Uma menina, que hoje tem dez dias de vida, e está internada em uma UTI devido a um forte processo infeccioso, deve sua vida ao lixo. Uma mulher, Rosineide Lins, que foi presa hoje em Praia Grande, por supostamente ser a mãe da criança e a ter abandonada em um saco numa caçamba de lixo disse que sofre de depressão pós-parto.
A menina, encontrada na caçamba, teve a sorte de ter sido encontrada por alguém que costuma revirar as caçambas, para sobreviver, um mendigo catador de lixo e morador de rua. Ela foi encontrada na noite de segunda-feira, 18.
Veja na imagem o momento em que a mulher colocou a menina na caçamba de lixo. Vinte minutos depois foi descoberta e salva por um catador de lixo. (Prefeitura de Praia Grande) |
Quando revirava a caçamba, perto das 22h30 de segunda feira, no Boqueirão, bairro residencial e turístico de Praia Grande, o bom homem escutou o que parecia ser choro de criança, bem fraco. Levou um tremendo susto, pois o som parecia vir de dentro da caçamba. Ao perceber que se tratava mesmo de uma criança, correu até uma escola próxima e chamou algumas pessoas.
A professora Manira Lúcia Garcia ajudou a reanimar a menina. Ela conta que fez respiração boca a boca e que a criança mexeu os lábios. "Mas a criança não chorou", relembra.
A mulher presa hoje pela policia tem 39 anos e foi localizada no bairro Canto do Forte, após uma denúncia anônima. Será indiciada por abandono de incapaz.
Praia Grande é um município que tem um sofisticado sistema de vigilância pública por câmaras, e foi isso que permitiu aos policiais saberem exatamente como foi o abandono da criança. Uma mulher chegou próximo à caçamba e, às 21h50, colocou algo no lixo. Era a pobre menina.
A menina, chamada de Vitória pela enfermeiras, continua internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Municipal Irmã Dulce. O chefe da UTI, o médico Antonio Rua, disse que o estado dela é grave, 'mas não é gravíssimo'. "Vitória" tem idade estimada entre sete e dez dias de vida e pesando 2,5 quilos. Se a família não for localizada ou se não quiser ficar com a menina, entrará no Cadastro Nacional de Adoção.
De acordo com o promotor de Justiça da Infância e Juventude de Praia Grande, Carlos Cabral Cabreira, a família estendida da criança, se tiver o interesse de ficar com a menina, deve procurar a promotoria o mais rápido possível, caso contrário, o bebê será encaminhado para adoção.
“Se houver familiares, eles podem ficar tranquilos. Só a pessoa que abandona um incapaz é que pode ser responsabilizada criminalmente. Por isso, a lei privilegia a família", explica. O que a lei não determina, porém, é o prazo que se deve aguardar uma manifestação de parentes.
A Polícia investiga o caso, mas, segundo o conselheiro tutelar Carlos Eduardo Barbosa, não há qualquer pista sobre quem abandonou a criança. "Por enquanto, não tem qualquer condição de saber quem é a mãe. E nós nem podemos focar nisso. Precisamos dar o encaminhamento adequado à menina", justifica.
A prisão
A Polícia de Praia Grande prendeu, por volta das 16h deste sábado (23), uma mulher de 39 anos, acusada de ter abandonado a própria filha em uma caçamba de lixo da Cidade. Rosineide de Salles Lins foi localizada em uma Clínica de Repouso no Bairro do Boqueirão, onde é funcionária.
O delegado Flávio Magário, disse que a investigação continua e que materiais ainda devem ser colhidos para a realização de perícia. "Informalmente ela relatou que havia tido o filho três dias antes da localização pelo carrinheiro.
Ela conta que por motivos de desespero e dificuldades financeiras, veio a abandonar a criança. Informou ainda que possui outros três filhos menores de idade, embora haja notícia de que ela possua outros três filhos maiores de idade que residem em São Paulo ", conta Magário, que encaminhou um pedido de prisão temporária contra a acusada.
Muitas pessoas mostraram interesse em adotar a menina. Segundo o conselheiro tutelar Tadeu Costa, a situação muda bastante: "Mesmo com o ato, a mãe ainda tem direito a ter a guarda da criança. Lógico que o Poder Judiciário e a Promotoria da Infância e Juventude vão analisar. Conversei com os filhos dela e eles disseram que tem interesse neste irmão. Vai ser difícil a menina ir para a lista de adoção. Eles foram muito claros da capacidade de cuidar da criança. A partir de segunda-feira a família tem, se o Ministério Público entender, o direito de visitar a criança", explicou.
Everton Ribeiro, advogado da acusada, garante que ela está com depressão pós-parto. "Ao falar com ela fica evidente esta situação. É um estado que não é somente uma linha de defesa. Ela se encontra nesta situação. A partir desta constatação, ela vai receber os tratamentos necessários."
Informações de A Tribuna, TV Tribuna, Folha S Paulo e O Globo
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