CINELANDIA E O POVO. (Foto Bia Alves-Fotoarena), reproduzida de Veja |
Talvez as nossas massas silenciosas comecem a deixar a timidez para sairem às ruas com a alegria e vigor que demonstram em dias de jogos da Copa do Mundo ou no Carnaval.
Talvez algum dia possamos ver um milhão de pessoas protestando contra a corrupção, e dando o nome aos bois, em um futuro próximo, como foram as pessoas à Praça Tahir, no Egito, contra Mubarack.
Creio que quando o cidadão comum perder o medo de ser patrulhado ideologicamente, ou sentir que pode falar sobre a corrupção induzida, por exemplo, a partir dos maus exemplos de Lula e seus afagos aos “aloprados” (que foi como chamou os que a Justiça vê como corruptos e quadrilha), que sempre se colocou como o centurião da Ética, as coisas começarão a mudar no Brasil.
O Brasil sempre foi um pais colonial, com uma população deixada ao relento, cada um por si, com os governantes contando as moedas de ouro em Portugal. Assim, fomo criados esperando as benesses dos reis. Por isso somos um país de tantos reis e rainha e príncipes e princesas no imaginário, a começar pelo Futebol.
Não que ser parte de uma Monarquia seja de todo mal. Há excelentes exemplos na Europa, de monarquias constitucionais parlamentares. O problema são as absolutistas, que transformam o povo em um apêndice. O povo vivendo de migalhas, dádivas, distribuídas na forma de bolsas e cestas, como ração aos porcos. Assim estamos no Brasil.
A esquerda sempre questionou a “coronelada” política que sempre distribiu presentes em troca de votos. É exatamente o que vejo acontecer, agora, com as bolsas, cestas, e esmolas públicas ao povo pobre, especialmente o do Nordeste, já tão sofrido.
A esmola muda de mãos, e com a ajuda institucionalizada, pelo governo, o que cria uma multidão de esmola-dependentes.
A esquerda são os novos coronéis. O coronéis de estrelinha vermelha. Compram-se votos e consciências.
Assim, vejo com uma certa alegria as manifestações de repúdio à corrupção como aconteceram até agora. Claro que não têm dezenas de milhares de pessoas, uma vez que a chamada Sociedade Civil Organizada (o outro nome para os braços do governo: organizações sindicais, estudantis, de classe que recebem muito, mas muito dinheiro público) não está participando. As manifestações estão acontecendo pela vontade da Sociedade Civil Desorganizada, isto é, o povo.
É esse povo que paga impostos e não agüenta mais os desmandos, a corrupção, a cara de pau, as desculpas, a falta de responsabilidade no uso do dinheiro público, a impunidade aos criminosos, especialmente aos que deveriam dar exemplos ... ao povo.
Assim, creio que ainda teremos um longo caminho a percorrer, desde que os tentáculos do poder não tentem alcançar as manifestações e transformar os protestos em mera encenação contra um sentido vago de corrupção. Isso não daria em nada, pois seria como esmurrar facas metafísicas.
No Brasil o câncer tem nome.
O número de participantes na manifestação da Cinelândia ficou entre 2.500 e 4.000 segundo alguns observadores. Bem melhor que a manifestação em apoio a Zé Dirceu, no vão do Masp, em São Paulo, que registrou apenas os seguradores de faixa (certamente pagos).
Talvez o Brasil ainda tenha salvação.
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