É caro leitor, ou cara leitora, o diabo veste Zara? Mas o diabo é cheio de artimanhas, e ele também veste e usa outras marca de roupas e produtos em geral. Muito provavelmente o diabo tem filiais pelo mundo, na China, na Indonésia, na Índia, no Paquistão e outros paises do Oriente e asiáticos, onde não se respeitam os direitos trabalhistas, e isso afeta os nossos produtores, que não conseguem manter preços mais atrativos aos consumidores.
A globalização econômica criou um mecanismo curioso, e perverso, que permite que um país forneça a outros produtos por preços acessíveis. Assim é que temos dezenas de paises invadidos, por exemplo, por produtos Made in China. E, por aqui, pouca gente protesta.
Dizem alguns comentaristas conservadores e rabugentos que aprecio muito, que a esquerda vermelha hoje é verde, isto é, está disfarçada de verde para ocultar o seu recheio vermelho, que detesta o mundo capitalista. É gente que puxa fumo, defende a marcha da Maconha, usa sapatos de corda, detesta o capitalismo, mas não rejeita produtos chineses, mesmo so eletrônicos pirateados e feitos com trabalho escravo.
Assim, fazem um barulho danado contra as marcas “capitalistas” por “N” motivos, como a Zara, mas ignoram totalmente a situação de extrema penúria e exploração, sem quaisquer direitos, nem os de greve e organização, nos paises socialistas como a China.
Não aprovo que a Zara tivesse usado trabalho de terceirizados sem controle, mas isso não me impede de ver que, de modo geral, os produtos nacionais não estão conseguindo lutar ombro-a-ombro com muitos importados. Tais mil-ongueiros não fariam, talvez, barulho contra os produtos da Zara se eles fossem importados da China.
Aliás, os trabalhadores terceirizados neste caso são ínfima minoria em relação ao total que trabalha para contratados pela Zara. Claro, Zara deve zelar pela marca e seus contratados. Mas ela parece fazer isso corretamente por meio de auditorias constantes.
Aliás, os trabalhadores terceirizados neste caso são ínfima minoria em relação ao total que trabalha para contratados pela Zara. Claro, Zara deve zelar pela marca e seus contratados. Mas ela parece fazer isso corretamente por meio de auditorias constantes.
Lá na China não teriam, como aqui, condições de investigar “as explorações de mão de obra e trabalho escravo”. Sou contra a exploração do outro. Apenas indico a hipocrisia geral em que está mergulhado o Brasil.
Então temos uma situação curiosa. O que ongs no Brasil denunciam, como trabalho escravo, etc, realmente configura exploração. Mas essa gente associa isso apenas ao mundo capitalista, aos empresários “exploradores” do Brasil, onde os trabalhadores se organizam, têm sindicatos, os fiscais do ministério do trabalho chamam a imprensa militante para cobrir as “denúncias” , e onde existem Cuts “y otras cositas mas”.
Esquecem-se de observar, por outro lado, aquilo que é vendido no Brasil por um baixíssimo preço, e que está quebrando a indústria nacional: os produtos importados.
Também não sou contra a importação, em si. Comerciar faz parte da história humana.
Mas a situação alerta sobre as asfixia de impostos e taxas impostas aos cidadãos pela máquina do estado, cuja fome tributária não tem limites. O Estado gasta mais do que pode ou deve e cobra mais tributos, inviabilizando a economia. A demagogia dos políticos cria despesas e mais despesas, e os senhores acham que o dinheiro sai de onde?
CINISMO GENERALIZADO
Não duvido, até, que os próprios gravadores, câmaras de filmar e câmaras fotográficas dessa gente ongueira tenha sido comprada por um preço mais acessível (afinal são ongs supostamente sem grana, né?) na rua 25 de Março ou na Santa Ifigênia (locais de São Paulo onde se vende produtos importados e também muito contrabando).
Não duvido de que usem tênis e calças jeans e camisetas Made in China, de marcas internacionais, produzidos com baixos custos pelos coitados dos trabalhadores “quase escravos” chineses. Mas isso não lhes interessa.
Temos que combater, sim, a exploração no Brasil. Mas não precisamos ser cínicos. Os paises socialistas que se industrializaram e entraram no comercio internacional são os maiores poluidores do mundo e os maiores exploradores de mão de obra escrava do mundo. Se marcas internacionais se aproveitam disso é porque aqueles governos lhes permite, e ainda fatura em cima. E o povo, na miséria, agradece de joelhos, aceitando a exploração como se fosse uma dádiva divina.
Os preços baixos de produtos vendidos no Brasil –geralmente importados- acabam falando mais alto ao consumidor brasileiro da “era do milagre lulista” (outra farsa, pois isso é devido ao Plano Real) que tem um pouco mais de dinheiro no bolso. Esse consumidor não quer saber de onde vem o produto. Ele tem um comportamento prático: o que é mais barato e que pareça bom e de “marca”, de “grife”. E ele compra.
Outro dia vi um jornalista que é ongueiro e ao mesmo tempo milita sua onguice em um grande jornal de São Paulo (isso deveria acabar e jornais deveriam ter apenas jornalistas profissionais e não propagandistas de qualquer grupo) dizendo que é preciso aprovar uma lei para desapropriar quem explora mão de obra. Como se retirar a propriedade de um e passar para outro afetasse alguma coisa. Isso é uma mentalidade socialistóide de quinta categoria.
Nas redes sociais dondocas também protestaram contra a Zara, provavelmente de seus
computadores Mac trazidos a “custo zero” de Miami ou Nova Iorque, ou de seus IPhones e tablets importados, também sem os devidos impostos.
O Brasil é um imenso pais de gente “consciente” que protesta quando interessa. Protestar contra as grandes marcas da moda é um tipo de moda nos paises de hipócritas como o nosso.
TRABALHO ESCRAVO IMPORTADO
O problema do Brasil é muito mais sério. Não dá para ficar brincando de justiceiro com o imóvel alheio. A indústria no Brasil está passando por maus bocados porque há taxas, impostos, sobretaxas e sobreimpostos e impostos em cascata que inviabilizam qualquer competição com produtos vindos de paises como a China, exploradores de mão de obra. Alem da imensa corrupção que corrói o Pais.
Tais ongs deveriam fazer barulho também nos portos de Santos e Rio de Janeiro ou nas Ruas 25 de Março ou Santa Ifigênia. Mas ali não encontrariam o eco na mídia justiceira que encontram falando de Zara, Mc Donald´s, Nike e outras marcas. São mais cínicos que honestos.
E a competição dos produtos chineses produzidos a baixo custo chega a ser uma covardia, uma verdadeira obscenidade. Quando alguém vai a uma loja de marca internacional e paga caro por um produto feito no Brasil tende a achar ruim, comparando com os preços de produtos chineses ou comprados pelo Ebay. Chama os comerciantes de ladrões. Isso, de fato, é injusto.
Ocorre que os impostos no Brasil (o famoso custo Brasil, induzido pelos desmandos e pela corrupção generalizada) tornam impossível que alguém venda barato alguma coisa. Afinal, o comerciante ainda precisa acrescentar o valor dos aluguéis, o condomínio do shopping e outros custos, que inviabilizam uma concorrência decente (até taxas de proteção a bandidos e milícias).
O CASO DA ZARA
Semana passada o Ministério do Trabalho localizou dois fornecedores de roupas para a Zara que produziam as peças usando o que se chama de trabalho escravo. Trabalhadores imigrantes bolivianos explorados por inescrupulosos. A Zara foi multada e informou que a empresa tem auditorias e que essa foi a primeira vez que isso ocorreu. De fato. Há notícias anteriores?
A empresa notificou os fornecedores para que regularizem a situação. Segundo a porta-voz da empresa, Regiane Machado, a Zara importa da Espanha a maior parte do que é vendido, correspondendo o produzido no Brasil a 1% do total. E, no Brasil, a marca tem, por meio de seus contratos de fornecedores, cerca de sete mil trabalhadores absolutamente regularizados. A Zara pertence à Inditex, maior varejista do mundo, com 50 fornecedores no Brasil e cinco mil lojas no mundo.
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