Um dia Maria Nilza Pereira, a Galega, que tinha um caso com um sujeito que tinha um caso com Iranildes Aguiar, a Lupita, resolveu que queria o homem só para ela. O nome do amante das duas é Virlan Anastácio.
Não bastava mais ficar com ele algumas horas por semana. Nilza, queria o Virlan só para si.
Possessiva. Muito possessiva. Acontece que todos sabem que o ciúme nunca foi um bom conselheiro.
Segundo os dados do registro da ocorrência, Maria Nilza teria pensado e pensado na situação e, ao invés de conversar com o amante, ou com Lupita, e chegarem a um acordo, resolveu ser radical.
Para ela, só a notícia da morte de Lupita poderia ser o seu consolo.
Foi assim que começou, cautelosamente, a procurar alguém que pudesse resolver o seu problema, acabar com o seu pesadelo. Era preciso matar Lupita. Era preciso tirar Lupita de seu caminho, e da cama de seu amante. Paixão. Ódio. Paixão. Ódio. Isso nunca dá certo quando se misturam. É pólvora pura, pronta para explodir.
Então, após procurar por um tempo acabou encontrando o mensageiro de sua felicidade, como diriam os antigos romanos, um braço armado para dar fim ao seu ódio, ao ciúme. Contratou o mensageiro da Morte. Pagaria mil reais pelo fim de Lupita.
Isso tudo aconteceu em Pindobaçu, onde Lupita é uma figura muito conhecida. Maria Nilza contratou um ex-presidiário, Carlos Roberto Alvez Junior para fazer o serviço. Pelo visto ele não teria muito problema em resolver o problema de Nilza. Aceitou o pagamento, que seria feito depois da morte, e foi cumprir sua missão.
Acontece que o mundo é pequeno, como dizem por aí, e o matador descobriu, depois de algum tempo, que Lupita, a Iranildes Aguiar, tinha sido sua amiga de infância. Como ninguém é de ferro, tornaram-se amantes, pelo que se conta, e resolveram, então, enganar Maria Nilza. Vejam só que trama de novela. História para roteirista nenhum botar defeito.
Tendo se embeiçado com Lupita, claro que Carlos não faria o serviço. Ambos combinaram, então, enganar a mandante. Como? Como provar a morte de Lupita? E se Nilza tivesse pedido um dedo ou uma orelha de Lupita? Bem, não pediu.
Assim, Carlos achou melhor provar com uma foto. Se matou, tem que documentar direitinho, né? Tudo por mil reais.
Assim, Carlos achou melhor provar com uma foto. Se matou, tem que documentar direitinho, né? Tudo por mil reais.
Amordaçou Lupita com um lenço vermelho e ela deitou-se no chão. Ele jogou bastante “kettchup”, para fazer uma cena sangrenta, e ainda deixou uma faca de cozinha na axila esquerda de Lupita, como se fosse uma facada no coração. Coisa de filme de Sam Peckinpah, ou de filme “trash”.
Carlos mostrou a foto para Nilza que gostou do que viu. Era a prova da morte de Lupita. Claro, o ódio, além de não ser um bom conselheiro, ainda não permite que se perceba uma foto forjada. Nilza ficou muito satisfeita e pagou pelo serviço. Nem foi procurar saber se Lupita havia sido mesmo morta, ou se seria enterrada.
Carlos, o suposto assassino, satisfeito com a obra, pegou o dinheiro e foi curtir a vida com a “morta” Lupita.
Acontece que nem tudo é perfeito. Teve o azar de ir a uma festa com Lupita. E lá estava também Maria Nilza. Ela, que havia acreditado na morte da rival, ficou danada da vida e foi à delegacia denunciar Carlos por assalto.
O delegado Marcone Almino de Lima começou a desconfiar da história e chamou Carlos, que acabou falando o que havia acontecido.
Assim todos foram processados, pois cada um participou, ao seu modo, de um tipo de crime.
Não sei se Lupita, ao fim de tudo, irá para a prisão. Mas, depois dessa história, indo ou não para a cadeia, onde Lupita for a sua fama de morta-viva chegará antes.
Se Lupita já era famosa em Pindobaçu, agora ficou famosa na Bahia inteira, e talvez no Brasil. Quem sabe no mundo... Agora é conhecida como Lupita, a Mulher Ketchup. Nirlan agora é visto como o garanhão da cidade e a Galega não teve ter gostado de nada disso, não é mesmo?
Se Lupita já era famosa em Pindobaçu, agora ficou famosa na Bahia inteira, e talvez no Brasil. Quem sabe no mundo... Agora é conhecida como Lupita, a Mulher Ketchup. Nirlan agora é visto como o garanhão da cidade e a Galega não teve ter gostado de nada disso, não é mesmo?
PINDOBAÇU
Pindobaçu é um pacato lugar de pouco mais de 20 mil habitantes, no nordeste da Bahia. Um dia já fez parte de Campo Formoso, e surgiu, com certeza, como tantos outros lugares, de um pouso de tropeiros. Os tropeiros, além dos cangaceiros e dos bandidos dos morros do Rio de Janeiro é que deveriam ter filmes e livros sobre eles, contando a sua saga. O Brasil deve muito aos tropeiros e suas andanças pelo Brasil conduzindo gado.
Pindibaçu já foi Lamerão ou Lameirão, devido às proximidades com um curso dágua, donde lhe vem o nome. E isso é antigo, do Século XIX, ou antes. Tudo começou a mudar há cem anos quando, em 1914 foi construída a estação ferroviária de Pindobaçu (palmeira alta, ou palmeira grande). Tem um PIB de 54 mil reais.
Foto do Foxiw
Dados Wikipedia
REPORTAGEM DO FANTÁSTICO
http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1674046-15605,00.html
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