25 AGOSTO 2011
A informação recolhida dos computadores do “Mono Jojoy” tem plena validade como prova judicial e pode servir como elemento principal para incorporar informações complementares derivadas do conteúdo dos computadores de “Raúl Reyes”, que é precisamente o que Piedad e sua equipe de defesa temiam.
A Procuradoria Geral da Nação acaba de abrir uma nova investigação disciplinar contra a ex-senadora Piedad Córdoba, cognomes “Teodora de Bolívar”, “Gaitán”, “La Negra”, derivada dos achados documentais nos computadores pessoais do abatido cabeça terrorista das FARC, Víctor Julio Suárez, cognome “Mono Jojoy”.
Isso explicaria a abrupta e aparatosa saída do país da senhora Córdoba, argumentando que fora ameaçada. É provável que alguma fonte da Procuradoria lhe tenha filtrado a informação e agora, se queria-se esgrimir como estratégia de defesa que a nova investigação constitui uma perseguição política que põe em risco sua vida, esse foi um argumento velho e conhecido dos que guardam relação com as organizações armadas no país desde há muitos anos.
A ex-congressista seria citada nos próximos dias para que se apresentasse ante funcionários do Ministério Público e explicasse sua relação ou vínculos com a guerrilha das FARC, e mais precisamente com o cabeça guerrilheiro, que morreu em um bombardeio durante a Operação Sodoma, em 23 de setembro de 2010, em La Macarena, Meta.
As primeiras versões indicam que nos computadores apreendidos pela Direção de Investigação Criminal e Interpol (DJIN), da Polícia Nacional, aparecem correios eletrônicos e documentos nos quais envolveriam a ex-senadora em atividades ilegais, que manteve alguns diálogos com o “Mono Jojoy” e outros integrantes do Secretariado das FARC.
Sua saída do país evitará a notificação pessoal para que compareça ao processo disciplinar, com o qual se estaria procurando evitar o desenvolvimento normal do procedimento, tratando de criar um clima político favorável à ex-funcionária e mostrando o Procurador como seu perseguidor, recusando-se que o novo processo é lícito em virtude do disposto pelo Art. 72 da Lei 734 de 2002, Código Disciplinar Único, aplicável aos Congressistas mesmo afastados do serviço, como é o caso da senhora Córdoba Ruíz.
Deve-se lembrar que a ex-senadora esquerdista também é investigada pela Corte Suprema de Justiça (CSJ) por sua presumível responsabilidade nos delitos de concerto para delinqüir e traição à pátria, por seus prováveis vínculos com a guerrilha das FARC, depois que seu nome apareceu mencionado em repetidas oportunidades nos computadores apreendidos do abatido guerrilheiro “Raúl Reyes”, em março de 2008 no Equador.
Entretanto, os dados dos computadores de “Reyes” não podem ser levados em conta por nenhum tribunal do país, depois que a CSJ sentenciou que as supostas provas contidas lá não cumpriram com os requisitos e, portanto, só servem para fixar algumas linhas de investigação.
A informação recolhida dos computadores do “Mono Jojoy” tem plena validade como prova judicial e pode servir como elemento principal para incorporar informações complementares derivadas do conteúdo dos computadores de “Raúl Reyes”, que é precisamente o que Piedad e sua equipe de defesa temiam, e que foi anunciado por parte da equipe investigadora da Procuradoria.
A investigação do Ministério Público teve origem nos arquivos dos computadores de “Raúl Reyes” que, segundo o ente disciplinar, foram “corroborados com outros meios de prova”, entre os quais mencionou traslados da Sala Penal da CSJ e do Ministério Público, registros do DAS das viagens da ex-senadora ao exterior, interceptações telefônicas legais a membros das FARC e o depoimento do ucraniano Viktor Tomnyuk, sobre sua relação com a frente das FARC. Outros documentos levados em conta pela Procuradoria são os informes da Interpol e as perícias do Corpo Técnico de Investigação (CTI) do Ministério Público e da DIJIN “sobre a autenticidade dos meios eletrônicos”.
Segundo o Ministério Público, com os elementos mencionados “conseguiu-se estabelecer que o cruzamento de documentos entre o grupo guerrilheiro e a senadora, nos quais se identificou com os cognomes de ‘Teodora’, ‘Teodora de Bolívar’, ‘a Negra’ e ‘a Negrinha’, a parlamentar se extra-limitou em suas funções, assim como na autorização dada pelo Governo para administrar o intercâmbio humanitário”.
A Procuradoria havia demonstrado, para aplicar a sanção disciplinar no primeiro processo, que Piedad Córdoba também “deu informação a este grupo à margem da lei sobre assuntos diferentes da libertação dos seqüestrados, entre eles, possíveis doações de governos estrangeiros a estados colombianos”. Segundo o organismo disciplinar, “constatou-se que a senadora Córdoba instruiu e solicitou às FARC que fornecessem provas de vida dos seqüestrados com a finalidade de favorecer governos de outros países. Do mesmo modo, efetuou declarações em diferentes atos públicos nos quais exerceu atos de promoção com o objetivo de favorecer os interesses do grupo subversivo”.
Agora tem-se que de maneira provável e igualmente utilizando de forma indevida informação classificada, que recebeu como senadora e intermediária entre o Governo e as FARC, ela alertou à narco-guerrilha sobre a iminência de operações militares de resgate de seqüestrados, com o que pôs em grave risco a vida e a integridade não só dos seqüestrados, como dos membros da Força Pública que intervieram nelas.
É um fato que a Corte Suprema de Justiça não pode continuar se esquivando e dilatando injustificadamente o processo penal contra a senhora Piedad Córdoba Ruíz, pois as provas, evidências e indícios contra ela são fortes e vão muito além do que a Corte teve como fundamento para privar da liberdade congressistas vinculados com a chamada para-política. Se estaria violando de maneira grosseira e arbitrária o princípio de igualdade frente à lei, se os magistrados insistem em dar um tratamento preferencial aos que resultam envolvidos na farc-política, algo que deve ser rechaçado e condenado pela sociedade colombiana.
Fonte: Colombia Opina
Tradução: Graça Salgueiro
TEXTO REPRODUZIDO DO SITE MIDIA SEM MÁSCARA:
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