Pesquisar este blog

sábado, 31 de dezembro de 2011

PARA ERIC HOBSBAWM ELEMENTO RELIGIOSO DA PRIMAVERA ÁRABE É "DESNECESSÁRIO". A tal primavera não resulta de outra coisa que a articulação dos religiosos islâmicos, nos bastidores. Ao invés de mais liberdade, aqueles povos terão ditaduras mais fechadas ainda.


COMO SEMPRE, A ESQUERDA É MÍOPE PARA AS RELIGIÕES.
ERIC HOBSBAWM ACHA QUE A PRESENÇA RELIGIOSA É 
DESNECESSÁRIA. DE FATO, SEM O TRABALHO DE BASTIDOR DAS MESQUITAS NÃO TERIA
HAVIDO PRIMAVERA ÁRABE. 
HAVERÁ, APENAS, TROCA DE DITADURAS ENTRE OS ÁRABES. 


O historiador britânico marxista Eric Hobsbawm compara o que se chamou de primavera Árabe à onda de revolta na Europa, em 1848. Leio na Folha de S Paulo que Hobsbawm acha que ocorrem várias e não uma única revolução, e que o elemento religioso que surge no meio das manifestações “é desnecessário e não necessariamente bem vindo”.

Já escrevi várias vezes que a imprensa internacional e muitos analistas erram ao considerar que as revoltas árabes são algo como a Primavera de Praga. É certo que as ditaduras acabam criando vários tipos de oposição e adversários.

Para relembrar: há jovens ligados ao mundo mais amplo, por meio da tecnologia, que gostariam de viver num regime mais livre, com menor influência religiosa, mesmo e regimes laicos como o da Síria. Há a demanda das mulheres que, em diversos países já haviam experimentado mais liberdade e direitos e foram perdendo o espaço por conta dos movimentos religiosos tradicionalistas, como no Irã. Um movimento de recuo ocorre agora na Turquia, e parece haver algo assim na Síria.

No caso da Tunísia, Síria e Egito, por exemplo, havia e há muito de insatisfação com a situação econômica dos países; há os parentes indignados com as prisões a longo do tempo de quem é de oposição; há desejo de maior liberdade política. A Síria é uma ditadura de partido único submetida a uma família: Assad.

Em todos esses países há minorias religiosas temerosas pelo futuro. Há desejos de crescer de uma classe média, etc. Mas o que mal aparece nisso tudo, e que, penso é o que alimenta essa movimentação toda são as chamadas “forças ocultas”.

Uma crise nas ditaduras árabes favorece aos religiosos tradicionalistas que nunca se conformaram com perder o poder de mando na sociedade. Muito mais que o poder do Facebook, o que está vigorando hoje naquela região é o surdo rumor das mesquitas.
Claro que para os planejadores deve parecer que a revolta é natural, dos civis laicos, etc. Mas no fim das contas verificaremos, dentro de algum tempo, que as manifestações religiosas não eram desnecessárias, de fato elas é que estão por trás e alimentando as revoltas. O Oriente Médio será mais fechado dentro de alguns anos.
    

LEIA AQUI O DIZ HOBSBAWM, NA FOLHA DE SÃO PAULO:

O prestigiado historiador britânico Eric Hobsbawm comparou as revoltas no mundo árabe em 2011 às revoluções que explodiram na Europa no fatídico ano de 1848.

Em entrevista à BBC, Hobsbawm ressaltou que desta vez os movimentos de contestação são impulsionados pela classe média, e não pelo proletariado.

"Foi uma grande alegria redescobrir que é possível que as pessoas saiam às ruas para se manifestar e derrubar governos", disse o historiador, que passou toda sua vida ligado às revoluções.

Hobsbawm nasceu poucos meses antes da Revolução Russa, de 1917, e foi comunista a maior parte de sua vida, assim com um influente pensador marxista. Um de seus livros mais conhecidos, a Era das Revoluções, que retrata justamente as revoltas de 1848, é um clássico da historiografia.

Além de escrever sobre as revoluções, Hobsbawm também apoiou algumas revoltas. Com mais de 90 anos, sua longa paixão pela política aparece no título de seu mais novo livro: How to change the World (Como mudar o mundo) e em seu enorme interesse pela Primavera Árabe.

"A verdade é que eu tenho um sentimento de excitação e alívio", disse, ao receber a reportagem em sua casa em Hampstead  Heath, bairro no norte de Londres.

DEMOCRACIAS ÁRABES?

Para Hobsbawm, 2011 lembra outro ano de revoluções.

"Me lembra 1848, outra revolução impulsionada de forma autônoma, que começou em um país e depois se estendeu por todo um continente em pouco tempo", diz.

Naquele ano, um levante popular em Paris acabou se alastrando pela área da atual Alemanha e Itália e pelo Império Habsburgo (hoje Áustria).

Para quem ajudou a encher a praça Tahrir, no Cairo, derrubando o regime de Hosni Mubarak, em fevereiro, e agora teme pelo destino da revolução egípcia Hobsbawm tem uma palavra de alento.

"Dois anos após 1848, tudo parecia como se houvesse fracassado. Mas no longo prazo não houve fracasso. Conseguiu-se uma boa quantidade de avanços liberais. De modo que foi um fracasso imediato, mas um êxito parcial no médio prazo, ainda que não tenha sido na forma de revolução", diz.

Talvez com exceção da Tunísia, Hobsbawm não vê grandes possibilidades da democracia liberal ou governos representativos ao estilo ocidental triunfarem no mundo árabe.

O historiador ressalta ainda as diferenças entre os vários países varridos pela atual onda revolucionária.

"Estamos no meio de uma revolução, mas não de uma única revolução", diz.

"O que une (os árabes) é um descontentamento comum e forças de mobilização comuns: uma casse média modernizadora, sobretudo jovem, estudantes e, principalmente, uma tecnologia que permite que hoje seja muito mais fácil mobilizar os protestos", afirma.

LEIA O TEXTO INTEGRAL AQUI:


IMAGEM DE HOBSBAWM:
http://www.geledes.org.br/em-debate/colunistas/11114-trocando-mitos-por-historia-eric-hobsbawm

Nenhum comentário:

Postar um comentário