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quarta-feira, 20 de julho de 2011

MARK ANTHONY STROMAN JÁ NÃO ESTÁ MAIS ENTRE NÓS. O prisioneiro 999.409 foi morto às 20h53, com uma injeção letal.

Um detento do Estado do Texas que estava no “corredor da morte” foi executado por ter matado funcionário de loja de conveniência, na região de Dallas, justificando a morte como parte de um tiroteio que ele disse ter sido em retaliação aos ataques terroristas de  11 de setembro de 2001..

Mark Anthony  Stroman foi declarado morto pelas autoridades texanas às 08h53 (hora texana) de quarta-feira.

A injeção letal foi brevemente atrasada pelo Tribunal de Apelações Criminais do Texas pois havia um apelo final a ser julgado. Os Supremo Tribunal dos Estados Unidos já havia rejeitado apelos anteriores aos de quarta-feira.

Stroman, de 41 anos de idade, afirmou que os tiros que mataram dois homens e feriram um terceiro foram para matar pessoas de ascendência do Oriente Médio, embora as três vítimas fossem, na verdade, do sul a Ásia. Foi a morte de Vasudev Patel, de 49 anos,  que coloca Stroman no corredor da morte.

O único sobrevivente, Rais Bhuiyan, que perdeu uma vista, sem sucesso tentou fazer com que a pena de morte fosse convertida em pena de prisão perpétua, alegando para isso que suas crenças muçulmanas o levaram a perdoar o criminoso.


And I knew
At first glance
That I didn't stand
Any kind of chance.


(MARK STROMAN)

(Eu soube,
ao primeiro relance,
que eu não tinha
mais qualquer chance.)


Essa é a parte de um poema extraído do blog mantido por Mark Anthony Stroman, prisioneiro 999409 do Corredor da Morte da Prisão Huntsville no Texas.

Mark foi condenado à morte, por um júri, em 2002, por haver matado dois imigrantes islâmicos e ferido gravemente um terceiro, frentista de um posto de gasolina.

Segundo Stroman, ele perdeu a razão após o ataque à torres gêmeas do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001, uma tragédia que abalou o mundo. Para ele foi uma data triste, pois além de ser americano, perdeu sua irmã mais velha que trabalhava em um dos edifícios derrubados.  


MARK A. STROMAN
foto AP

Até aqui, uma história de alguém que fica louco de ódio e parte para a vingança, mesmo que a ação toda pareça a coisa mais maluca do mundo.

O que, afinal, simples e humildes imigrantes, que estavam tentando a vida nos Estados Unidos, o sonho de milhões de outras pessoas, provavelmente o sonho dos próprios antepasssados de Stroman,  tinham a ver com a loucura do terrorismo islâmico?

Nada, absolutamente nada. Mas para Stroman, tudo. Para ele bastou que fossem imigrantes islâmicos, como ele disse algumas vezes: "eram árabes. Para mim eram árabes".

Árabes, islâmicos, na cabeça de Stroman, um sujeito da periferia de Dallas, de poucos estudos, um padeiro fortão, arruaceiro, bastava que fosse "daqueles lados". Eram culpados, mereciam morrer.

E foi o que fez. Começou a circular em busca de "árabes, islâmicos" para caçar e matar, a tiros. Pecisava vingar a morte de sua irmã. Precisava vingar a sua Pátria. Tudo isso foi o que imaginou, ou escreveu no seu blog ou disse nas audiências.

Contudo, pode ser um sujeito esperto e que quisesse apenas impressionar a todos com o seu suposto patriotismo, não passando mesmo de um bandido comum, atrás de alguma grana, pois tinha ficha com várias passagens por roubos e assaltos. 

Claro que naqueles anos após 2001 não deve ter sido fácil a um imigrante islâmico viver nos Estados Unidos. Qualquer um poderia ser suspeito de ligações com terroristas. O sistema aumentou a vigilância, e a imprensa registrou diversos casos de perseguições, brigas, danos e até mortes de imigrantes tomados como se fosse terroristas infiltrados em território americano.

Esse era o espírito da época. Mas isso não faz de um imigrante um terrorista. Embora o terror possa muito bem usar tais disfarces. E usou mesmo, pois alguns dos sequestradores dos aviões lançados contra as torres haviam estudado pilotagem de aviões nos EUA!

Mas isso não desculpa Mark Anthony Stroman. E ele sabe disso muito bem, tanto que escreveu:  "Eu não posso te dizer que eu sou um homem inocente. Eu não estou pedindo que você sinta pena de mim e não vou esconder a verdade. Eu sou um ser humano e cometi um erro terrível por amor, tristeza e raiva, e acreditem, eu estou pagando por isso cada minuto do dia e isso me assombra em meu sono também".   

Stroman tem quatro filhos, três garotos e uma garota, que acaba de completar 18 anos de idade, filha dele com Shawna Schroder.

Mas o caso de Mark Stroman não seria diferente do de muitos outros prisioneiros que esperam a morte, anos a fio, nos corredores da morte dos mais de 30 estados americanos que adotam a pena capital se não houvesse surgido, no meio do caminho, algo novo.


RAIS BHUIYAN

Uma de suas vítimas, um sujeito de Bangladesh, era um jovem frentista de posto de gasolina, e que tomou um tiro de espingarda de cano cerrado, calibre 12, no rosto e ficou cego de um olho, o esquerdo, Rais Bhuiyan, resolveu agir para impedir a morte de Stroman.

Ele lidera um movimento de repercussão internacional  que tenta reverter a pena de Stroman para prisão perpétua, apelando ao governador do Texas.

Mas o governador do Texas mantém silêncio até este momento. Rais está até processando o governador Rick Perry por entender que ele deveria ouvir o pedido de clemência de uma das vítimas.


English

A Texas inmate has been executed for killing a Dallas-area convenience store clerk as part of a shooting spree that he said was in retaliation for the Sept. 11 terrorist attacks.

Mark Stroman was pronounced dead at 8:53 p.m. Wednesday.

The lethal injection was briefly delayed as the Texas Court of Criminal Appeals considered a final appeal. The U.S. Supreme Court rejected appeals earlier Wednesday.

The 41-year-old Stroman claimed the shooting spree that killed two men and injured a third targeted people of Middle Eastern descent, though all three victims were from South Asia. It was the death of 49-year-old Vasudev Patel that put Stroman on death row.

The lone survivor, Rais Bhuiyan, unsuccessfully sued to stop the execution, saying his Muslim beliefs told him to forgive.

 


Comento:

Apesar de respeitar as crenças e as intenções do senhor Rais Bhuiyan, visto que parece que conseguiu levar sua vida adiante após haver perdido uma vista no episódio que poderia ter resultado em sua morte, não acredito muito nos milhares que começaram a gritar, por sites de todo o mundo contra a pena de morte decidida por um júri texano.

Analisando muitas páginas, blogs, sites, me pareceu que ativistas islâmicos quiseram embarcar na luta do senhor Bhuiyan para tirar proveito propagandístico, mostrando a magnanimidade do islamismo, ou dos crentes isâmicos.

Não duvido da fé de muitos, mas não nos esqueçamos de que foram islâmicos que mataram quase três mil pessoas no WTC em Nova York. Se uns concordam ou não com o que fizeram outros islâmicos, pouco me importa. No momento, creio que o senhor Bhuiyan, que conseguiu vencer na vida (há 11 anos era um frentista, hoje, após estudar é um engenheiro aeronáutico) está sendo usado por forças que ele mesmo não compreende.

Ele está de boa fé. Viveu, estudou, venceu. É um bom crente que é capaz de perdoar. Belo gesto.

Mas me parece que muitos ativistas, de várias partes partes do mundo, que nunca abriram o bico para defender condenados à morte, ou tentar mudar suas penas para prisão perpétua,  agora fazem barulho porque os mortos eram islâmicos. Isso funciona muito bem como propaganda.

E percebi isso em centenas de comentários de blogs americanos. Ninguém está contra a religião, mas muitos pensam que o episódio funcionou bem como propaganda, uma vez que Bhuiyan era vítima, mas não era um dos mortos, e Mark Stroman foi condenado à morte por haver matado dois homens. Bhuiyan está vivo. Nunca conseguiria reverter a pena. No fundo, foi muito barulho para nada.

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