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domingo, 10 de abril de 2011

MASSACRE NO RIO (XIII). "VIM FAZER UMA PALESTRA" (Wellington). Quinze minutos de medo, dor e morte. Para o atirador, os quinze minutos de fama. Triste fama.

Quando entrou na  Escola Municipal Tasso daSilveira, no Realengo, Wellington Barbosa de Oliveira, o atirador, não chamou muita atenção. Já havia estudado ali, e era conhecido. Uma professora chegou a perguntar se ele faria uma palestra, pois ex-alunos são convidados para falar sobre o que fazem depois de saírem da escola, agora que a escola completou 40 anos.
Ele estava de calça e calçados pretos e  uma camisa verde. Bem arrumado, segundo testemunhas, e portava uma mochila nas costas. Após entrar na escola, subiu para uma sala de leitura e a professora Doroteia, sua ex-professora o reconheceu e quis saber se ia fazer uma palestra.

Era perto de 8h30, as classes estavam cheias, umas 400 crianças na escola naquele turno. Welington afastou-se da sala de leitura, tirou a mochila das costas, abriu,  e começou a preparar o material. Colocou o cinturão com recarregadores rápidos, para troca de todas as balas de uma vez só, preparou os revólveres de calibre 32 e 38 e entrou numa classe próxima anunciando aos alunos: "Vim fazer a palestra". E começou o massacre.

Entre o início e o fim, quando ele caiu baleado nos degraus de uma escada, atingido por um disparo no abdomem feito pelo 1º sargento Márcio Alexandre Alves, de 38 anos, do Batalhão de Policiamento Rodoviário da Polícia Militar,  foram consumidos 15 minutos, e doze vidas. E quase cem disparos. Para alguns, serão, com certeza, os quinze minutos mais longos de suas vidas. Terríveis quinze minutos, agoniantes, inesquecíveis, de horror, de medo, de pavor. 

Para Wellington Barbosa de Oliveira, foram os quinze minutos de fama. Era a atenção de que ele necessitava, não importando o preço a pagar. Pagou, também com a vida.  
"Vim fazer a palestra". Essa frase perseguirá os que sobreviveram. Ele entrou na sala e começou a atirar nas alunas que estavam na primeira fila. Na cabeça. E quando o pânico cresceu, após perceberem o que estava acontecendo, Wellington mandou ficarem junto à parede. E atirava, atirava, atirava. Na cabeça.  

As crianças suplicavam, mas ele apenas puxava o gatilho e recarregava a arma. Tiros. Mortes. Os alunos tentavam se proteger entrand embaixo de mesas e deitando no chão. Num momento ele parou de atirar e um menino saiu correndo puxando uma colega. Wellington atirou na menina, que estava de mãos dados com Patrick Figueiredo. Ela morreu. O atirador mudou de sala e continuou atirando. Nessa altura os professores haviam trancados as salas e foi quando os policiais chegaram.

Quinze minutos, a medida da eternidade.
Patricia Amorim
Os policiais, que estavam nas proximidades da escola fazendo uma blitz para pegar peruas de transporte clandestinas, foram alertados pelo garoto de 13 anos Alan Mendes Ferreira da Silva que, mesmo baleado três vezes, conseguiu fugir e encontrar os policiais.

Ele foi baleado no rosto, no ombro e na mão. Foi operado e passa bem, e ontem recebeu a visita da presidente do time do Flamengo, Patrícia Amorim, de quem é torcedor fanático. Ela foi convidada pelo cirurgião que operou Alan.
“Tudo foi muito rápido, ele entrou atirando. Não senti dor na hora, somente uma queimação muito grande. Saí correndo na direção da minha casa quando vi um carro da polícia ”, disse.  Ao encontrar a polícia gritou  “Moço, moço, tem um cara atirando em geral na minha escola”, e foi socorrido.

Alan tem um irmão, Eduardo, e um primo, Andrey, que estudam no colégio, mas não foram feridos. “O professor fechou a porta com auxílio de cadeiras e mesas. Ele tentou entrar na nossa sala, mais estava como ela estava fechada foi para sala do lado. Lembro de chorar muito”, disse Andrey.Todos foram presenteados com camisas, bonés, réguas e canetas do Flamengo. Alan também ganhou uma blusa com o seu nome bordado e o número 10.

Informações IG e Estado

LEIA NESTE BLOG A HISTÓRIA DE JOSELY E JULIANA DE OLIVEIRA, AS IRMÃS DE CUNHA QUE SOFRERAM NAS MÃOS DE UM PSICOPATA. 

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