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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

FIDEL CASTRO PODE ESTAR PERTO DO FIM. Mas a sua época, em Cuba, já passou. Apenas aguardam seu enterro para que mudanças políticas aconteçam.



O dono de Cuba há 52 anos, Fidel Castro, prepara as malas para desembarcar. 

Isto mesmo, para não ficar mais entre nós. 

Chorarão alguns de tristeza, outros – talvez milhões - de alegria. Aguardam esse momento há anos. 

Pode não ser muito cristão esperar a morte de alguém, mas ao menos é um sinal de que nem todos foram anestesiados pela propaganda enganosa comunista. 

E esperar não é tomar a iniciativa de matar, como o fazem com tanto prazer os comunistas com seus adversários políticos quando controlam o Estado.

Como um regime que se diz igualitário tem um chefe único que se perpetua por décadas, como se fosse um velho carvalho cujas raízes penetram no solo e não querem mais sair dali?

Segundo  um jornalista (Nelson Bocaranda Sardi), Fidel passou mal em 21 de agosto, chegando a ficar inconsciente, mas recuperou-se. Nesta semana teria tido uma recaída, e instalada uma unidade de terapia intensiva em sua casa em Havana.

Bocaranda é do jornal diário oposicionista "El Universal", da Venezuela, e publicou na terça-feira (30), que o estado de saúde do líder cubano é grave. Isso provocou uma onda de boatos sobre a morte do velho tirano, hoje com 85 anos.

Fidel está doente desde 2006 quando, de fato, chegou quase a morrer. Diminuiu o ritmo de trabalho e passou o comando do governo a seu irmão mais novo (socialismo funciona como monarquia), Raul Castro (Raulzito), mas não deixou de ficar tomando conta do quintal. 

Aliás, o quintal está com sérios problemas, apesar da ajuda da Venezuela e do Brasil, que despejam milhões de dólares de seus contribuintes para manter aquela velha e cruel ditadura.

A complicação da saúde de Fidel teria sido o motivo de o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, o Chapolin de Caracas, que se trata de um câncer, ter tomado a decisão não voltar a Havana para continuar sua quimioterapia (quarta sessão), preferindo continuar o tratamento em Caracas. 

Talvez, diante da penúria do sistema econômico cubano, exista apenas um equipamento decente hospitalar para altas autoridades e, neste caso, a preferência teria que ser, mesmo, do dono da fazendinha.

Quando Chávez esteve internado em Cuba ninguém soube dizer onde eram as tais instalações hospitalares. O local foi tornado secreto, como se fosse possível a alguém organizar uma manifestação contra Chávez, diante de um hospital qualquer. Creio que o local não foi divulgado porque Chávez deve ter ficado na própria casa de Fidel que deve ter, realmente, ótimas instalações hospitalares.

Fidel jamais freqüentaria, assim como Chávez, um hospital público cubano. Seria entregar-se à morte, já que são absolutamente destituídos de qualquer tecnologia. A medicina cubana é apenas propaganda para enganar trouxas. O que há é um método preventivo baseado no controle da granja, digo, da população. Hospitais de ponta? Só para os chefões do regime.

Não sei se Fidel morreu. Mas como quase só palpiteia, e com voz cada vez mais baixa e rouca, bem que poderia descansar. Em paz.

Os cubanos merecem.

Imagem de Fidel:


ABAIXO, MATÉRIA REPRODUZIDA DE DEUTSCHE WELLE 

AMÉRICA LATINA | 01.09.2011

"Era pós-Fidel já começou há cinco anos", afirma cientista político alemão
Fidel completou 84 anos em agosto

Novamente correm boatos sobre o estado de saúde de Fidel Castro. Não é a primeira vez que o ex-governante cubano é tido equivocadamente como morto. E repetidamente paira no ar a pergunta sobre o futuro do país sem ele. 

"Esta semana Castro teve uma nova recaída", escreveu em seu blog runrunes.es o jornalista venezuelano Nelson Bocaranda. "Fidel está na UTI da sua casa, passando por um tratamento rigoroso, sob vigilância permanente dos familiares mais próximos", acrescenta. Esse registro, com data da última segunda-feira (29/08), foi a fonte dos rumores de que o ex-governante cubano poderia estar em coma ou até mesmo morto.

"Não há motivo para acreditar que essa informação esteja correta", adverte Bernt Hoffmann, cientista político do Instituto Alemão de Estudos Globais de Hamburgo (Giga), "mas, por outro lado, é evidente que Castro está muito doente e que algo do gênero pode acontecer a qualquer momento", diz o especialista em América Latina.

A notícia não foi confirmada e, como indica o próprio Bocaranda, "Fidel já esteve à beira da morte várias vezes, mas não tantas como os rumores que circularam nestes 50 anos em que ele esteve no poder".  E agora, de novo, comenta-se na internet a esse respeito, em mais uma tentativa de vislumbrar o futuro de Cuba após a morte de seu mítico líder.  

De olho na China e no Vietnã 

"Se Fidel morresse agora, não haveria grandes mudanças no país. Sua despedida começou há muito tempo. Foi uma despedida por etapas, muito gradual, e está concluída. Tanto as pessoas quanto os funcionários do sistema já estão acostumados, todos sabem que não vivem na época de Fidel, que ele pertence ao passado. A era pós-Castro começou há cinco anos", afirma Hoffmann.

A morte do "líder máximo", com seu rosto destacado entre "os barbudos", seria um golpe emocional para Cuba, aponta o especialista alemão, mas não um golpe político. A transição de poder já aconteceu. E Fidel Castro já não se envolve há muito com os assuntos governamentais, afirma Hoffmann, lembrando que Raúl Castro volta seu olhar para a China e para o Vietnã.

Segundo o cientista político, uma nova geração de personagens anônimos está preparada para deixar para trás um regime personificado e abrir as portas de outro sem uma figura central, no qual o pragmatismo reina sobre o dogmatismo, como aconteceu gradualmente na China depois de Mao. 

Fidel e Raúl Castro em abril deste ano

No entanto, parte importante deste boom chinês de hoje está calcada nas longuíssimas jornadas de trabalho de alguns operários, cujos salários, em muitos casos, não garantem nem mesmo uma assistência médica decente. Seria possível algo semelhante acontecer em Cuba, tão orgulhosa de seus êxitos sociais? 

"O sistema de saúde cubano deixou, há tempos, de ser o que era: a assistência médica básica está garantida, mas se o cidadão necessita de óculos, por exemplo, tem que comprar no mercado negro, já que por vias oficiais é praticamente impossível conseguir. O mesmo acontece com a educação. As questões sociais passaram por uma erosão significativa e Raúl Castro não nega que isso faça parte do programa de reformas. O fato de que uma das profissões legalizadas seja a de professor particular é prova disso. Hoje, as crianças cubanas recebem, na escola, uma formação relativamente fraca. Os pais que podem, pagam para que seus filhos tenham aulas particulares depois da escola", diz Hoffmann. 

As medidas econômicas adotadas nos últimos anos para tornar o socialismo "sustentável", como a controversa decisão de despedir mais de um milhão de funcionários públicos, representa uma ruptura significativa com os princípios do modelo cubano – princípios que em outros tempos eram imutáveis, lembra o cientista político do Giga.

Mas, mesmo assim, diz ele, "copiar o modelo chinês ou vietnamita não será fácil. Pensar que uma dinâmica econômica como essa possa se reproduzir sem maiores problemas é uma visão muito otimista da situação. Isso não impede, porém, que, enquanto ainda puder, Havana  continuará trilhando esse caminho".

Da morte de Fidel à democracia? 

"O núcleo do sistema", descreve Hoffmann, "é composto por certa integração social e aquilo que se vai tentar manter como tese nacional: a legitimação baseada no medo de que se venda o país para os Estados Unidos, ou seja, 'ou o socialismo ou os ianques'. A apresentação destes dois polos como os únicos possíveis exclui as opções de qualquer outro modelo", resume o cientista político alemão.

Sem dúvida, o fato de que exemplos de organização política alternativa estejam visíveis a poucos quilômetros de distância também diferencia a situação de Cuba daquela da China ou do Vietnã. Isso fará com que a elite cubana, opina Hoffmann, seja mais cuidadosa com as mudanças, que serão implementadas "com um passo adiante e outro para trás". E os conflitos serão consequentemente maiores: "a tensão social vai crescer, isso já estamos vivenciando. O regime pode responder a isso com maior repressão, mas também com maior abertura", analisa o especialista. 


Imagem de Fidel: onipresente nas paredes cubanas
A tensão vivida em Cuba também é registrada por Joel García, um dos exilados cubanos que, há alguns meses, convocou, via internet, um levante contra o regime. Ele atribui as recentes manifestações em Cuba ao "desaparecimento de Fidel Castro há mais ou menos um mês e meio. E é possível que os boatos sobre sua morte, que chegam agora até nós, já estejam circulando pelo país há muito tempo", especula. 

Como muitos outros cubanos que vivem no exílio, García confia que o fim da era do ditador seja o estopim que irá desencadear a tão esperada reação civil: "Fidel Castro é o centro de tudo em Cuba. Em termos de carisma, Raúl Castro não chega nem a seus pés, mas ele também não incute o mesmo medo na população. Fidel é uma pessoa que incutiu muito medo na sociedade cubana. Se o cubano é capaz de calar esse medo com a morte de Fidel, acho que será possível uma explosão social que leve a uma democratização do país", diz o cubano residente na Espanha.

"Desde 1989, há especulações a respeito da possibilidade de que Cuba seja a próxima peça do dominó a cair", lembra Hoffmann. "E essas esperanças foram sempre frustradas, o que não quer dizer que vai ser sempre assim. Mas, no momento, não creio que se trate de uma questão de horas, nem que dependa da morte de Fidel Castro", conclui o especialista.  

Autora: Luna Bolívar Manaut (sv)
Revisão: Roselaine Wandscheer

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