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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

JUSTIÇA MANDA PRENDER TRÊS PMS SUSPEITOS PELA MORTE DA JUÍZA PATRÍCIA ACIOLI. O assassinato da juíza do "martelo pesado" aconteceu há um mês.

JUÍZA PATRÍCIA ACIOLI
O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mário Beltrame, comunicou hoje à tarde que a Justiça decretou, no domingo, a prisão temporária de três policiais militares suspeitos de terem participado do assassinato da juíza Patrícia Acioli, a juíza do “Martelo Pesado”.

Ela foi morta há trinta dias, em São Gonçalo, quando estacionava o carro diante de sua casa em um condomínio, com mais de vinte tiros.

Foram presos o tenente Daniel dos Santos Benitez Lopes e os cabos Sérgio Costa Júnior e Jefferson de Araújo Miranda.


Beltrame informou à imprensa que todas as armas de calibre 38 e 40 do Batalhão de São Gonçalo foram apreendidas para exame pericial.

Segundo informações da policia, os três Pms suspeitos teriam verificado as proximidades da moradia da juíza e utilizado um veículo da PM sem GPS.


Eles teriam imaginado que teriam a prisão decretada por um outro caso e teriam resolvido matar a juíza antes que ela assinasse o decreto. Mas ela já havia feito isso antes e eles não sabiam, segundo os investigadores do caso. 


LEIA TEXTO PUBLICADO APÓS A MORTE DA JUÍZA


A vida da juíza Patrícia Lourival Acioli, de 47 anos, acabou tragicamente na  madrugada de sexta-feira, 12 de agosto.

“De hoje ela não passa. Já atrapalhou demais a nossa vida” devem ter pensado os seus assassinos, não necessariamente aqueles pistoleiros que ocupavam uma moto para o crime encomendado, mas os que planejaram a sua morte, certamente bandidos ligados ao crime organizado.

Gente ruim, milícias, isto é, possivelmente policiais que se cansaram de viver do lado da Lei e da ordem, passando para o outro lado, o lado do crime e da Morte.

“Hoje ela não escapará. Que a sua morte seja um aviso para esses juízes intrometidos que acabam com a nossa tranqüilidade”, devem ter imaginado os bandidos enquanto mandavam os algozes de Patrícia Acioli executar o bárbaro assassinato.

Pelo que se sabe, a juíza Acioli era linha dura, “martelo pesado” como se diz na linguagem da policia e da bandidagem. Mandava para a cadeia com a pena máxima.

Os condenados eram gente ruim, da pior espécie. Bandidos que viviam de tráfico, de mortes encomendadas, de seqüestrar traficantes para exigir dinheiro de suas famílias. E, muitas vezes, após receberem o valor do seqüestro ainda matavam suas vitimas.

Gente ruim, cruel, sem dó e nem piedade.

E a juíza, enterrada hoje  (12 de agosto às 16h30 no Cemitério de Maruí, em Niterói, cruzou o caminho dessa gente.

Já havia recebido muitas ameaças de morte.

A mulher era corajosa. Talvez confiasse nas mãos de Deus.
Todavia, nem sempre Deus parece dispor de tempo para tomar conta dos bons. Ou, quem sabe, ele escreva mesmo certo por linhas tortas. O certo é que ela a chamou para junto de si.

A juíza chegou só ao condomínio para onde havia se mudado há três meses com a família, em seu carro Fiat Idea. O carro nem era blindado. Patrícia não tinha seguranças. 

Talvez seja um absurdo deixar um juiz ameaçado desprotegido assim. A Justiça não pode e nem deve ser intimidada em uma democracia.

Sabe-se, contudo, que ela havia recebido muitas ameaças de morte, ao menos nos últimos cinco anos, conforme os relatos da imprensa. Houve um tempo, até, em que chegou a aceitar a proteção da escolta, mas depois a dispensou. Seu marido era da PM, talvez isso a tranqüilizasse. Mas o Estado descuidou da juíza, sim, pois ela era, evidentemente, um alvo fácil para os criminosos, ainda mais pelo tipo de casos que julgava.

Mulher corajosa. Chegou ao condomínio no fim de quinta, começo de sexta, passou por uma entrada e parou diante de casa. A entrada do condomínio foi trancada, em seguida por um carro não identificado (segundo os relatos da imprensa) e uma moto com dois pistoleiros encostou no carro da juíza. 

Ela nem teve tempo de descer do carro para abrir o portão de casa ou esboçar qualquer reação de fuga.

Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá.

Longo tempo. 

Vinte e um disparos secos cortaram o silêncio da noite. Calibres .40 e 45, anunciando a morte de Patrícia.

O fim da vida de uma mulher que lutava pela Justiça no Brasil. Uma vitória parcial para os canalhas. 

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