O Rio de Janeiro parece ser um estado bem estranho. Há uma enorme violência urbana, com balas perdidas que insistem em acertas pessoas inocentes que não pediram para morrer. Pessoas teimosas, que cruzam o caminho dos bandidos que promovem guerras pelo domínio territorial. E os bandidos acham que são donos das pessoas de seus territórios, seus feudos, suas capitanias hereditárias.
No entanto, as autoridades em vez de desenvolverem um plano em segredo e ocuparem uma área para prender bandidos, avisam antes sobre a invasão.
Das duas uma: ou acham que avisar bem antes do assalto é bom para combater o crime, ou então já não podem tentar manter segredo de tantos espiões os bandidos têm na polícia.
Essa história de UPP é apenas um engodo. O governo avisa que vai invadir um morro, uma favela. Os bandidos, agrdecidos, mudam-se para outro morro, outra favela, levam as armas principais, o dinheiro do tráfico, as drogas. A Policia chega, ocupa o local, faz festa, os discursos dizem que é mais uma favela pacificada.
Bem, e o que aconteceu com os bandidos, as armas e as drogas?
NADA.
Vão para outro lugar e começam tudo novamente, até novo aviso. Será que o governador Cabral deixou de brincar de esconde-esconde quando criança? Os bandidos não vão deixar a vida fácil de traficantes por conta da vontade ou das falas sensacionalistas do governador na TV.
Os bandidos, de fato, não respeitam mais o poder. Não ligam para as leis, eles fazem as próprias leis de seu próprio território, e ainda controlam a população. Aterrorizam, aliciam crianças e jovens para o tráfico, dão armas a quem queira colaborar com a vigilância, matam com requintes de crueldade para amedrontar, cobram taxas, corrompem policiais, como lemos na imprensa com grande frequência.
E, fundamental, contam com a visão complacente e cínica da intelectualidade e de políticos demagogos. O Rio curte a Cultura Bandida. É bacana perambular na zona cinzenta do crime. Isso está nas crônicas, nos relatos de casos de amor bandido, nos documentários de sociologia vagabunda que justificam a vida marginal e no cinema. No Rio o crime parece não ser crime, apenas uma variante antropológica razoável.
E assim, de aviso em aviso, os bandidos vão se livrando do confronto direto com os policiais e com a Justiça. Enquanto isso, fazem do povo, já explorado pelo governo, seus escravos ou propriedade. Assim já é demais, não é?
Agora leiam a matéria de Leslie Leitão, de O Dia:
Tráfico instala portões em Parada de Lucas
Em um desafio às autoridades, criminosos erguem obstáculos em acessos à comunidade e ainda cobram pelas chaves para que moradores usem as entradas
POR LESLIE LEITÃO
Rio - Há quase um mês, moradores da Favela de Parada de Lucas, às margens da Avenida Brasil, tiveram seu direito de ir e vir cerceado por traficantes que controlam as bocas de fumo da região. Literalmente. Por ordem do homem que “manda” na comunidade e na vizinha Vigário Geral, Ronaldo Rocha Dias da Silva, o Tião, portões de ferro foram instalados em alguns acessos à favela. A denúncia feita por moradores foi comprovada no início da tarde de ontem, quando uma equipe de O DIA esteve no local.
Só quem paga R$ 10 por uma chave consegue passar pelo portão. O obstáculo principal fica a menos de 300 metros de um posto do Batalhão de Policiamento Rodoviário (BPRv), num acesso da Avenida Brasil. “Quem quis continuar entrando por ali teve de comprar a chave. Para quem não quis, o jeito é dar a volta por outra entrada”, explica, indignado, um senhor que mora na comunidade há mais de duas décadas.
O objetivo dos criminosos seria dificultar a entrada rápida da polícia na comunidade. Pelo relato de que quem vive em Lucas, todo o dinheiro arrecadado com a compra das chaves vai para as mãos de Tião. Outro traficante que faria parte desse esquema de cobrança, segundo moradores, é conhecido como Álvaro Peixão. “Imagine eu ter que comprar uma chave para cada pessoa daqui de casa. Vou gastar quanto?”, reclama uma dona de casa, onde moram seis pessoas.
O portão flagrado pela reportagem fica no acesso pela Rua Rubro-Negro, a última entrada antes do viaduto da Avenida Brasil. Ainda de acordo com relatos de moradores, algumas casas daquela região da comunidade foram invadidas por traficantes, que passaram a usá-las como esconderijo e depósito de drogas e armas.
Derrubada em fevereiro
O comandante do 16º BPM (Olaria), coronel José Macedo, disse que o portão já havia sido derrubado pouco antes do Carnaval. Ele afirmou que não tinha conhecimento de que os traficantes haviam recolocado o obstáculo no local.
“Na ocasião, quando surgiram as denúncias, fomos lá e constatamos que havia irregularidade. Por isso, derrubamos o portão. Desta vez, não chegaram novas denúncias. Mas com a chegada delas e a constatação desses bloqueios irregulares que limitam o direito de ir e vir, vamos agir novamente”, prometeu o comandante.
Para ele, os portões têm o objetivo de dificultar as ações da polícia dentro de Parada de Lucas.
Desfile de traficantes armados
Em março, a reportagem ‘Longe do sonho da UPP’, publicada em O DIA, revelou o poderio bélico e a afronta ao Estado de traficantes da facção Terceiro Comando Puro (TCP), desfilando com armas de guerra por seus territórios.
Imagens mostraram o arsenal de criminosos das favelas de Parada de Lucas, Serrinha (Madureira), Coreia (Senador Camará) e Vila Aliança (Bangu). Novas fotos de Lucas obtidas por O DIA — feitas entre o fim do ano passado e fevereiro deste ano — mostram mais traficantes à vontade na favela.
Uma das imagens mais desafiadoras é a de um traficante que fuma maconha dentro de um carro vermelho, exibindo um fuzil com luneta a tiracolo. Vários outros criminosos aparecem com armas poderosas e um deles prepara um cigarro da droga.
FUZIS APONTADOS PARA A AV. BRASIL
Outra imagem que revela mais desse poder desafiador do tráfico é a de criminosos fazendo a segurança da comunidade, apontando seus fuzis de grosso calibre para uma das principais entradas de Parada de Lucas. Um bandido mira na direção da Avenida Brasil, de uma rua próxima de onde um dos portões foi erguido.
Bandido mira na direção da via, de rua próxima de um dos portões | Foto: Reprodução de vídeo
“Usar esse acesso é horrível. Além do portão, há diversos quebra-molas colocados pelo tráfico para impedir a entrada rápida da polícia que destroem o carro de qualquer um”, reclama um morador.
Desde novembro, quando o então chefe do tráfico José Carlos Lopes, o Chope, foi morto, Ronaldo Rocha Dias da Silva, o Tiãozinho, assumiu o controle da favela. Sua faceta cruel, na verdade, não é novidade para os moradores da região.
No fim de 2009, ele foi um dos traficantes que expulsaram a família do pastor Odilon Calixto da Cunha da vizinha Vigário Geral, acusando-o de passar informações à polícia. Tião, de 30 anos, tem quatro anotações em sua ficha criminal e um mandado de prisão por tráfico.
Moradores têm que comprar chaves para passar!
(APÓS DENÚNCIA DE O DIA, A PM INFORMOU QUE DERRUBOU O PORTÃO HOJE (15) À TARDE)
http://odia.terra.com.br/portal/rio/html/2011/6/policia_derruba_portoes_instalados_pelo_trafico_em_parada_de_lucas_171495.html
http://odia.terra.com.br/portal/rio/html/2011/6/policia_derruba_portoes_instalados_pelo_trafico_em_parada_de_lucas_171495.html
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