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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A MORTE ANUNCIADA DA JUÍZA PATRÍCIA LOURIVAL ACIOLI, A JUIZA DO “MARTELO PESADO” . Ela era considerada linha dura contra o crime organizado. Pode ter sido morta por membros de milícias envolvendo policiais militares. Foi morta com 21 tiros.


Juíza Patrícia Acioli, 47 anos. (imagem Facebook) 

A vida da juíza Patrícia Lourival Acioli, de 47 anos, acabou tragicamente na  madrugada de sexta-feira, 12 de agosto.

“De hoje ela não passa. Já atrapalhou demais a nossa vida” devem ter pensado os seus assassinos, não necessariamente aqueles pistoleiros que ocupavam uma moto para o crime encomendado, mas os que planejaram a sua morte, certamente bandidos ligados ao crime organizado.

Gente ruim, milícias, isto é, possivelmente policiais que se cansaram de viver do lado da Lei e da ordem, passando para o outro lado, o lado do crime e da Morte.

“Hoje ela não escapará. Que a sua morte seja um aviso para esses juízes intrometidos que acabam com a nossa tranqüilidade”, devem ter imaginado os bandidos enquanto mandavam os algozes de Patrícia Acioli executar o bárbaro assassinato.

Pelo que se sabe, a juíza Acioli era linha dura, “martelo pesado” como se diz na linguagem da policia e da bandidagem. Mandava para a cadeia com a pena máxima.

Os condenados eram gente ruim, da pior espécie. Bandidos que viviam de tráfico, de mortes encomendadas, de seqüestrar traficantes para exigir dinheiro de suas famílias. E, muitas vezes, após receberem o valor do seqüestro ainda matavam suas vitimas.

Gente ruim, cruel, sem dó e nem piedade.

E a juíza, enterrada hoje  (12 de agosto às 16h30 no Cemitério de Maruí, em Niterói, cruzou o caminho dessa gente.

Já havia recebido muitas ameaças de morte.

A mulher era corajosa. Talvez confiasse nas mãos de Deus.
Todavia, nem sempre Deus parece dispor de tempo para tomar conta dos bons. Ou, quem sabe, ele escreva mesmo certo por linhas tortas. O certo é que ela a chamou para junto de si.

A juíza chegou só ao condomínio para onde havia se mudado há três meses com a família, em seu carro Fiat Idea. O carro nem era blindado. Patrícia não tinha seguranças. 

Talvez seja um absurdo deixar um juiz ameaçado desprotegido assim. A Justiça não pode e nem deve ser intimidada em uma democracia.

Sabe-se, contudo, que ela havia recebido muitas ameaças de morte, ao menos nos últimos cinco anos, conforme os relatos da imprensa. Houve um tempo, até, em que chegou a aceitar a proteção da escolta, mas depois a dispensou. Seu marido era da PM, talvez isso a tranqüilizasse. Mas o Estado descuidou da juíza, sim, pois ela era, evidentemente, um alvo fácil para os criminosos, ainda mais pelo tipo de casos que julgava.

Mulher corajosa. Chegou ao condomínio no fim de quinta, começo de sexta, passou por uma entrada e parou diante de casa. A entrada do condomínio foi trancada, em seguida por um carro não identificado (segundo os relatos da imprensa) e uma moto com dois pistoleiros encostou no carro da juíza. 

Ela nem teve tempo de descer do carro para abrir o portão de casa ou esboçar qualquer reação de fuga.

Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá.

Longo tempo. 

Vinte e um disparos secos cortaram o silêncio da noite. Calibres .40 e 45, anunciando a morte de Patrícia.

O fim da vida de uma mulher que lutava pela Justiça no Brasil. Uma vitória parcial para os canalhas.

Além do marido, Patrícia Lourival Acioli deixa três crianças, órfãs de mãe. Tempos cruéis.

Vinte e um disparos secos, um imenso tempo que eu espero, não tenham sido ouvidos pelas crianças. Ninguém gostaria de lembrar da mãe por meio do som de disparos feitos por bandidos. Isso é doloroso demais. 

RIGOR NA PUNIÇÃO

Segundo as matérias da imprensa, Patrícia era conhecida por atuar com rigor contra grupos de extermínio. Na lista de condenações há casos contra milícias e máfias dos combustíveis e dos transportes alternativos.

A assessoria do governador Sérgio Cabral informou que ele já entrou em contato com o secretário de Segurança José Mariano Beltrame e a chefe de Polícia Civil, Martha Rocha, pedindo agilidade na apuração do crime. Beltrame considerou o crime  extremamente grave e disse que já mobilizou as forças de segurança do estado para esclarecer o caso.

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