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quinta-feira, 7 de abril de 2011

MASSACRE NO RIO. (VI). O CHORO DE DILMA ROUSSEF DIANTE DA MORTE DOS BRASILEIRINHOS.

Na tarde de ontem, dia do bárbaro massacre das crianças da escola do bairro do Realengo,  estava pensando, preso no trânsito, sobre as surpresas que a vida nos oferece. Fiquei muito abalado e triste com as cenas que vi pela TV, mais cedo, das mães que foram diante da escola em busca de informações sobre seus filhos. A cada uma que era confirmada a morte da criança, como uma espada era cravada no meu peito, diante da imagem de desconsolo, dor, impotência que via. Sou pai. Sei o que é esperar a volta dos filhos para casa.

Mas, a surpresa deve ser terrível, insuportável, como morrer, quando você está tranquilo, porque seu filho não está na rua, ao alcance de malucos. Está na escola. Pois foi na suposta segurança daquelas paredes, da escola, que aquelas crianças (dez meninas e 1 menino) encontraram o que ninguém quer encontrar: a Morte. Nas mãos de um demente.

A morte é uma constante assombração em situação normal, pior ainda em uma cidade conturbada como o Rio de Janeiro, cidade das balas perdidas, do complexo do Alemão, e de outras coisas que o governador Cabral não gosta de lembrar. Mas que fazem parte da realidade.

A realidade é uma coisa cruel. Ela existe, e insiste em assombrar também aos iludidos, ou aos que nos mentem com suas estatísticas sobre seguranças e suas enrolações de natureza ideológica.

Estava eu no trânsito. Liguei o rádio do carro. Rádio Jovem Pan. Escutei o pedaço da notícia de Brasília, gravada pela manhã, em que a Presidente Dilma Rousseff se lamentava pela morte das crianças, "aqueles brasileirinhos", disse ela.

Bem, pensei, lá vem demagogia. E ouvi tudo até o fim. Senti pelo rádio, rádio é como telefone, ficamos sem os demais sentidos, e temos que perceber pelo som o que se passa do outro lado.

Acho que a presidente foi pega de surpresa mesmo e, quando ia participar de uma solenidade qualquer ficou sabendo e teve que falar algo, fazer um pronunciamento para a nação. Normal.

Senti, pelo rádio, aquela voz pastosa, pausada, lenta, por meio da qual ela falava das crianças mortas. Ao fim, senti quando a voz titubeou, quando ela começou a se emocionar, realmente, quando ela iniciou um choro, penso que sincero.

Confirmei mais tarde vendo uma foto, acho que no site da Folha de São Paulo. Dilma, pela foto, e estou muito habituado a lidar com Comunicação, Fotografia e pessoas, por conta de meus afazeres,  ficou realmente muito emocionada. Creio piamente na sinceridade do que eu vi e ouvi. Ponto final

Agora, outro pensamento me perturba. Talvez não perturbe aos mais jovens, porquenão saberão do que falarei. Não da forma que eu sei. Tenho idade para dizer que sou do tempo da ditadura, que acompanhei muitos episódios como Dilma acompanhou. E como os da nossa geração.

Dilma mudou? Ela é a nossa presidente, mas acho que ainda deve a todos uma melhor explicação sobre o que fez naqueles tempos. As eleições já passaram. Ela está eleita.
Merece o nosso respeito como Chefe da Nação, mas deve nos respeitar, por isso mesmo.
Não votei em Dilma. Creio que foi produzida pelo inteligente Lula. Agora tem que se virar com o que plantou enquanto estava no governo dele. Para o bem ou para o mal.

Digo isto para deixar claro que senti sinceridade real quando ela lamentou a morte daquelas crianças. Como teria lamentado a morte de adultos se o atirador Wellington tivesse matado onze adultos. Mas penso que Dilma viu um outro lado da realidade. Comparou aquelas crianças ao seu netinho. Embora, para ser avó, tenha sido mãe primeiro!

Fica a minha grande dúvida: quando era moça, talvez por ser moça, imatura, teria Dilma pensado nas famílias dos mortos nos atentados terroristas cometidos por gente de grupos dos quais ela participou? Sei que não há nenhuma acusação direta contra ela, embora tenha sido presa e torturada na Ditadura por subversão (tortura é abominável).
Sei que a Lei da Anistia  está em vigor (ainda bem não é mesmo?). Nem imagino isso, sinceramente. O simples fato de estar ligada a pessoas capazes de matar e que mataram (130 pessoas  foram mortas pelos terroristas) nunca a incomodou intimamente? Essa é uma questão de foro íntimo. Talvez um dia a presidente resolva falar sobre essas coisas. Se quiser. Ela talvez tenha direito ao silêncio. E nós às perguntas.

Afinal, Wellington matou em nome de seus fantasmas internos -sejam eles quais fossem -
Os terroristas também matavam em nome de suas visões fantasmagóricas, assim como os torturadores.

Nunca chegaram a pensar que aqueles jovens que morriam em seus atentados, muitos mesmo eram civis, tinham famílias, tinham mães, pais, irmãos, filhos? Muitos dos que morreram eram meros transeuntes, nada tinham a ver com os fantasmas que assombravam os terroristas. Não participavam de luta nenhuma. Apenas viviam. E foram condenados à morte.

Morreram de forma tão idiota e inesperada como as crianças da escola do Realengo.
Será que morreram felizes porque alguém os matou em nome de um mundo melhor? Em nome de uma suposta luta contra a ditadura? Ou para  implantar uma ditadura de outra natureza?

Não seria melhor que aqueles brasileirinhos pudessem ter ficado por aqui mesmo, vivendo suas vidinhas  e pudessem ter tido a oportunidade de terem seus filhos e netos, como Dilma Rousseff?

Acho que ser avó mudou Dilma Rousseff.
Acho que ela sentiu o peso da Morte daqueles brasileirinhos do Realengo.

LEIA NESTE BLOG A HISTÓRIA DE JOSELY E JULIANA DE OLIVEIRA, AS IRMÃS DE CUNHA QUE SOFRERAM NAS MÃOS DE UM PSICOPATA. 
    

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