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quinta-feira, 14 de abril de 2011

VAR-PALMARES E O TERRORISMO NO BRASIL. Orlando Lovecchio Filho, a triste história de um "brasileirinho" que perdeu o futuro quando perdeu uma perna em uma explosão terrorista.

Hoje o jornal Estado de S. Paulo publicou uma matéria sobre arquivos da Aeronática com referência aos planos dos terroristas do grupo VAR-Palmares, do qual fez parte a atual presidente Dilma Roussef.

Só se espanta ou surpreende quem não tem a mínima noção daqueles tempos. Mas ainda bem que há muita memória viva neste País. Dilma falou dos "brasileirinhos" mortos por Wellignton Barbosa de Oliveira, no Rio de Janeiro, no Realengo. Muitos outros brasileiros morreram por atentados cometidos por idiotas no passado.

Conheci, na década de 70, em Santos, São Paulo, o jovem Orlando Lovecchio Filho quando, já vítima do atentado terrorista da VAR-Palmares em que perdeu a perna esquerda, corria de Kart. E era um bom piloto.
Lovecchio, como todos os jovens brasileiros, tinha um sonho. Queria ser piloto de aviões comerciais.
Nascido em janeiro de 1946, Lovecchio estava se preparando para fazer os cursos de pilotagem necessários. Mas seus sonhos foram violentamente explodidos por terroristas.
O que o jovem cidadão, de 22 anos de idade, Orlando Lovecchio, tinha a ver com a fúria asssina dos terroristas? Nada. Absolutamente nada.

Quem mandou passar pelo local na hora em que a bomba explodiu, não é  mesmo?
O local foi  a calçada diante do Conjunto Nacional, em São Paulo, na famosa esquina da Avenida Paulista com a rua Augusta, o máximo da moda no final dos anos 60, anos da Jovem Guarda. No majestoso edifício funcionava o consulado americano naquele tempo.

Ia tratar da vida o nosso amigo Lovecchio, naquela manhã de 19 de março de 1968, cheio de esperança em seus cursos que o levariam a voar pelo Mundo. Sonhos maravilhosos. Repentinamente o mundo desaparece, e com ele a sua perna esquerda. Apenas passava por ali. Que azarado!


ORLANDO LOVECCHIO FILHO
http://www.exibir.com/jt08.htm

Além da dor da perda da perna, o que eliminou o seu futuro de piloto, Lovecchio foi muito investigado porque a polícia suspeitava de que ele é que havia ido colocar a bomba e havia sofrido um acidente, como acontece a terroristas incompetentes, como lemos, eventualmente, em jornais sobre isso.

Mas Lovecchio nunca fez nada disso. Apenas teve o azar de passar por ali. Poderia ter sido outra pessoa. Poderia ser ninguém. 
Terrorismo é isso, conta com o aleatório. Por isso cria um clima de terror, de medo e de insegurança com o qual as pessoas não sabem lidar.

Como consequência dos ferimentos sofridos devido à explosão da bomba, teve a perna esquerda amputada. Na época havia concluído o curso de piloto comercial e voava como profissional autônomo para completar horas de vôo a fim de seguir a carreira de piloto comercial. Desde então tenta obter do governo justa e digna indenização.

Com a Lei nº 10.923, de 22 de junho de 2004[1], que foi proposta em 2001 e aprovada somente em 2004, foi conferido a Orlando Lovecchio Filho o direito a uma pensão alimentícia vitalícia de valor fixado em R$ 500,00. R$500,00!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Diógenes Carvalho Oliveira, membro da Vanguarda Popular Revolucionária e que conduziu o atentado que causou a perda da perna de Orlando, recebeu R$ 400.000,00 a título de indenização e recebe, ainda, R$ 1.627,00 de pensão do governo brasileiro, por ter sido um perseguido pelo regime militar de 1964.

Bem, esses são fatos da História do Brasil, bem documentados. A Lei da Anistia zerou a questão. Nem há mais nada a dizer.

Quem lutou contra o regime, não necessariamente pela instauração da democracia, mas para levar o Brasil a  um outro tipo de ditadura, como explícito nos estatutos e regulamentos de tais movimentos, recebe mais que sua própria vítima. Este é um país muito estranho.

Lovecchio foi um dos "brasileirinhos" que devem ter feito Dilma Rousseff (da mesma geração que ele)  quando falou sobre os doze "brasileirinhos" mortos pelo louco (terrorista?) Wellington Barbosa de Oliveira.  


Jornal da Tarde 8/2/1998
http://www.exibir.com/jt08.htm

 

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