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quarta-feira, 13 de abril de 2011

A TRISTE HISTÓRIA DAS TRIGÊMEAS DE CURITIBA. ADVOGADA DOS PAIS LANÇA CARTA ABERTA PEDINDO O PERDÃO DA JUSTIÇA AO CASAL

PRINCIPAIS TRECHOS DA CARTA:

Em defesa das trigêmeas

"Há quase dois meses tento que as famosas trigêmeas de Curitiba sejam reintegradas ao seio familiar. Entendi que elas estavam sob constrangimento ilegal por não poderem ser amamentadas. Desde o início pensei nelas. Sempre nelas.

Tenho recebido e-mails acusatórios e ofensivos nos quais sou chamada, no mínimo, de insensível. Quem é insensível? Quem está preocupado com a inviolabilidade psíquica destas três bebezinhas?

Advogo uma causa em segredo de Justiça que, absurdamente, foi violado. Com isso, os pais das trigêmeas estão sendo condenados sem que ninguém, aparentemente, pare para pensar em alguns aspectos. [...]

Não posso falar sobre o processo. Mas posso falar sobre a obrigação do advogado que presta função social. Posso também falar sobre direito e principalmente sobre a natureza humana, falível por excelência.

Preocupa-me a onda de boatos criados (ouvem-se as mais variadas teses). Preocupa-me que uma psicóloga afirme que os pais não têm saúde mental (isso só poderia ser atestado por um psiquiatra após testagens).

Mas, se os pais tinham algum problema de saúde psicológica, se estavam doentes, não cabia, primeiramente à tal profissional, orientar-lhes a procurar ajuda terapêutica? E à sociedade, ao Estado, auxiliá-los?

Estivessem eles com câncer, com Aids, qualquer problema de saúde, não se mobilizaria a sociedade para ajudá-los? Por que, se estavam abalados emocionalmente, não podem receber uma oportunidade? Auxílio? Ainda, como podem suas palavras prevalecer em juízo se ouvidos nestas condições? Alguém viu nos autos (manuseados de maneira ilícita e por isso já em investigação pela presidência do Tribunal de Justiça do Paraná) que a mãe estava adoentada dois dias antes, tudo devidamente certificado?

Por que são tratados com a violência das palavras, das entrevistas de várias pessoas que sequer conhecem as pessoas em questão, como seres que não merecem qualquer chance?

De outro lado, preocupa-me e entristece-me que três bebezinhas recebam carinho, amor, atenção apenas duas horas por semana. A atitude carinhosa dos pais, o desespero da mãe já estão comprovados no processo. Acerca disso ninguém fala. Ninguém, ao manusear o feito, ressaltou esta verdade.

Por que foi omitido que a mãe amamentou as três crianças indistintamente até um dia antes do abrigamento? Que há declaração de que a mãe era carinhosa com as três? Que, durante as visitas que o Judiciário concedeu, os pais agem com carinho, preocupação, enfim, como pai e mãe normais?

Por que não lembramos que todos erramos (até o Judiciário acabou por colocar [na internet] nomes em segredo de Justiça e oportunizou fossem folheados os autos e até publicadas fotos das minhas clientezinhas)?

Onde está a sensibilidade focada nas principais vítimas de tudo isso?

Será que neste caso as consequências dos atos --um cogitado e outro arrependido-- que atingem principalmente as filhas não deveria ser objeto de algo análogo a um perdão judicial?

Aliás, será que é justo alguém ser condenado sem ter direito a defesa? As trigêmeas, vulneráveis por excelência, estão condenadas a um abrigamento enquanto todos discutem se os pais --que as querem e por elas estão lutando-- têm direito a elas, se eles devem ou não receber o que determina a lei --a convivência familiar.

Um último questionamento: o que é, exatamente, mais cruel?"

Margareth Zanardini, advogada há 30 anos


AS TRIGÊMEAS 

Margareth Zanardini
Foto:Marcelo Elias/Gazeta do Povo
http://www.gazetamaringa.com.br/online/
As crianças, nascidas em 24 de janeiro, foram retiradas dos pais depois que eles quiseram dar uma delas para adoção --primeiro, ainda durante a gravidez e, depois, três semanas após o nascimento. A Justiça considerou que os pais não tinham "condições de paternidade e maternidade".

As meninas estão em um abrigo desde o dia 23 de fevereiro. Os pais, que dizem estar arrependidos e pedem a guarda das crianças, só podem vê-las duas horas por semana, por decisão da Vara da Infância e Juventude. Ainda não houve julgamento final do caso, que corre em segredo de Justiça.

Na carta divulgada hoje, Zanardini afirma que está preocupada com "a inviolabilidade psíquica" das crianças e que a convivência delas com os pais é um direito determinado em lei. A advogada diz que a mãe está "desesperada" e que todos erram, inclusive o Judiciário --Zanardini menciona que foram divulgados, por meio do 'Diário da Justiça' na internet, os nomes dos pais e das crianças. 

3 comentários:

  1. Voce sabe muito bem que esses "pais" não tem condições mentais nem morais de ficar com essas crianças, Elas correm riscos de vida com eles. Imagine o que podem fazer com elas quando ninguem mais estiver observando. Que "aspectos" voce quer que analise a atitude deles? Não existe, não tem desculpa. Espero mesmo, que pelo bem estar fisico e psicologico dessas meninas, que elas seja acolhidas por uma familia normal, integra, de outro país de preferencia. E que nunca fiquem sabendo o que esses "pais" fizeram com elas.

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  2. Me admira dra Margareth, como mulher, defender uma gente dessa. Voce ainda se torna pior do que eles, porque sabe realmente da verdade, não tem a menor consideração com as crianças. So que saber do seu pagamento. Me da nojo!

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  3. Para a leitora Maria Luiza.
    Ainda bem que você não está me confundindo com a advogada Margareth. Mas não sei se você está levando em conta que, nos regimes de Estado de Direito, até monstros (e não sei se é o caso dos pais, não sou Deus para julgar e nem tenho bola de cristal) têm direito a Defesa. Faz partedo processo democrático. Caso contrário, bastar
    ia fuzilar. E se, 1 minuto, após o fuzilamento descobríssemos a verdade? Quantos prisioneiros escaparam do corredor da morte porque a verdade surgiu algum tempo antes da execução. E se eles tivessem sido mortos? De que adiantaria a verdade? Adiantaria para pensarmos se pena de morte é correto. Maria Luiza, sou pai, acho que você também talvez seja mãe. Mesmo que não seja tem o direito à sua indignação. A história também me chocou muito. Mas acho que eles, por mais monstruosos que pareçam ou sejam, de fato, têm direito a Defesa. Não sei se eles têm ou não desculpa, ou culpa, mas veja que decisão difícil para o juiz.
    Agradeço o seu comentário. Volte sempre, Gutenberg.

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