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domingo, 3 de abril de 2011

OS LAÇOS BRASIL-FARC, SEGUNDO A REVISTA COLOMBIANA CAMBIO

BAÚ DE TEXTOS
Em reportagem de capa intitulada "Dossiê Brasil", o semanário Cambio divulga (2008) trechos do que seriam 85 e-mails trocados entre Raúl Reyes, ex-porta-voz internacional das Farc, e outros integrantes da guerrilha. Entre esses, Francisco Antonio Cadena Collazos, conhecido como padre Olivério Medina ou Cura Camilo (Padre Camilo), que atua como delegado das Farc no Brasil. As conversas, supostamente encontradas num laptop pertencente a Reyes, mencionam integrantes do PT e até Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A Cambio ressalva que nenhum dos funcionários brasileiros enviou mensagens a algum dos membros do grupo guerrilheiro" e considera os e-mails "apenas indícios" de um possível comprometimento do governo Lula com as Farc. Os e-mails teriam sido localizados pelos militares que mataram Reyes, membro do secretariado-geral das Farc. As mensagens foram trocadas entre fevereiro de 1999 e fevereiro de 2008. Reyes - cujo nome verdadeiro era Luis Edgar Devia e que foi morto por tropas colombianas em solo equatoriano, em 1º de março - menciona nos e-mails "cinco ministros, um procurador-geral, um assessor especial da Presidência, um vice-ministro (secretário-geral de ministério), cinco deputados, um vereador e um desembargador brasileiros", contabiliza a revista.

O desembargador é o gaúcho Rui Portanova, que atua na 8ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça. Conforme a revista, em 19 de abril de 2001 um integrante das Farc de codinome Mauricio Malverde informa, por e-mail, a Reyes que "o juiz superior Rui Portanova, amigo nosso, nos solicitou que deseja ir aos acampamentos para receber instrução e conhecer a vida das Farc. Custeia sua viagem". O desembargador confirma que se ofereceu para conhecer as Farc. Portanova não é o único rio-grandense mencionado nos supostos e-mails.
Nas mensagens, Medina afirma ter mantido contatos com o assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, e o assessor presidencial Selvino Heck, ambos gaúchos e ligados ao PT. Sobre Garcia, um dos e-mails de Medina a Reyes, sem data conhecida, afirma: "Estive falando com a deputada federal Maria José Maninha. Acertamos que ela vai me abrir caminho rumo ao Presidente, via Marco Aurelio García". Em outro e-mail, de 23 de fevereiro de 2007, Medina informa a Reyes: "É possível que me visite um assessor de Lula, chamado Selvino Heck, que junto com Gilberto Carvalho tem sido outro que tem nos ajudado bastante".

Medina, autor da maioria dos e-mails enviados a Reyes desde o Brasil, foi preso em São Paulo em agosto de 2005. Vivia em território brasileiro havia oito anos e foi beneficiado com uma proteção especial, por ser casado com uma brasileira. Em 2006, o Comitê Nacional para Refugiados (Conare) concedeu a ele o status de refugiado, decisão que pesou bastante para o Supremo Tribunal Federal (STF) negar seu pedido de extradição para a Colômbia.
Também são mencionados nos e-mails o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, o secretário nacional de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, e o subsecretário de Direitos Humanos, Perly Cipriano. Assessor de Lula condenou métodos de guerrilheiros Algumas mensagens foram escritas durante as negociações de paz, que resultaram na criação - 1998 e 2002 - de uma área de 42 mil quilômetros quadrados liberada para atuação da guerrilha, em San Vicente del Caguán.


Os guerrilheiros recebiam ali simpatizantes de vários países. Entre os que moravam na "zona liberada" estavam o líder máximo das Farc, "Manuel Marulanda" ou "Tirofijo", que foi morto em março deste ano. E o chefe militar das Farc, "Mono Jojoy", cujo nome verdadeiro é Jorge Briceños. A reportagem diz que as mensagens "revelam a importância do Brasil na agenda externa das Farc". A revista diz que a guerrilha aproveitou a chegada de Lula e do influente PT ao poder "para alcançar as mais altas esferas do governo". Em depoimento em abril à Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara, Garcia disse repudiar os métodos usados pelas Farc, como seqüestros, ataques terroristas e uso de dinheiro do narcotráfico. Garcia classificou como "fantasiosa" a reportagem, mas não negou o conteúdo das mensagens. 

Petistas confirmam relações com grupo  A vitória do PT nas eleições de 2002 entusiasmou os principais dirigentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Com a chegada ao poder de um partido que simpatizava com as causas do movimento, líderes da guerrilha tentaram angariar apoio político à resistência na selva colombiana. - Em vários momentos fomos procurados por representantes das Farc com pedidos de ajuda. Às vezes eles sequer se identificavam como integrantes da guerrilha, mas a posição do PT sempre foi de absoluta divergência com os métodos praticados pelo grupo.


Nunca houve cooperação - afirma o tesoureiro nacional do PT e ex-secretário de Relações Institucionais do partido, o gaúcho Paulo Ferreira. A suposta resistência do partido, contudo, não impediu o governo brasileiro de atuar em favor da guerrilha.
No final de 2005, o também gaúcho Selvino Heck foi procurado por interlocutores das Farc. Assessor especial da Presidência da República, Heck recebeu de pessoas ligadas a movimentos de defesa dos direitos humanos um pedido de ajuda para o padre Olivério Medina, representante dos narcoguerrilheiros no Brasil. Preso pela Polícia Federal a pedido do governo da Colômbia, Medina estaria recolhido em condições insalubres no Presídio da Papuda, em Brasília. - Me disseram que ele estava correndo risco de vida. Comuniquei o caso ao Gilberto Carvalho (chefe de gabinete do presidente Lula) e à Secretaria de Direitos Humanos. Essa foi minha única participação no episódio - resume Heck.

Para presidente da Ajuris, opiniões devem ser respeitadas A citação do desembargador gaúcho Rui Portanova na reportagem que aponta conexões das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) no Brasil provocou reação cautelosa de seus colegas no Judiciário. Procurado por Zero Hora, o Tribunal de Justiça do Estado, por meio da assessoria de imprensa, afirmou que não se manifestaria sobre o caso por avaliar que se trata de tema de foro íntimo. O silêncio se repetiu na Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Amigo de desembargador foi surpreendido por notícia Apenas o presidente da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris), Carlos Marchionatti, aceitou se posicionar sobre a proximidade de Portanova com os guerrilheiros.

Segundo ele, cada brasileiro tem o direito de ter opinião e ideologia, o que, para ele, deve ser respeitado. - Como presidente da Ajuris, reafirmo que nossa Constituição promove a solução pacífica de conflitos. A situação da Colômbia deve ser resolvida pelo povo colombiano - afirmou Marchionatti. Um desembargador aposentado e amigo de Portanova se mostrou surpreendido com os contatos do magistrado com os representantes das Farc. Ele afirmou que Portanova é um profissional respeitado nacionalmente por suas posições favoráveis a um Judiciário mais sensível às questões sociais. - É considerado um magistrado extraordinário e avançado.

 Recebi um representante das Farc no gabinete Entrevista: Rui Portanova, desembargador do Tribunal de Justiça do Estado O desembargador gaúcho Rui Portanova, 58 anos, se define como "homem de esquerda" e se tornou conhecido como um dos expoentes da chamada Justiça Alternativa. O magistrado soube ontem por Zero Hora que mensagem das Farc o aponta como "amigo nosso" e não demonstrou surpresa. - Mantive contato durante meses com eles, por e-mail. Tinha curiosidade por saber como vivem - justifica Portanova.

Uma resposta de acordo com a biografia de Portanova, famoso por decisões favoráveis ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Em 2003, em palestra no Fórum Social Mundial, disse que os juízes só marginalizam os movimentos sociais se quiserem, "porque não faltam leis para promover a justiça social". Em 2004, assinou um manifesto de intelectuais brasileiros intitulado "Se fôssemos venezuelanos votaríamos em Hugo Chávez". O abaixo-assinado, defendendo a reeleição do venezuelano, é endossado por líderes de esquerda como João Pedro Stédile, líder do MST. 
Extraído do site de Puggina
LEIA O TEXTO INTEGRAL DE PUGGINA NO:
VEJA A MATÉRIA COMPLETA DE CAMBIO NO SITE DA REVISTA:
NOTICIÁRIO DO BRASIL
entrevista com o juiz Portanova:

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