A data das eleições funciona, no Brasil, como um portal. Uma passagem entre dois mundos: o de antes e o de depois. O que eu prometo, o que eu realmente posso fazer. O que eu sabia ser possível e o que eu esqueci que sabia ser impossível. Pode ser vista também como um espelho, em muitos casos, onde as imagens aparecem com lados invertidos. Esquerda é direita. Direita é esquerda.
Orientados por marqueteiros os candidatos pintam um futuro "m a r a v i l h o s o", em busca dos votos. Depois, bem, depois é depois, ora. É outra coisa. O eleitor que caia na real.
O curioso é que a Teoria do Espelho interfere com o espaço, mas também com o tempo. Antes sou um e digo uma coisa. Depois sou eu mesmo, mas sou outro, e posso dizer outra coisa. E, no mundo do espelho (como se fosse um Reino de Alice), tudo flui tranquilo, pois a imprensa também funciona de modo estranho, meio ao contrário, como se jornalista fosse propagandista e perguntar fosse deixar, sempre, o entrevistado à vontade para fantasiar. E nunca fosse necessário cruzar dados, fazer levantamentos.
É como se alguém resolvesse contar que melhorou o ambiente poluído de uma indústria pintando a face externa do muro de verde, ou o chão de cor-de rosa, ou cobrisse tudo com uma grande lona azul para parecer um céu estrelado (ou de meio dia, conforme a conveniência do cliente).
Assim estamos nesse mundo enlouquecido, em que a precisão da imprensa já é desnecessária, pois a realidade objetiva já não existe, e tudo é apenas uma "construção". Vamos construir um tsunami para amanhã? E um desastre bem grandão para a região serrana do Rio? E lá vão os repórteres imaginar...
E tomara que não encontrem senadores enfezados por aí. Poderia ser perigoso.
E assim caminha o Brasil, na transição de 2010 para 2011.
Não estivéssemos nós mesmos por aqui, poderiam parecer dois brasis.
Todo mundo com casa própria, estradas federais maravilhosas, petróleo que jorrará tão alto que sujará a Lua, etanol muito melhor que a cachaça 51, inflação zero, importados aos montes, gasolina sobrando, os menores juros do mundo, a Copa, a Olimpíada, o trem bala, a paz no Rio de Janeiro, o crack (a droga) controlado, os craques ficando no Brasil, os estádios fantásticos, os aeroportos de primeiro mundo, sem tráfico de armas e sem cocaína da Colômbia e maconha do Paraguai.
Estamos em fins de abril de 2011. Não precisamos ir muito longe: agosto de 2010. Nove meses. O tempo de uma gestação. Nestes meses os médicos anunciaram um lindo bebê. Está nascendo um monstro, e que vem com um baita espelho na mão, disposto a estragar a festa. E o espelho mostra tudo ao contrário.
Nada é tão bonito como parecia. Nada é tão fácil. Nada é tão suave. Muita coisa já parece impossível. Já não há aquele dinheiro todo. O Tribunal de Contas já atrapalha. A dívida pública é imensa. A Imprensa às vezes atrapalha, resolve agir como imprensa. A oposição nunca atrapalha (nunca consegue se entender nesse mundo do espelho)
E começamos e chegar perto da Copa, depois da Olimpíada.
Aí a presidente convoca uma reunião ministerial e resolve fazer o que sempre foi condenado: "privatizar" os aeroportos. Mais uma vez o governo assume uma receita da oposição que, por ser muito covarde, nunca expressa corretamente a receita.
Não há saída. Ou empresas privadas reformam os aeroportos e depois os exploram para compensar os investimentos, ou não haverá entrada, de turistas. Tchau Copa.
O Brasileiro é muito otimista. Mesmo com os aeroportos absolutamente estrangulados e com péssimos serviços (farei post sobre isso) estamos sempre cheios de esperança. Na imaginação, estamos sempre por cima.
Assim, fiquem com o hino da Copa de 1958: "A Taça do Mundo é Nossa", ele vem bem a calhar, é muito atual.
A música começa aos 30 segundos.
A música começa aos 30 segundos.
A Taça do Mundo é Nossa
Composição : Maugeri, Müller, Sobrinho e Dagô
A taça do mundo é nossa
Com brasileiro não há quem possa
Êh eta esquadrão de ouro
É bom no samba, é bom no couro
A taça do mundo é nossa
Com brasileiro não há quem possa
Êh eta esquadrão de ouro
É bom no samba, é bom no couro
O brasileiro lá no estrangeiro
Mostrou o futebol como é que é
Ganhou a taça do mundo
Sambando com a bola no pé
Goool!
A taça do mundo é nossa
Com brasileiro não há quem possa
Êh eta esquadrão de ouro
É bom no samba, é bom no couro
A taça do mundo é nossa
Com brasileiro não há quem possa
Êh eta esquadrão de ouro
É bom no samba, é bom no couro
O brasileiro lá no estrangeiro
Mostrou o futebol como é que é
Ganhou a taça do mundo
Sambando com a bola no pé
Goool!
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