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sábado, 24 de setembro de 2011

BRASÍLA, A PERIGOSA MISTURA DO PODER, BACANAIS E FRASCOS DE LANÇA-PERFUME. Como o circuito dos ricos e poderosos é diferente do mundo dos mortais comuns que, afinal, pagam a conta da festança.


BACANAL ROMANO

Após ler a reportagem de Veja desta semana (edição 2236) sobre as festanças de Brasília, em que se misturam autoridades dos três Poderes, empresários, lobistas, advogados criminalistas e réus, muitos réus, investigados por crimes de diversos tipos, fica uma sensação de impunidade, impotência e nojo.

Nas grandes festas de Brasília, nas grandes mansões ou luxuosos hotéis, devem acontecer coisas inimagináveis aos mortais comuns. Ali, fora dos gabinetes, da suposta austeridade do serviço público, é que se tomam, de fato, as grandes decisões.

E muitas delas cospem nas leis, no respeito à coisa pública, na mais elementar noção de moralidade ou ética. E sobra para todo mundo. Parece não existirem santos na Capital Federal.

Na reportagem "A festa dos Bodes" os jornalistas Daniel Pereira e Rodrigo Rangel mostram um cenário deprimente, relativo à zona nebulosa por onde circulam os poderosos políticos, e os senhores do dinheiro. Ali, naquela zona cinzenta e indefinida em que todos os gatos são pardos.

Ministros de Estado, ministros de Tribunais, senadores, deputados, empresários com imensos interesses em obras públicas, interessados em licitações, acusados de falcatruas as mais grossas, todos convivem de um modo mais recatado no espaço público iluminado pelo sol, dentro de uma falsa formalidade, e demonstrando imensa intimidade nos ambientes protegidos dos curiosos e da bisbilhotice do cidadão contribuinte.

Ler a matéria me fez lembrar as histórias sobre a Roma em decadência, os bacanais, a prostituição a que se submetem as autoridades e fiscais da lei que deveriam zelar pelo bom andamento das instituições.

Quem quiser detalhes leia a matéria de Veja, mas para encerrar lembro aqui o final da reportagem, em que em uma festa, promovida por gente de Brasília, em Araxá,  em um casamento com dezenas de figurões da República, serviram, de madrugada, frascos de lança-perfume, em inúmeras bandejas para os convidados.

Certamente, nesta altura, ninguém se lembrará disso, negará que viu alguma bandeja, ou até que sabe o que é lança-perfume. Mas isso, conforme a revista aconteceu.

Talvez apenas os serviçais tivessem consumido as dezenas de tubos. Mas fica uma questão: como em uma festa de casamento em que os convidados são os responsáveis pela Lei servem uma droga ilegal? 

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