O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ordenou que a Polícia Federal comece a investigar e localize o hacker que contou à imprensa ter invadido o site do PT e o correio eletrônico pessoal da presidente Dilma Rousseff.
O Brasil anda numa fase bem animada, com ataques de hackers a sites e sistemas operacionais de mais de 200 empresas e portais governamentais. Imagino que o ministro da Justiça deve ter entrado em acordo com o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, e atendido a sua vontade de contactar, talvez para contratar, os tais invasores.
Ou é isso, ou o governo não anda se entendendo em seus bastidores. Cardozo parece encarar como criminoso quem viola sites e emails alheios, o que de fato é verdade, diante da legislação. Já Mercadante parece meio deslumbrado com as diabruras dos garotos e chegou a falar à imprensa que seria muito interessante o Governo chamar os hackers para conversar, quem sabe pudessem ajudar a melhorar os sistemas operacionais. Que lindo!
Mercadante tem dia que parece que fica sonado e não avalia bem o que fala. Um ministro deve pesar muito bem as suas palavras. Tudo acaba caindo na Opinião Pública, e nem sempre dá para ficar dizendo que a culpa é da oposição, da "mídia", ou de FHC. Haja!
Hackers, sejam eles vistos como do bem ou do mal, por Mercadante, são pessoas tentando capturar propriedades alheias, sejam elas virtuais ou não. Invadem a privacidade, contabilidade, dados sigilosos. Isso costuma ser visto como crime.
Ocorre que, num ambiente, talvez, habituado à confecção de dossiês, nem sempre com informações verdadeiras, ou obtidas conforme as regras civilizadas, pode ser que alguns achem um pouco mais normal a ação de um hacker .
De certo modo é melhor mesmo tê-los como amigos que como inimigos. Mas ficar do lado deles, como amigos, pode colocar uma pessoa no campo oposto ao das leis, não é?
FOLHA DE S PAULO
Segundo conta Valdo Cruz, em matéria da Folha de hoje, um hacker copiou e-mails que ela recebeu durante sua vitoriosa campanha à Presidência da República, no ano passado. O rapaz tentou vender os arquivos a políticos de dois partidos de oposição, o DEM e o PSDB, mas disse que não teve sucesso.
A Folha encontrou-se com o hacker na segunda-feira (27), num shopping de Taguatinga (DF), a 20 km de Brasília. Ele não quis se identificar. Disse que se chama "Douglas", está desempregado, mora na cidade e tem 21 anos.
Na semana passada, uma onda de ataques de hackers teve como alvo sites de órgãos do governo federal. Segundo balanço divulgado pelo Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) na terça-feira (28), vinte portais do governo e 200 sites municipais, principalmente de prefeituras, foram atacados.
O mais crítico, segundo afirmou o diretor-presidente da empresa, Marcos Mazoni, foi o ataque ao site da Presidência da República, ocorrido na madrugada de quarta-feira (22).
No dia seguinte ao ataque, o grupo de hackers LulzSecBrazil, responsável pela maioria das ações, postou em sua conta no Twitter um link para um arquivo com supostos dados pessoais de Dilma, como números do CPF e do PIS, data de nascimento, telefones e signos.
"Douglas" afirma que não integra o grupo que realizou estes ataques.
Nenhum comentário:
Postar um comentário