VISIBILIDADE ADIANTE: NADA |
Luiz Carlos Prestes foi a única vítima realmente grave do gigantesco acidente que envolveu quase 300 veículos na Rodovia dos Imigrantes no início da tarde de quinta-feira, na pista que vai do Litoral para São Paulo, perto do quilômetro 40. Sim, pois ele perdeu a vida quando o caminhão que dirigia bateu em um veículo à frente numa das piores neblinas dos últimos anos. Algumas pessoas disseram que a visibilidade estava entre cinco e dez metros.
Por volta das 13 horas deve ter acontecido o primeiro acidente, provocando o engavetamento de alguns veículos. Em seguida, sem qualquer aviso ou interrupção do tráfego na subida da serra ou em Cubatão, por parte da empresa Ecovias ou da Polícia Militar Rodoviária, os veículos continuaram subindo a serra e a trafegar na invisibilidade do trecho de planalto que vai do alto da serra até próximo ao pedágio.
Esse é, sempre, o trecho em que a Polícia Rodoviária faz comboios em tempos de neblina, mas apenas no trecho que vai na direção ao Litoral. Como sou do Rio, algumas vezes em viagens a Santos, descendo de São Paulo, peguei alguns comboios. Uma forma chata para o usuário, pois há a espera pela formação de um novo comboio e o tráfego ritmo lento imposto pelo veículo da polícia que puxa a fila. Mas é uma forma muito segura de enfrentar as fortes neblinas.
Sempre me intrigou isso. Por que não são feitos comboios na subida da serra até o pedágio? A neblina é a mesma, tanto nas pistas que sobem, como nas que descem. Eis aí uma pergunta que nunca li nos jornais, mais preocupados com a descrição dos desastres, mas que nunca questionam antes, de forma preventiva!
Creio que, para ser justo, não poderia dizer que a culpa é da administradora da estrada ou dos policiais. Mas uma neblina tão forte deveria ter recebido outras medidas de alerta e preventivas muito mais eficazes que os recados luminosos comuns que são utilizados pela Ecovias. Claro que os funcionários da empresa não podem ter uma ação imediata quando há um engavetamento, pois como aconteceu na neblina s´ó os acidentados ficam sabendo. A informação leva algum tempo para se espalhar. Esse é o tempo mais perigoso, pois outros veículos podem bater, desgovernar-se ou atropelar as pessoas vítimas dos primeiros acidentes.
Uma vez que a empresa soube do primeiro acidente foram tomadas medidas imediatas para interromper o tráfego? Impedir totalmente a subida da serra teria evitado muito danos. Infelizmente houve a perda da vida de Luiz Carlos Prestes em sua tarefa de levar e trazer cargas do Porto de Santos, e mais umas 50 pessoas feridas mais ou menos gravemente. Mas poderia ter sido pior, muito pior. dezenas de pessoas poderiam ter morrido, de fato, uma vez que as condições de visibilidade eram quase zero.
É certo, também, e não posso deixar de lembrar, que muitos motoristas não são cautelosos na neblina, não diminuindo a velocidade o suficiente, e não mantendo distância como deveriam. Mas uma vez numa neblina muito forte nada mais há a fazer, visto que não se consegue achar nem o acostamento que, por sua vez, torna-se uma área muito perigosa para estacionar. Deveriam ter paralisado o tráfego das pistas logo no início das coisas.
Deus chamou Prestes. Tinha suas razões. Que descanse em paz.
Mas a Morte andou meio distraída e preguiçosa na tarde de quinta-feira, para sorte dos envolvidos e das autoridades. Se ela estivesse mesmo disposta a ceifar vidas seria realmente um inferno.
VISIBILIDADE NO RETROVISOR: NENHUMA |
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