desejo da moça serve muito bem como propaganda do regime iraniano e de como uma pessoa pode buscar o perdão lendo o Corão.

Mas não nos esqueçamos de que foi baseada nos mesmos princípios religiosos que Ameneh pediu para ele fosse cegado. Lá também há sentenças de apedrejamento de mulheres até a morte e, em algumas área não é incomum um pai ou umamãe matarem uma filha por haver olhado ou se engraçado com algum rapaz, o que é uma desonra para a família. Sendo assim, moralmente é aceitável matar a própria filha.

FOTO LLUIS GENE/AFP
http://marianofilho-advogado.blogspot.com/2011_05_01_archive.html
Majid Movahedi havia sido condenado, em 2008, a perder a visão com a aplicação de ácido por haver desfigurado e cegado Bahrami, em 2004.

A pedido da vítima, o rapaz foi sentenciado de acordo com a Lei de Talião, ou lei da retaliação, prevista pela lei islâmica e em vigor no Irã. 

 A pena deveria ter sido aplicada em 14 de maio, mas as autoridades decidiram adiá-la para este domingo, sem dar explicações. Na verdade houve uma grande pressão internacional sobre o governo iraniano, assim como tem havido em outros casos. 

Bahrami, hoje com 30 anos, afirmara que as autoridades iranianas fizeram pressão para que ela renunciasse ao direito de reclamar a aplicação da pena.  A sua aplicação havia sido denunciada pela Anistia Internacional e várias outras associações de defesa dos direitos humanos. As entidades alegavam que a pena era "um castigo cruel e desumano, equivalente a um ato de tortura".

Claro que a legislação iraniana não reflete essa preocupação com os direitos humanos, uma vez que os princípios básicos relativos aos Direitos Humanos são fundados nas bases da visão cristã, o que significa valorizar e valorar o indivíduo como a célula primeira da Humanidade. Assim, do ponto de vista cristão, é inaceitável aplicar a Lei de Talião.

Bahrami vive em Barcelona e recebe uma pensão vitalícia por invalidez dada pelo governo espanhol. Na Espanha ela passou por 17 cirurgias para a reconstituição de seu rosto. - Eu sofri bastante nos últimos anos, só agora, depois de muito tempo, me sinto realmente feliz - disse em uma entrevista publicada em maio pelo jornal Haft-e Sobh.

Ela explicou ainda que queria que a pena da retaliação fosse aplicada "não para que o agressor passasse pelos mesmos sofrimentos que ela, mas sim porque isso poderia dissuadir aqueles que poderiam pensar em cometer crime semelhante".

Movahedi jogou ácido no rosto de Bahrami porque a estudante rejeitou seus pedidos de casamento. A vítima ficou completamente desfigurada e perdeu a visão apesar das cirurgias que fez na Espanha.

A lei da retaliação é normalmente aplicada no Irã em casos de assassinato. A família da vítima deve pedir expressamente sua aplicação, que ainda depende de uma autorização do juiz. A condenação de Movahedi à cegueira foi determinada pelo Supremo Tribunal em 2009, a pedido dela.

Bahrami perdoou seu agressor, mas ainda exige 150 mil euros: “Não vou perdoar a compensação da qual preciso para tratamentos médicos”, disse. Mohavedi cumpriu sete anos de prisão e não pode ser libertado, a não ser que a compensação seja paga. O advogado do agressor já disse que a família terá dificuldades em encontrar a quantia que é pedida, pois o único bem que possui é uma casa na capital. A Lei de Talião, ou qisas, faz parte da Sharia (lei islâmica) e aplica-se a outros crimes, como o homicídio, o mais comum. A família da vítima pode exigir a morte do assassino ou trocar a sentença pelo pagamento de uma compensação monetária.

Informações extraídas da imprensa: 
http://www.publico.pt/Mundo/iraniana-cega-por-acido-perdoa-agressor-antes-da-aplicacao-da-pena_1505518
http://www.elpais.com/articulo/internacional/irani/quedo/ciega/ser/atacada/acido/


ESTE FOI O TEXTO PUBLICADO EM 15 DE MAIO

"OS OLHOS DELE PELOS MEUS OLHOS". Esse foi o pedido de uma moça iraniana aos juízes. Ela ficou cega depois que um pretendente jogou ácido em seu rosto. Os juízes concordaram, e será a aplicada Lei de Talião: "olho por olho, dente por dente".

Era um final de tarde em um dia do ano de 2004, em uma cidade do Irã. Ahmeneh Bahrami caminhava sozinha para casa, pensando na vida,  após sair da fábrica da área de bioquímica em que trabalhava.

AHMENEH ANTES DO CRIME
Observava as pessoas na rua, as falhas da calçada, alguns veículos passando, uma flor em um canteiro, uma pedra fora de lugar, um pássaro cantando sobre um fio elétrico. Alguns instantes depois e ela nunca mais poderia ver coisas simples assim, para as quais mal olhamos quando vamos ao trabalho, ou ao final do expediente.

Há sete anos Ahmenh mora no reino da escuridão. Não vê mais nada. A última imagem que tem na memória é, exatamente, o que ela jamais gostaria de ter que olhar outra vez. Mas é a imagem que a persegue e a atormenta, desde então.

A última coisa que ela pode ver, enquanto enxergava foi o rosto impassível e os olhos frios de Majid Movahedi quando ele lhe atirou um líquido vermelho que estava em um frasco. Quando ele a deixou cega para sempre, com um pouco de ácido sulfúrico. Ela negou-se a casar com ele, que a incomodava sempre com a mesma proposta, até que naquele dia Majid resolveu acabar coma história.

Diante de mais uma negativa da moça, ele atirou ácido sulfúrico sobre o rosto de Ahmeneh, desfigurando-a e deixando-a cega, definitivamente. Assim Ahmeneh conseguiu livrar-se de Majid, permanecendo, no entanto, ligada para sempre à sua imagem, que a assombra todos os dias.
APÓS VÁRIAS CIRURGIAS
À imprensa ele contou, uma vez, que tem muitos pesadelos, dorme mal, acorda à noite assustada. E nos seus pesadelos Majid, além de jogar o ácido sobre o seu rosto (aquela dor horrível!) ainda aparece como um demônio que a ameaça: "Vou matá-la. Vou fazer kbabe com a sua carne". Ela não consegue mais dormir.

MAJID, O QUE FICARÁ CEGO

Ontem (sábado) parte do pesadelo de Ahmeneh poderia ter encontrado um fim (ao menos ao modo como ela pensa). Apenas uma parte, é claro, pois ela teria a oportunidade de estar no local onde as autoridades judiciais do Irã determinaram que fosse cumprida a sentença contra Majid.   

O criminoso será cegado com cinco gotas de ácido sulfúrico aplicadas em cada vista. Na ocasião do julgamento de Majid, em 2008, as autoridades do Tribunal Criminal de Teerã atenderam ao pedido de Ahmeneh para que fosse aplicada a Sharia, a Lei Islâmica, de forma que pudesse ser utilizada a Lei de Talião, isto é a punição de um delito de justa vingança (qsas).

Assim, segundo Ameneh, Majid sentiria o que ela sentiu. Quando foi questionada pelos juízes sobre se ela mesmo queria aplicar a pena, negou-se, dizendo ser horrível demais. Ela quer apenas que Majid sinta o que ela sentiu, e que não faça isso mais com qualquer outra moça. Ela acha que Majid ainda teve muita sorte, pois os juízes mandaram aplicar anestésico antes que o ácido fosse aplicado em seus olhos.

Mas Ahmeneh, que viajou da Espanha, onde mora, para o Irã, não pode acompanhar a execução da sentença. Devido à repercussão internacional do fato e da própria sentença, o governo iraniano tem sido muito pressionado por organizações que defendem os direitos humanos e até governos. Todos pedem que a aplicação da sentença seja suspensa e a pena não seja de castigo físico, não seja pela execução do princípio milenar do "olho por olho, dente por dente".

As autoridades do tribunal acreditam que uma punição assim serviria de exmplo para que outros crimes desse tipo não acontecessem mais, pois são muitos comuns naquela região. Mas os ativistas de direitos humanos pressionaram, pedindo a revisão da pena. Então, o tribunal suspendeu a aplicação da sentença, temporariamente.

Ainda não foi desta vez que Majid deixará de ver pedras, flores, pássaros e, até, a desfigurada Ameneh, que talvez fosse a sua última visão.

NELSON RODRIGUES

A história de Ahmenh e Majid é universal, isto é, pode ocorrer em qualquer lugar. Não é uma história de paixão e crime que aconteça apenas em países islâmicos como muitos tendem a acreditar. Nelson Rodrigues poderia ter feito peças baseadas nesses dramas.
É tipicamente rodriguiano o desfecho: "Se não ficares comigo, ninguém mais a terá".

Não, não é um crime ligado a um povo ou a uma religião, mas provém da natureza meio louca do ser humano. Aí sim, dito isto, podemos afirmar que em alguns países, em que os homens têm um valor maior do que as mulheres, em que há opressão contra as mulheres, em que há aplicação de leis religiosas para pubir os crimes, aí sim os loucos ou mais espertos se aproveitam disso para impor sua vontade. 

Crimes de  honra, vingança e paixão ainda são comuns no interior do Brasil. Temos notícias de histórias horríveis por aqui mesmo, não precisamos ir ao Irã. Outro dia mesmo o tal Ananias matou duas irmãs porque dizia amar uma delas, uma adolescente de 15 anos que não quis o seu amor. "Eu a amava demais", disse o sujeito que a matou com um tiro no rosto.
Puro Nelson Rodrigues.

Mas há uma diferença entre as duas situações. Nos países de fundamentação cristã os indivíduos, mesmo os criminosos, devem ter sua integridade física e psicológica mantidas. Por isso não aceitamos tortura, pena de morte (embora a pena de morte seja aplicada em alguns países) e a Lei de Talião.

O cristianismo mudou a face do mundo ao preservar a individualidade. E é isso que nos orienta. Revolta uma história como a de Ameneh? Sim, bastante. Os multiculturalistas e relativistas poderão dizer, isso é lá com os costumes deles. Pois é. Lá, que seja assim. Eles que se entendam. Mas acontece que quando islâmicos mudam-se de país querem levar seus costumes, e até a Sharia, e isso pode ser um grande problema.

Como seria julgado Majid no Brasil? Pela Sharia ou pela Constituição e o Código Penal. Por estes dois, óbvio. Mas o estrago na Europa já é grande e os britânicos, por exemplos, aceitam a sharia, quando se trata de julgar  islâmicos. Um absurdo! Então um estuprador britânico tem uma pena de um tipo, mas se for um islâmico terá outra pena?

Percebem como o multculturalismo, à guisa de democrático, é absolutamente perverso e antidemocrático? Em um país todos devem estar submetidos à mesma lei. E leis que preservam a integridade física e psicológica das pessoas, mesmo os criminosos, são melhores. Caso contrário, como condenar a tortura aplicada nas ditaduras? A mentalidade politicamnte correta vai deixando as pessoas meio idiotizadas.

Como condenar a tortura e, ao mesmo tempo, aceitar as diferenças culturais? Afinal, devemos ou não ter uma visão universal do ser humano

NORUEGA, O PAÍS QUE ABOLIU O PECADO. Psiquiatras tentarão "consertar" Anders Breivik, que matou 77 pessoas e acha que não fez nada errado. E a população pensa que combaterá o Mal com rosas vermelhas.

sábado, 30 de julho de 2011

CENSO DE 2010. SER MESTIÇO NÃO É ABERRAÇÃO.

Reproduzo este texto de Leão Alves porque é uma bela lição de História e de evolução das palavras. Além disso mostra com funciona o mecanismo que pretende trazer para o Brasil o modelo de racismo americano, dividindo o mundo entre pretos e brancos. O que faríamos nós, a maioria, em cujas veias circula sangue europeu, asiático, negro, índio de modo misturado? Seremos classificados brancos ou negros pela tonalidade da pele, independente de nossos antepassados? A quem interessa mudar as cores do Brasil?

Meus pais são brasileiros. Mas suas raízes são uma lição prática do que é ser verdadeiramente brasileiro. Temos sangue índio, sangue português (e, por meio do português, sangue mouro) , sangue judeu português, sangue judeu belga, sangue alemão e, na família da avó materna, ancestralidade negra. 

Isso é ser brasileiro. Há brancos sem mistura, provavelmente no Sul; há negros sem mistura; na Bahia; há índios puros. Todos brasileiros. Mas, nós, os mestiços, somos a maioria.
Essa é a verdade. Gostem ou não os ativistas brancos, skinheads, ou os ativistas negros e suas cotas. 

O Brasil é um país mestiço.  

Kabengele Munanga e a “aberração mestiça”

Leão Alves

O sociólogo Demétrio Magnoli publicou no jornal O Estado de São Paulo, de 14 de maio de 2009, artigo intitulado “Monstros tristonhos”, no qual  relata casos de impugnação de mestiços por “tribunais raciais” montados para julgar aqueles que deveriam ou não usufruir das vagas reservadas a estudantes pretos e pardos (incluídos arbitrariamente na “raça negra”). Revela também, através de citações de passagens da Introdução escrita pelo antropólogo Kabengele Munanga para o livro Mulato: Negro-não-Negro e/ou Branco-não-Branco, de Eneida de Almeida dos Reis (São Paulo/SP: Editora Altana, 2002. Coleção Identidades), uma das  ideologias que têm conduzido à discriminação contra mestiços. No artigo, Demétrio Magnoli critica o racialismo e conclui que as cotas raciais visam na verdade levar o mestiço a optar entre ser “branco” ou ser “negro”.

Em “Manifestação do professor Kabengele Munanga acerca da matéria ‘Monstros tristonhos’”, o antropólogo responde ao artigo do sociólogo. Kabengele Munanga é professor titular da Universidade de São Paulo. Dentre suas obras destaca-se Rediscutindo a Mestiçagem – Identidade Nacional versus Identidade Negra. Foi também organizador de Superando o Racismo na Escola, editado pelo Ministério da Educação do governo petista e utilizado na formação de professores. Sua obra é uma referência para, possivelmente, grande parte do ativismo negro no Brasil.

Segundo a autora de Mulato: Negro-não-Negro e/ou Branco-não-Branco, a obra visa “discutir a questão da identidade do mulato buscando elementos explicativos para compreender a sua complexa e contraditória relação com o meio social” (p. 26) e em nota de rodapé ela se explica, “Utilizo o termo mulato porque é o mais comumente usado para designar o negro mestiço, sabendo que o termo vem de mulo, significando animal mamífero, que resulta do cruzamento de jumento com égua ou de cavalo com jumenta” (os grifos nas citações são nossos). Na apresentação do livro é informado que ele resultaria de sua dissertação de mestrado em Psicologia Social, na PUC/SP (p. 14). Segundo o antropólogo Kabengele Munanga, em sua “Manifestação…”, “O livro se debruça sobre as peripécias e dificuldades vividas pelos indivíduos mestiços de brancos e negros, pejorativamente chamados mulatos, no processo de construção de sua identidade coletiva e individual, a partir de um estudo de caso clínico”. Chamados por quem? Ele não informa.

Não sei se devido a uma inevitável falha humana, mas tanto a autora quanto o antropólogo não informaram ao leitor que a origem do termo mulato é incerta, havendo duas hipóteses mais aceitas: a árabe e a latina. Segundo a primeira, derivaria da palavra árabe muwallad, ‘mestiço’, derivada de walada, gerar, parir, seja diretamente, seja através da palavra muladi, que fazia referência a cristãos convertidos ao Islã durante a dominação árabe na Península Ibérica. A palavra foi inicialmente aplicada a brancos descendentes de mouros e europeus. Após a chegada dos europeus à América passou também a significar mestiços de pretos e indígenas, de franceses e indígenas, e finalmente, de pretos e brancos. Segundo a hipótese latina, derivaria de mulus, no sentido de híbrido, aplicado inicialmente a qualquer ser. Há uma significativa literatura acadêmica tratando desse assunto, sem chegar a uma conclusão definitiva. A ausência de referência a este fato e a ausência de citação desta literatura em um livro supostamente dedicado à questão do Mulato merece atenção, pois algo assim pode ser esperado em obras de propaganda, mas não em trabalhos com finalidade acadêmica.

A propósito, sou mulato e nunca percebi ter sido chamado pejorativamente por este termo, exceto por alguns ativistas de movimentos negros que se iraram quando assumi minha identidade mestiça numa audiência do Senado em Brasília acerca do PL das Cotas Raciais, e em alguns outros eventos similares. Como dissemos, a tentativa de dar ao termo mulato uma conotação depreciativa visa atingir o objetivo político de constranger o mulato e fazê-lo identificar-se como negro.

Também é significativo o contraste com o silêncio sobre o fato do próprio termo negro em muitos países ser considerado ainda ofensivo. A história do Brasil registra que seu emprego foi proibido pelo Diretório dos Índios, de 1755, por estar associado à idéia de escravo,

“Entre os lastimosos princípios, e perniciosos abusos, de que tem resultado nos Índios o abatimento ponderado, é sem dúvida um deles a injusta, e escandalosa introdução de lhes chamarem Negros; querendo talvez com a infâmia, e vileza deste nome, persuadir-lhes, que a natureza os tinha destinado para escravos dos Brancos, como regularmente se imagina a respeito dos Pretos da Costa da África. E porque, além de ser prejudicialíssimo à civilidade dos mesmos Índios este abominável abuso, seria indecoroso às Reais Leis de Sua Majestade chamar Negros a uns homens, que o mesmo Senhor foi servido nobilitar, e declarar por isentos de toda, e qualquer infâmia, habilitando-os para todo o emprego honorífico: Não consentirão os Diretores daqui por diante, que pessoa alguma chame Negros aos Índios, nem que eles mesmos usem entre si deste nome como até agora praticavam; para que compreendendo eles, que lhes não compete a vileza do mesmo nome, possam conceber aquelas nobres idéias, que naturalmente infundem nos homens a estimação, e a honra.”

O termo negro, porém, vem perdendo esta carga depreciativa. Se o termo negro pode ser ressignificado, por que o termo mulato, se tivesse uma carga pejorativa, não poderia também merecer uma ressignificação?

Eneida de Almeida dos Reis também afirma que teve como fonte de dados “cerca de dez histórias (incluindo algumas de negros)” (p. 36). Kabengele Munanga pretendeu, porém, basear em apenas “cerca de dez histórias” sua tese sobre o que diz ser “o doloroso processo de construção da identidade individual do sujeito mestiço”? Parece-me que não. O antropólogo atribui à formação biológica dos mulatos a causa que faria de todos eles essencialmente fadados a problemas psicológicos, exceto se assumissem, não a sua identidade mestiça, mas a negritude. Em nenhum momento ele admite a existência, ou sequer a possibilidade de existência, de mulatos que vivam plenamente bem sua identidade mestiça.

Uma implicação desta idéia seria ter que admitir que os mulatos seriam seres incompletos, dependentes da identidade negra, individual e coletiva. Em resumo, defende que,

1.   os mestiços seriam seres naturalmente ambivalentes em termos biológicos,  pois em sua genética possuiriam cromossomos de ‘branco’ e de ‘negro’;

2.   socialmente, politicamente e ideologicamente, porém, os mestiços não poderiam “manter e sustentar” essa ambivalência biológica;

3.   os mestiços, devido à “prática social”, iriam se identificar como negros, por dois motivos: entre os brancos seriam rejeitados por não possuírem “pureza racial”, enquanto entre os negros, ainda que sejam discriminados “em diversas situações”, prefeririam se identificar com estes por “solidariedade política com a maior vítima da sociedade”.

Quando Kabengele Munanga emprega o termo mestiço ele está se referindo em sentido biológico. Para o antropólogo não há, ou não deve haver, uma identidade mestiça. Em “Uma abordagem conceitual das noções de raça, racismo, identidade e etnia”, escreve,

“Esta identidade política [a identidade negra] é uma identidade unificadora em busca de propostas transformadoras da realidade do negro no Brasil. Ela se opõe a uma outra identidade unificadora proposta pela ideologia dominante, ou seja, a identidade mestiça, que além de buscar a unidade nacional visa também a legitimação da chamada democracia racial brasileira e a conservação do status quo.”

E os mestiços que, em vez de optar por uma identidade branca ou por uma identidade negra, assumissem sua identidade mestiça? O antropólogo Kabenguele Munanga não responde na primeira pessoa, mas informa que “construir a identidade ‘mestiça’ ou ‘mulata’” é considerada por “mestiços conscientes e politicamente mobilizados como uma aberração política e ideológica, pois supõe uma atitude de indiferença e de neutralidade perante o processo de construção de uma sociedade democrática, na qual o exercício da plena cidadania, a busca da igualdade e o respeito das diferenças constituem tributos fundamentais.” Quem seriam estes “mestiços conscientes” que o antropólogo não nomeia? Quem seriam estes “mestiços” tão conscientes de sua identidade que eles mesmos defendem que esta não deva ser ‘construída’? Como é possível falar em ‘respeito das diferenças’ sem respeitar uma identidade mestiça independente? O “politicamente mobilizados” parece indicar a resposta.

O anti-racialismo, no entanto, também não está imune aos recursos do racismo. Que raças biológicas não existem é algo sedimentado. O racialismo em si, ou seja, a crença em raças biológicas, não é, porém, o que gera o racismo. No Brasil, a crença em raças não conseguiu impedir, nem durante a presidência de Lula, que a mistura entre indígenas, brancos e pretos continuasse a ocorrer (destacando que ‘branco’, ‘indígena’ e ‘negro/preto’ não são sinônimos de “raça branca”, “raça indígena” e “raça negra/preta”). A idéia do encontro e miscigenação entre indígenas, brancos e pretos deu ao povo brasileiro a base de seu sentimento de identidade nacional.

O racismo está ligado antes de tudo a sentimentos de hostilidade e tende a se manifestar na discriminação e no repúdio à mestiçagem, e pode inclusive fazer uso do anti-racialismo: basta mudar o discurso racista tradicional do “estou preservando minha pureza racial” pelo discurso racista dissimulado do “estou preservando minha pureza étnica”. O objetivo é o mesmo: evitar a miscigenação.

O ‘mulato’ não é um produto do racialismo, apenas indica pessoas descendentes de humanos brancos e pretos, uma referência a aparência e origem e não a raças biológicas. ‘Caboclo’, da mesma forma, é um termo desenvolvido por indígenas para se referir aos mestiços descendentes deles e de brancos. São termos muito antigos, anteriores às formulações acadêmicas que até hoje inspiram o racismo.

Para se combater o racismo, não cabe combater o emprego de palavras como indígena, branco, mestiço, caboclo, preto, mulato, negro, etc. O núcleo do racismo não está na idéia de raça, mas na radical defesa da “pureza racial”, que vai da exaltação da endogamia à execração do mestiço e da mestiçagem. Por isso, evitar o emprego de termos que expressem miscigenação, como mestiço, mulato e caboclo, serão úteis ao racismo e seus discursos.

Leão Alves é médico e secretário-geral do movimento Nação Mestiça.

25 DE JULHO DE 2011

TEXTO REPRODUZIDO DO BLOG NAÇÃO MESTIÇA:

CENSO DE 2010. O BRASIL É MORENO. O povo brasileiro tem mais juízo, como povo, que os ativistas que querem importar o modelo racista americano para o Brasi, dividindo-o em duas cores: preto e branco.

Lemos no editorial de hoje da Folha de São Paulo “Brasil moreno” que as pessoas que não se vêem como brancas preferem a classificação de “moreno”, ao invés de preto ou pardo como adotado pelo IBGE.

É um bom editorial, e alerta para os que querem trazer as tensões existentes nos Estados Unidos para cá. Talvez haja muita cisa a copiar dos americanos, mas, com certeza, não o racimo, nem branco e nem negro.

O Brasil é, mesmo, um país dos mestiços. O Brasil é moreno.

BRASIL MORENO

Editorial - Folha de São Paulo
editoriais@uol.com.br

Além de "pretos" e "pardos", categoria mais popular entre os brasileiros não brancos deveria encontrar abrigo na classificação oficial do IBGE.

Não é a pior notícia do mundo o fato de que o próprio IBGE enfrenta dificuldades quando a questão é a raça de seus entrevistados.

Branco, preto ou pardo? A classificação tradicional da mais importante instituição demográfica do país está em vigor desde 1872. De lá para cá, alguma coisa mudou, mas as categorias de então ainda dão forma às séries históricas de dados sobre como os brasileiros definem a cor de sua pele.

Com efeito, em recente pesquisa do IBGE em seis unidades da Federação (AM, PB, SP, RS, MT e DF), o termo "pardo" deu mostras de cair em desuso na preferência espontânea, sendo substituído pelo mais simpático "moreno".

Verificou-se que 21,7% dos entrevistados no estudo se disseram "morenos" ou "morenos-claros". Só 14%, em contraste, definiram-se como "pardos".

A proporção dos que se consideram "pretos" é ainda menor. Já "negros" se dizem 8% dos entrevistados, quando se oferece tal opção, ao passo que se reconhecem "pretos" -por séculos um sinônimo de "escravo"- só 1,4% dos consultados no estudo.

Nos recenseamentos oficiais, os entrevistadores do IBGE oferecem apenas cinco opções: branco, preto, pardo, amarelo e indígena.

Apesar dos ecos escravagistas, não se está -felizmente- na situação em vigor nos EUA, onde o termo "nigger" adquiriu a violência do mais pesado insulto.

Ao contrário, parece discreta, entre nós, a passagem do "preto" ao "negro". Discreta? Talvez exatamente o contrário. "Negro" é um termo pelo qual se exprime alguma autoconsciência racial, enquanto "preto" carrega a marca da designação em terceira pessoa.

Na linguagem cotidiana, assim, ainda é usual dizer: "Fulano é preto" -estando o "crioulo" em mais do que oportuna extinção. Por outro lado, "Eu sou negro" é uma forma de realçar não apenas a cor do entrevistado, mas seus direitos e seu orgulho racial.

"Orgulho racial", em todo caso, é uma expressão a ser abominada em qualquer situação, mesmo as que a justifiquem historicamente.

É bem-vinda, enfim, a notícia de que tantos brasileiros se considerem "morenos". O vocábulo, de fato, carrega-se de uma neutralidade afirmativa. Não desperta uma identificação belicosa e, ao mesmo tempo, afirma uma identidade mista, misturada, brasileira,

Somos todos morenos. A categoria, assim como "negros", deveria entrar para a classificação oficial do IBGE, ao lado de "pretos" e "pardos". Isso permitiria captar o deslocamento benfazejo da autoimagem dos brasileiros no sentido de uma realidade em que a cor da pele não importe a ninguém.

FOLHA DE SÃO PAULO
30/07/2011

VOCÊ ACHA QUE AYN RAND ESTÁ CERTA? Então comece a se mexer, ou só vai ficar reclamando?


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O PROGRAMA DE ACELERAÇÃO DA CORRUPÇÃO. Funciona como um relógio suíço. E os brasileiros ainda não sentem dor no bolso.


As coisas vão bem para o senhor, para a senhora? Os impostos mais altos do mundo não estão incomodando? A inflação que volta lentamente não assusta? O avanço das drogas, do crack e da violência não lhe dizem respeito? O sigilo nas licitações da Copa?

A falta de uma educação que preste é coisa normal? Os milhões de famintos, segundo o governo mesmo, vão receber dinheiro de quem? Será que ainda há dinheiro para tudo isso?

O senhor ou a senhora tem lido sobre como anda a corrupção no Brasil? Acha mesmo que é tudo invenção da mídia? Acredita de verdade que seja tudo culpa dos "gringos" e de "FHC"?

Assim é fácil né? O que aconteceu desde 2002? Onde estão as soluções milagrosas? Eleitos não foram eleitos por saberem fazer melhor, uma vez que sabiam como andavam as coisas?
Bem, a questão parece complicada, não é?

Leiam este editorial do Estadão de hoje (30) e entendam para onde está indo boa parte do seu dinheiro que é seu. Sim, estão metendo mão no seu dinheiro. final quem é que paga os impostos para o país andar? O senhor trata assim o orçamento da sua casa?

Se isso não lhe interessa, mereceria um carimbo na testa: trouxa!

O "PAC" que funciona - Programa de Aceleração da Corrupção

Editorial do Estadão:
30/07/2011

O sistema de vale-tudo nas relações entre a burocracia do Executivo, parlamentares e as empresas que conhecem o caminho das pedras para fazer negócios com a área federal engendrou no governo Lula um outro "PAC", mais bem-sucedido do que o original. Seria o Programa de Aceleração da Corrupção. Diga-se desde logo que conluios entre servidores venais, políticos de mãos sujas e negociantes desonestos não são uma exclusividade nacional e tampouco surgiram sob o lulismo.

Mas tudo indica que a roubalheira na escolha dos fornecedores de bens e prestadores de serviços ao Estado brasileiro e nos contratos que os privilegiaram alcançou amplitude nunca antes atingida na história deste país nos governos petistas, e não apenas em função do patamar de gastos públicos. Mais decisivo para o resultado estarrecedor a que se chegou foi o perverso exemplo de cima para baixo.

No regime do mensalão e das relações calorosas entre o presidente da República e a escória da política empoleirada em posições-chave no Parlamento, corruptores e corruptíveis em potencial se sentiram incentivados a assaltar o erário com a desenvoltura dos que nada têm a perder e tudo a ganhar. Nos últimos 30 dias, as histórias escabrosas trazidas à tona pelos escândalos revelados no Ministério dos Transportes tiveram o impacto de uma bomba de fragmentação que lançasse estilhaços em todas as direções da capital do País. Mas elas parecem apenas uma amostra do que vinha (e decerto ainda vem) se passando na máquina federal.

Ao passar o pente-fino em 142 mil licitações e contratos do governo assinados entre 2006 e 2010, referentes a obras e serviços no valor de R$ 104 bilhões, o Tribunal de Contas da União (TCU) topou com escabrosidades que caracterizam um padrão consolidado de delinquência, evidenciado em praticamente todos os aspectos de cada empreendimento (pág. A-4 do Estado de sexta-feira).

As licitações se transformaram no proverbial jogo de cartas marcadas. Não apenas o governo fechava negócios com firmas cujos sócios eram servidores públicos aninhados no próprio órgão que encomendava a empreitada, mas em um dos casos esses funcionários integravam a comissão de licitação que acabaria por dar preferência às suas respectivas empresas. 

Licitações eram dispensadas sem a apresentação de justa causa. Só uma empresa interessada ganhou 12 mil licitações; desistiu de todas para favorecer "concorrentes" que haviam apresentado lances mais altos. Duas ou mais empresas com os mesmos sócios participaram de 16 mil disputas. Cerca de 1.500 contratos foram assinados com empresas inidôneas ou condenadas por improbidade.

Aditivos da ordem de 125% sobre o valor original - o limite legal é de 25% - engordaram 9.400 contratos. As irregularidades, que somam mais de 100 mil, "estão disseminadas entre todos os gestores", concluiu o relatório de 70 páginas da mega-auditoria realizada pelo tribunal de abril a setembro do ano passado.

Lamentavelmente, o tribunal manteve em sigilo - salvo para as Mesas da Câmara e do Senado, e o Ministério Público Eleitoral - a relação de parlamentares sócios de empresas contratadas pelo governo. A participação dos políticos nesses negócios ajuda a fomentar a corrupção, em razão dos seus íntimos entrelaçamentos com os centros de decisão no aparato administrativo.

Além disso, a Constituição proíbe explicitamente que empresas que tenham parlamentares entre os seus sócios sejam contratadas pelo governo. Para contornar essa barreira, os políticos costumam deixar a gestão direta de suas firmas. Em pelo menos um caso, porém, o mandatário não se pejou de assinar ele próprio o contrato com uma repartição pública.

Quanto aos políticos citados no relatório, só dois nomes são conhecidos, graças ao trabalho de reportagem do Estado. São o senador e ex-ministro das Comunicações (afastado por suspeita de ilícitos) Eunício Oliveira e o notório deputado Paulo Maluf. Uma empresa do primeiro venceu uma licitação fraudada de R$ 300 milhões na Petrobrás. Uma empresa do segundo alugou um imóvel para o governo por R$ 1,3 milhão ao ano. Com "dispensa de licitação".

Vamos aguardar a divulgação da lista em poder dos membros das mesas do Senado e da Câmara dos Deputados.

Estadão
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110730/not_imp751857,0.php

sexta-feira, 29 de julho de 2011

VAMOS LÁ, PRESIDENTE, AINDA HÁ MUITO A FAZER!

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APRENDA COM LULA COMO NÃO FAZER OPOSIÇÃO. É um modelo danoso ao País.

Este texto de Reinaldo Azevedo sobre como Lula pensa que deve agir a oposição é muito importante para esclarecer que há, sim, diferenças de postura.

Há oposicionistas que ajudam, com a crítica e a fiscalização, a construir um país melhor.

E há oposicionistas que torcem para que tudo dê errado em um país, sistemáticamente, para que ela possa assumir o governo.

É o fim da picada, é uma verdadeira vergonha, mas foi disso que Lula tratou, entre outras coisas, na Escola Superior de Guerra - ESG.

Leiam o texto com a atenção que merece e entendam o que é fazer Política e o que é mera politicagem destrutiva e raivosa, negativa e danosa ao país. 


A retórica asquerosa e fascistóide de um certo Luiz Inácio. Ou: Apedeuta confessa que, até 2002, sempre torceu para o Brasil se ferrar

REINALDO AZEVEDO

Não adianta! Ele não tem cura. O Apedeuta não compreende a democracia. Leiam o que informa o Estadão Online. Volto em seguida.

Por Luciana Nunes Leal, do Estadão:
No segundo dia de compromissos no Rio de Janeiro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou que pretenda disputar a Presidência da República em 2014 e disse que a presidente Dilma Rousseff só não tentará a reeleição se não quiser. Lula respondeu ao ex-governador de São Paulo, José Serra, do PSDB, que disse acreditar em uma candidatura do ex-presidente em 2014.

“Só há uma hipótese de Dilma não ser candidata: ela não querer. O Serra está preocupado é com a candidatura dele próprio e não consegue nem resolver os problemas internos do PSDB”, disse Lula, em rápida entrevista, depois de participar de um seminário na Escola Superior de Guerra (ESG).

Lula estava acompanhado, entre outras autoridades, do ministro da Defesa, Nelson Jobim, que, na semana passada, disse ter votado em Serra, de quem é amigo, e não em Dilma, na eleição de 2010. Lula defendeu Jobim. “Tem gente que não gosta de mim e votou em mim; tem gente que gosta de mim e não votou. Não se pode fazer política pensando nisso”, afirmou Lula.

Durante a palestra, Lula disse que a oposição torce contra o governo. “Quando você ouvir o cara de oposição falar ‘estou torcendo para dar certo’, não acredita, não. É o inverso. Eles estão torcendo para a inflação voltar, para o desemprego aumentar”, disse o ex-presidente à platéia formada por militares alunos da ESG.

Voltei

Ao se referir a seus oponentes, Lula parece Arnaldo Jabor a dizer “coisas inteligentes” sobre o Partido Republicano nos EUA. Não é que os adversários tenham um ponto de vista diferente: na verdade, seriam todos sabotadores.

Vejam ali: Lula está fazendo uma confissão. Enquanto permaneceu na oposição, torceu sistematicamente para o país dar errado. Afinal, segundo ele, é o que fazem sempre os oposicionistas. Toma-se como medida de todas as coisas. Lula diz a verdade sobre si mesmo, mas mente sobre os outros.

Diz a verdade sobre si mesmo e sobre seu partido porque:

- negaram-se a homologar a Constituição de 1988;
- negaram-se a apoiar o governo Itamar;
- tentaram derrubar a Lei de Responsabilidade Fiscal;
- tentaram impedir as privatizações;
- lutaram contra a abertura da economia ao capital estrangeiro;
- votaram, acreditem!, contra o Fundef, que destinava mais recursos para a educação;
- opuseram-se aos programas sociais, reunidos depois no Bolsa Família, porque diziam  tratar-se de esmola. Lula dizia que quem recebia bolsa não plantava macaxeira…
- tentaram derrubar o Proer, que saneou o sistema financeiro;
- bombardearam o programa de reestruturação dos bancos estaduais.

Não houve, em suma, uma única boa ação do governo FHC que Lula e seu partido não tenham tentado sabotar. Por quê? Porque, ele confessa agora, torcia para que tudo desse errado.

E ele mente sobre a oposição. Esta, ao contrário do que ele diz, foi cordata demais com ele. A única questão relevante para o governo a que se opôs firmemente foi a prorrogação da CPMF. Ainda assim, o imposto caiu com a colaboração de senadores da base governista.

Candidatura

Quando à Presidência, ao negar que é candidato, confirma a candidatura. Diz que Dilma só não será o nome do PT se não quiser. Ele, como se nota, está fazendo de tudo para que ela não queira ao  ocupar a ribalta, ao se apresentar como o único interlocutor aceitável do petismo. Falta uma indagação essencial aí: “Se ela não quiser, o candidato será quem?” A resposta está dada”.

A suposição de que adversários são sabotadores é típica de mentalidades fascistas. E Lula é o fascismo possível no Brasil.

PS - Esse lixo intelectual e moral foi dito na Escola Superior de Guerra, que já sonhou reunir o pensamento estratégico no Brasil.
Por Reinaldo Azevedo