ALGEMAS VERDES
Marcel Domingos Solimeo
Para Václav Klaus, o que devemos fazer é lutar pela liberdade, conviver com as mudanças climáticas moderadas do presente, e encorajar o desenvolvimento econômico e tecnologias mais eficientes. Dizer SIM à proteção do meio ambiente, e NÃO para o "ambientalismo".
No mesmo período em que a CNBB lançou a Campanha da Fraternidade, com o tema do Meio Ambiente, foi lançado o livro Planeta Azul em Algemas Verdes , de Václav Klaus, doutor em Economia pelo Instituto de Economia Tcheca de Ciências, político que exerceu diversas funções públicas e que ocupa atualmente a Presidência da República Tcheca.
VÁCLAV KLAUS |
O documento da Campanha parece ter sido escrito por algum "ambientalista" que faz da defesa da natureza uma ideologia ou religião, sem colocar qualquer dúvida ou restrição às afirmações e propostas de grupos militantes nacionais e, principalmente, estrangeiros.
Václav Klaus, ao contrário, mostra diversos estudos que contestam o catastrofismo em relação ao clima e às políticas propostas a respeito. O que diferencia esse livro, no entanto, é a abordagem do tema do ponto de vista dos riscos para a liberdade. O que está em jogo, afirma, "é a liberdade do ser humano e não o meio ambiente".
Argumenta que a ideologia ambientalista vê o ser humano como causa fundamental dos problemas do mundo. "A atitude dos ambientalistas para com a natureza é análoga à abordagem dada pelos marxistas às questões econômicas. O objetivo em ambos os casos, é substituir a evolução livre e espontânea do mundo (e da raça humana) por um planejamento de mundo ideal, central, ou ainda, para usar um adjetivo que está na moda, global".
Para o presidente tcheco, são os países pobres que irão sofrer mais, porque são agora reféns dos ambientalistas, que sugerem mudar radicalmente o mundo, independente das conseqüências, ao custo de vidas humanas e de restrições a liberdade individual. Chama ainda a atenção para a ligação entre o "ambientalismo" e o "malthusianismo", cujas previsões catastróficas foram desmentidas pelo avanço tecnológico, que também não é levado em conta pelos ambientalistas.
As manifestações de muitos cientistas e economistas contrárias às previsões catastróficas em relação ao clima podem ser resumidas em algumas questões que comportam muitas dúvidas: Há efetivamente um aquecimento global? Em caso afirmativo, ele foi causado por seres humanos? Em caso afirmativo, podemos fazer algo a respeito? Um aumento moderado da temperatura no futuro faria diferença?
Além de procurar responder a essas questões, o autor coloca outra, própria de economistas, que é qual é a relação custo/benefício das medidas que vem sendo propostas, concluindo que os custos são muito maiores do que eventuais benefícios.
Para Václav Klaus, o que devemos fazer é lutar pela liberdade, conviver com as mudanças climáticas moderadas do presente, e encorajar o desenvolvimento econômico e tecnologias mais eficientes. Dizer SIM à proteção do meio ambiente, e NÃO para o "ambientalismo".
O livro de Klaus mostra que, pelo menos, existem controvérsias em relação ao catastrofismo propagado pelo ambientalismo, o que deveria levar a que a CNBB fosse mais cautelosa ao se engajar em uma campanha dessa natureza.
Bastaria analisar os grupos que defendem as posições que ela adotou, para constatar que entre eles se destacam muitas ONGs estrangeiras que sistematicamente procuram prejudicar o desenvolvimento tecnológico e a expansão do agronegócio, o que interessa aos concorrentes do Brasil. Grupos contrários ao direito de propriedade e à economia de mercado, defensores do controle populacional e do aborto, e outros.
O que mais preocupa na Campanha da CNBB é que ela ataca o agronegócio e os transgênicos, prega a volta da agricultura familiar e sugere o consumo de alimentos orgânicos, o que parece ser a receita mais adequada para prejudicar os pobres e aumentar a fome no Brasil e no mundo.
Como afirmou o Arcebispo de Trieste, presidente do Observatório Internacional Cardeal Van Thuan, "muitas teorias são contrárias ao desenvolvimento em si mesmo... Prefeririam que a humanidade voltasse atrás, a uma sociedade natural... o que revela a falta de confiança no homem, na sua criatividade e na sua inteligência". Afirma ainda que "essas ideologias absolutizam a natureza, esquecendo-se que esta é para o homem, e não acreditando que o homem deva gerir e administrá-la sabiamente e não apenas conservar, como um museu".
13 de junho de 2011
O autor é economista da Associação Comercial de São Paulo.
Publicado na revista Banco Hoje.
Reproduzido do site:
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