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De 1,7 milhão de quilômetros de estradas, o Brasil tem apenas 178 mil quilômetros pavimentados, mas grande parte está em maus estado de conservação. Exceto o Estado de São Paulo, que tem uma malha modernizada de rodovias de pista dupla (não livre de acidentes), a maioria das estradas brasileiras, sejam federais, estaduais ou municipais, são mal conservadas, não têm acostamento, têm péssima sinalização e pouquíssima fiscalização policial.
Esse quadro e mais o tamanho continental do Pais são a receita certa para milhares de acidentes, especialmente envolvendo caminhões. Pegar estradas movimentadas, com intenso tráfego de caminhões já é um perigo por si mesmo, mas arriscar viajar à noite é colocar uma corda no pescoço.
Estudos realizados por universidades, seguradoras e a experiência de policiais rodoviários indicam que é bastante alto o número de motoristas de caminhão que utilizam drogas ao dirigir. Uma frase, de um motorista entrevistado pela imprensa, é altamente significativa a respeito da ilusão provocada pelas drogas: "Aquele que sabe se drogar, sabe a hora de parar!" Não sei se esse motorista, hoje, está morto ou vivo, mas é mais um iludido pelo efeito das drogas.
Em parte, isso resulta de concepção do sistema de transportes do Pais. Um pais continental deveria contar com uma imensa malha ferroviária, deixando os caminhões para o sistema de distribuição de carga a partir de entrepostos ao longo das ferrovias.
Em parte, isso resulta de concepção do sistema de transportes do Pais. Um pais continental deveria contar com uma imensa malha ferroviária, deixando os caminhões para o sistema de distribuição de carga a partir de entrepostos ao longo das ferrovias.
Uma vez que isso não é assim, o Brasil convive com absurdos como uma carga ir do Rio Grande do Sul ao Pará, em mais de 4 mil quilômetros, por rodovia. Caminhões que percorrem dois, três ou 4 mil quilômetos em uma única viagem são comuns. Isso é um desastre, considerando o reflexo do custo do transporte sobre o valor final da carga. Isso também compõe o custo Brasil.
Longas distâncias, péssimas estradas, comissão por viagens. Esse é o coquetel do desastre. Para vencerem longas distancias, em dias de viagem, para ganhar um pouco mais no final do mês, os motoristas acabam aderindo ao estimulantes: rebites (anfetamina), cocaína e, agora, a desgraça nacional, o crack.
As drogas dão uma ilusão de bem estar, euforia, disposição. Apos horas drogado e guiando o motorista começa a se esgotar e pode dormir repentinamente ou começar a perder a capacidade de avaliar distancia e velocidade.
Pronto, está pronta a parte mais cruel de suas viagens. Logo, logo excede a velocidade, cochila, capota em uma curva ou bate de frente em um carro de família que ia em busca de descanso. Tragédia consumada. Milhares de mortos por ano.
O governo federal, que faz muita propaganda nos meios de comunicação, gastando um dinheiro que deveria ser usado para recapear estradas, contratar policiais, fazer mais rodovias, tem boa parte da culpa desse quadro. Segundo informações coletadas em reportagens, há mais de dez anos não se constroem rodovias no Brasil.
Um verdadeiro absurdo, considerando que a população cresce, a economia cresce, a frota caminhoneira cresce, as exportações crescem e precisamos desses recursos para que a economia funcione.
Enquanto nada acontece, milhares de vidas se perdem pelo Pais, enquanto burocratas fingem controlar gráficos, esquemas, estatísticas. Lá fora, longe dos escritórios, a realidade é bem mais cruel.
O CRACK E O MOTORISTA QUE LUTA PARA LARGAR O VICIO
A COCAÍNA E OS MOTORISTAS DE CAMINHÃO
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