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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

WILLIAM DA ROCINHA E A CULTURA BANDIDA DO RIO DE JANEIRO. Por isso o povo aplaudiu Tropa de Elite I e II (embora eu prefira o I)


A maldição do Rio de Janeiro: a cultura bandida.


Creio que o Rio padece sob uma maldição, e ela resulta, em parte, de sua topografia. Como o acesso aos morros é difícil, e isso estimulou a preguiça das autoridades em levar até lá a civilização, os bandidos, que não são idiotas, perceberam nisso uma imensa vantagem para o crime. 


Vielas, quebradas, caminhos que passam por dentro de casas, becos sem saída. Tudo favorece a promiscuidade e o abandono.


O sociólogo mexicano Homero Icaza Sanchez, apelidado El Brujo, durante muitos anos aperfeiçoou o sistema de pesquisas que guiou a Rede Globo. Ainda na década de 70 ele produziu um livreto sobre o Rio de Janeiro e um dos tópicos era a violência nas favelas.


No livreto, El Brujo escreveu que onde o Estado se afasta, como não há vácuo de poder, o crime avança.


A cultura bandida que impera no Rio de Janeiro, resulta dessa mistura: abandono pelas autoridades, dificuldade da topografia, deslumbramento da classe média revolucionária com os pobres, marxismo vagabundo da intelectualidade, coisas que você mesmo, Reinaldo (Reinaldo Azevedo), tem abordado com grande força e verdade.


Nas regiões de favelas, especialmente as de difícil acesso, os criminosos montam sistemas de defesa que contam, necessariamente, com a participação de muitas pessoas “da comunidade” que acabam protegendo os bandidos do local para evitar guerras e obter um pouco de sossego.


Todos se conhecem desde pequenos, há uma certa cumplicidade no ar. Isso faz a cultura bandida. Assim, às vezes um líder comunitário que se destaca, faz parte do mundo do crime, para surpresa de muitos. 


Dificilmente alguém poderia ser um líder em uma favela de difícil acesso, como dezenas do Rio de Janeiro, sem a benção dos traficantes. Essas pessoas não durariam dez minutos se não rezassem a Deus e ao diabo ao mesmo tempo.


Essa é a tragédia do Rio de Janeiro.


Gutenberg J.

PS: ESTE COMENTÁRIO FOI PUBLICADO E REPRODUZIDO DO BLOG DO REINALDO AZEVEDO 

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