Pesquisar este blog

domingo, 31 de julho de 2011

CEGA E DESFIGURADA COM ÁCIDO, AMENEH BAHRAMI PERDOA SEU AGRESSOR. Até recentemente ela havia pedido, e conseguido, que o Tribunal do Irã o condenasse a ficar cego com aplicação de gotas de ácido nos olhos. Estaria anestesiado, é claro.

O caso de Ameneh Bahrami, de qualquer modo, é uma vitória da civilização. Por outro lado, o Irã, onde tais sentenças baseadas na Lei de Talião ainda são bastante freqüentes, poderá dizer que ouviu a comunidade internacional, suspendendo a execução, uma vez que foi o desejo da vítima na última hora.

Se Ameneh, que parecia achar justo tirar também a visão do agressor mudou mesmo de idéia, não sei. Pode ser que ela tenha se arrependido, sinceramente, de ter pedido uma sentença como aquela. Não saberemos.

Mas o final da história com o perdão da vítima, a não execução de uma sentença brutal (independente de que o crime tenha sido brutal) e a atenção das autoridades iranianas para com o novo desejo da moça serve muito bem como propaganda do regime iraniano e de como uma pessoa pode buscar o perdão lendo o Corão.

Mas não nos esqueçamos de que foi baseada nos mesmos princípios religiosos que Ameneh pediu para ele fosse cegado. Lá também há sentenças de apedrejamento de mulheres até a morte e, em algumas área não é incomum um pai ou umamãe matarem uma filha por haver olhado ou se engraçado com algum rapaz, o que é uma desonra para a família. Sendo assim, moralmente é aceitável matar a própria filha.

FOTO LLUIS GENE/AFP
http://marianofilho-advogado.blogspot.com/2011_05_01_archive.html
Majid Movahedi havia sido condenado, em 2008, a perder a visão com a aplicação de ácido por haver desfigurado e cegado Bahrami, em 2004.

A pedido da vítima, o rapaz foi sentenciado de acordo com a Lei de Talião, ou lei da retaliação, prevista pela lei islâmica e em vigor no Irã. 

 A pena deveria ter sido aplicada em 14 de maio, mas as autoridades decidiram adiá-la para este domingo, sem dar explicações. Na verdade houve uma grande pressão internacional sobre o governo iraniano, assim como tem havido em outros casos. 

Bahrami, hoje com 30 anos, afirmara que as autoridades iranianas fizeram pressão para que ela renunciasse ao direito de reclamar a aplicação da pena.  A sua aplicação havia sido denunciada pela Anistia Internacional e várias outras associações de defesa dos direitos humanos. As entidades alegavam que a pena era "um castigo cruel e desumano, equivalente a um ato de tortura".

Claro que a legislação iraniana não reflete essa preocupação com os direitos humanos, uma vez que os princípios básicos relativos aos Direitos Humanos são fundados nas bases da visão cristã, o que significa valorizar e valorar o indivíduo como a célula primeira da Humanidade. Assim, do ponto de vista cristão, é inaceitável aplicar a Lei de Talião.

Bahrami vive em Barcelona e recebe uma pensão vitalícia por invalidez dada pelo governo espanhol. Na Espanha ela passou por 17 cirurgias para a reconstituição de seu rosto. - Eu sofri bastante nos últimos anos, só agora, depois de muito tempo, me sinto realmente feliz - disse em uma entrevista publicada em maio pelo jornal Haft-e Sobh.

Ela explicou ainda que queria que a pena da retaliação fosse aplicada "não para que o agressor passasse pelos mesmos sofrimentos que ela, mas sim porque isso poderia dissuadir aqueles que poderiam pensar em cometer crime semelhante".

Movahedi jogou ácido no rosto de Bahrami porque a estudante rejeitou seus pedidos de casamento. A vítima ficou completamente desfigurada e perdeu a visão apesar das cirurgias que fez na Espanha.

A lei da retaliação é normalmente aplicada no Irã em casos de assassinato. A família da vítima deve pedir expressamente sua aplicação, que ainda depende de uma autorização do juiz. A condenação de Movahedi à cegueira foi determinada pelo Supremo Tribunal em 2009, a pedido dela.

Bahrami perdoou seu agressor, mas ainda exige 150 mil euros: “Não vou perdoar a compensação da qual preciso para tratamentos médicos”, disse. Mohavedi cumpriu sete anos de prisão e não pode ser libertado, a não ser que a compensação seja paga. O advogado do agressor já disse que a família terá dificuldades em encontrar a quantia que é pedida, pois o único bem que possui é uma casa na capital. A Lei de Talião, ou qisas, faz parte da Sharia (lei islâmica) e aplica-se a outros crimes, como o homicídio, o mais comum. A família da vítima pode exigir a morte do assassino ou trocar a sentença pelo pagamento de uma compensação monetária.

Informações extraídas da imprensa: 
http://www.publico.pt/Mundo/iraniana-cega-por-acido-perdoa-agressor-antes-da-aplicacao-da-pena_1505518
http://www.elpais.com/articulo/internacional/irani/quedo/ciega/ser/atacada/acido/


ESTE FOI O TEXTO PUBLICADO EM 15 DE MAIO

"OS OLHOS DELE PELOS MEUS OLHOS". Esse foi o pedido de uma moça iraniana aos juízes. Ela ficou cega depois que um pretendente jogou ácido em seu rosto. Os juízes concordaram, e será a aplicada Lei de Talião: "olho por olho, dente por dente".

Era um final de tarde em um dia do ano de 2004, em uma cidade do Irã. Ahmeneh Bahrami caminhava sozinha para casa, pensando na vida,  após sair da fábrica da área de bioquímica em que trabalhava.

AHMENEH ANTES DO CRIME
Observava as pessoas na rua, as falhas da calçada, alguns veículos passando, uma flor em um canteiro, uma pedra fora de lugar, um pássaro cantando sobre um fio elétrico. Alguns instantes depois e ela nunca mais poderia ver coisas simples assim, para as quais mal olhamos quando vamos ao trabalho, ou ao final do expediente.

Há sete anos Ahmenh mora no reino da escuridão. Não vê mais nada. A última imagem que tem na memória é, exatamente, o que ela jamais gostaria de ter que olhar outra vez. Mas é a imagem que a persegue e a atormenta, desde então.

A última coisa que ela pode ver, enquanto enxergava foi o rosto impassível e os olhos frios de Majid Movahedi quando ele lhe atirou um líquido vermelho que estava em um frasco. Quando ele a deixou cega para sempre, com um pouco de ácido sulfúrico. Ela negou-se a casar com ele, que a incomodava sempre com a mesma proposta, até que naquele dia Majid resolveu acabar coma história.

Diante de mais uma negativa da moça, ele atirou ácido sulfúrico sobre o rosto de Ahmeneh, desfigurando-a e deixando-a cega, definitivamente. Assim Ahmeneh conseguiu livrar-se de Majid, permanecendo, no entanto, ligada para sempre à sua imagem, que a assombra todos os dias.
APÓS VÁRIAS CIRURGIAS
À imprensa ele contou, uma vez, que tem muitos pesadelos, dorme mal, acorda à noite assustada. E nos seus pesadelos Majid, além de jogar o ácido sobre o seu rosto (aquela dor horrível!) ainda aparece como um demônio que a ameaça: "Vou matá-la. Vou fazer kbabe com a sua carne". Ela não consegue mais dormir.

MAJID, O QUE FICARÁ CEGO

Ontem (sábado) parte do pesadelo de Ahmeneh poderia ter encontrado um fim (ao menos ao modo como ela pensa). Apenas uma parte, é claro, pois ela teria a oportunidade de estar no local onde as autoridades judiciais do Irã determinaram que fosse cumprida a sentença contra Majid.   

O criminoso será cegado com cinco gotas de ácido sulfúrico aplicadas em cada vista. Na ocasião do julgamento de Majid, em 2008, as autoridades do Tribunal Criminal de Teerã atenderam ao pedido de Ahmeneh para que fosse aplicada a Sharia, a Lei Islâmica, de forma que pudesse ser utilizada a Lei de Talião, isto é a punição de um delito de justa vingança (qsas).

Assim, segundo Ameneh, Majid sentiria o que ela sentiu. Quando foi questionada pelos juízes sobre se ela mesmo queria aplicar a pena, negou-se, dizendo ser horrível demais. Ela quer apenas que Majid sinta o que ela sentiu, e que não faça isso mais com qualquer outra moça. Ela acha que Majid ainda teve muita sorte, pois os juízes mandaram aplicar anestésico antes que o ácido fosse aplicado em seus olhos.

Mas Ahmeneh, que viajou da Espanha, onde mora, para o Irã, não pode acompanhar a execução da sentença. Devido à repercussão internacional do fato e da própria sentença, o governo iraniano tem sido muito pressionado por organizações que defendem os direitos humanos e até governos. Todos pedem que a aplicação da sentença seja suspensa e a pena não seja de castigo físico, não seja pela execução do princípio milenar do "olho por olho, dente por dente".

As autoridades do tribunal acreditam que uma punição assim serviria de exmplo para que outros crimes desse tipo não acontecessem mais, pois são muitos comuns naquela região. Mas os ativistas de direitos humanos pressionaram, pedindo a revisão da pena. Então, o tribunal suspendeu a aplicação da sentença, temporariamente.

Ainda não foi desta vez que Majid deixará de ver pedras, flores, pássaros e, até, a desfigurada Ameneh, que talvez fosse a sua última visão.

NELSON RODRIGUES

A história de Ahmenh e Majid é universal, isto é, pode ocorrer em qualquer lugar. Não é uma história de paixão e crime que aconteça apenas em países islâmicos como muitos tendem a acreditar. Nelson Rodrigues poderia ter feito peças baseadas nesses dramas.
É tipicamente rodriguiano o desfecho: "Se não ficares comigo, ninguém mais a terá".

Não, não é um crime ligado a um povo ou a uma religião, mas provém da natureza meio louca do ser humano. Aí sim, dito isto, podemos afirmar que em alguns países, em que os homens têm um valor maior do que as mulheres, em que há opressão contra as mulheres, em que há aplicação de leis religiosas para pubir os crimes, aí sim os loucos ou mais espertos se aproveitam disso para impor sua vontade. 

Crimes de  honra, vingança e paixão ainda são comuns no interior do Brasil. Temos notícias de histórias horríveis por aqui mesmo, não precisamos ir ao Irã. Outro dia mesmo o tal Ananias matou duas irmãs porque dizia amar uma delas, uma adolescente de 15 anos que não quis o seu amor. "Eu a amava demais", disse o sujeito que a matou com um tiro no rosto.
Puro Nelson Rodrigues.

Mas há uma diferença entre as duas situações. Nos países de fundamentação cristã os indivíduos, mesmo os criminosos, devem ter sua integridade física e psicológica mantidas. Por isso não aceitamos tortura, pena de morte (embora a pena de morte seja aplicada em alguns países) e a Lei de Talião.

O cristianismo mudou a face do mundo ao preservar a individualidade. E é isso que nos orienta. Revolta uma história como a de Ameneh? Sim, bastante. Os multiculturalistas e relativistas poderão dizer, isso é lá com os costumes deles. Pois é. Lá, que seja assim. Eles que se entendam. Mas acontece que quando islâmicos mudam-se de país querem levar seus costumes, e até a Sharia, e isso pode ser um grande problema.

Como seria julgado Majid no Brasil? Pela Sharia ou pela Constituição e o Código Penal. Por estes dois, óbvio. Mas o estrago na Europa já é grande e os britânicos, por exemplos, aceitam a sharia, quando se trata de julgar  islâmicos. Um absurdo! Então um estuprador britânico tem uma pena de um tipo, mas se for um islâmico terá outra pena?

Percebem como o multculturalismo, à guisa de democrático, é absolutamente perverso e antidemocrático? Em um país todos devem estar submetidos à mesma lei. E leis que preservam a integridade física e psicológica das pessoas, mesmo os criminosos, são melhores. Caso contrário, como condenar a tortura aplicada nas ditaduras? A mentalidade politicamnte correta vai deixando as pessoas meio idiotizadas.

Como condenar a tortura e, ao mesmo tempo, aceitar as diferenças culturais? Afinal, devemos ou não ter uma visão universal do ser humano

Um comentário:

  1. Olá meu nome e Mirlete de belém do pará, lie essa historia dessa jovem linda, tinha tudo pela frente esse mostro na minha opinião tinha que ser morto, mais quem samos nós para juga né mais Deus não dormi, to ate agora arrasada

    ResponderExcluir