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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

"VADA A BORDO, CAZZO" MARCOU O DRAMA DO CONCORDIA, CEM ANOS APÓS A TRAGÉDIA DO TITANIC. Ordem cortante como aço dada por telefone pelo Capitão dos Portos de Livorno, Gregório di Falco, ao capitão Francesco Schettino. Embora tenha desviado da rota, Schettino, após o choque com imensa rocha submersa, ele fez manobra de mestre e girou o navio à esquerda 180 graus, levando-o a encalhar nas pedras junto ao Porto da Ilha Giglio. A manobra salvou milhares de vidas, o navio poderia estar a 90 metros de profundidade.


SCHETTINO ENCALHOU O CONCORDIA NAS
ROCHAS JUNO AO PORTO DE GIGLIO
(CORRIERE DELLA SERA)
Os italianos têm sangue quente, e isso foi demonstrado pelo diálogo entre di Falco e Schettino ao telefone. Embora o capitão do Concórdia não estivesse muito exaltado, parecendo mais esquivo e tenso, deixando a parte mais emotiva para di Falco que estava, realmente, indignado com o fato do capitão ter deixado o navio após o encalhamento.

GREGORIO DI FALCO
 Quando da divulgação das fotos de Gregorio di Falco e da gravação da conversa, não pude deixar de me surpreender com a figura do comandante do Porto de Livorno.

Leitor, na infância, dos fantásticos livros de Júlio Verne, vi nas fotografias de di Gregório o lendário Capitão Nemo de Vinte Mil Léguas Submarinas.
Embora Nemo fosse um sujeito solitário e meio do Mal, pois perambulava pelos mares em seu submarino Náutilus afundando navios, era decidido e firme. Di Falco esculhambou Schettino e disse que estava assumindo o comando.

Essa foi a fonte da identificação, di Falco agiu como um velho lobo do mar: comandante é comandante, nada de abandonar o navio!

Por tudo o que li sobre o drama dos milhares de passageiros do Concórdia (com até agora 11 mortos, 26 feridos e 28 ainda desaparecidos), o capitão Francesco Schettino fez duas coisas irregulares:

1. desviou o navio da rota para passar mais perto de Giglio, para homenagear um velho companheiro e para que os habitantes visse o navio mais de perto.

2. está sendo acusado de ter abandonado o navio e ficado em terra, de onde disse estar coordenando o salvamento. Por conta disso está, agora, em prisão domiciliar, por ordem judicial.

FRANCESCO SCHETTINO, DIR.
Vamos lá, não em defesa de Schettino, mas dos fatos:

1. Não é incomum transatlânticos fazerem pequenos desvios de rota para que os passageiros observem alguma cidade ou para saudar a população.

É tradicional nas viagens marítimas. Se a empresa autoriza ou não, não sei, mas quem viaja de navio já testemunhou isso, com certeza. Schettino tem 52 anos de idade e 30 de navegação, não sendo um novato, como alguns o chamaram.

Pode ter sido incauto, ou ter agido com excesso de confiança. Também estava acompanhado por uma loira de 25 anos, que não constava das listas de passageiros, com quem jantava numa saleta junto à Ponte de Comando. Mas na ponte estavam cinco ou seis auxiliares. O navio fazia o curso com piloto automático, controlado por computador.  

2. Schettino, após bater na rocha submersa, que cortou o navio como se fosse uma lata de sardinha, numa extensão de 70 metros, do lado esquerdo, disse que a rocha não estava sinalizada na carta náutica, e nem foi detectada pelos sofisticados aparelhos de navegação por GPS e segurança do Concórdia. Se não estava sinalizada, e estando submersa uns 8 metros abaixo da linha d´água, como poderia ser vista a olho nu?

A ROCHA ASSASSINA, COM ESTÁ SENDO CHAMADA NA
ITÁLIA. RASGOU O NAVIO EM 70 METROS.
(FOTO CORRIERE DELLA SERA)

Claro que tais questões terão que ser minuciosamente investigadas pelas autoridades, para apurar as responsabilidades. Objetivamente, o primeiro culpado é o capitão do navio, Francesco Schettino, que teria feito o desvio sem ordem da companhia Costa e é o responsável pela embarcação. As autoridades italianas não brincam em serviço. Vasculharam a cabine do capitão à procura de drogas como cocaína. Ele já disse que nem bebeu e nem usou drogas.

Mas se a rocha consta ou não das cartas náuticas é outro dado importante, e se foi ou não percebida pelo sistema de navegação do navio, também.

Após atingir a rocha submersa, que cortou parte do lado esquerdo do Concórdia, embaixo, o navio adernou um pouco à esquerda, enquanto fazia água nos fundos,mas seguiu adiante. A batida foi percebida, mas os passageiros foram informados de que era algo passageiro.

Após a a batida, Schettino seguiu com o navio em direção a Giglio alguns minutosà frente e fez uma conversão à esquerda, de 180 graus, ao sul, fazendo o navio adernar ao bordo direito, erguendo o furo para fora d´água. Foi uma manobra de mestre, pois conseguiu levar o Concórdia em baixa velocidade até as rochas da costa da Ilha de Giglio, onde encalhou nas pedras à beira de um precipício submarino de 90 metros de profundidade. Schettino disse que conhece muito bem a região e  nunca soube das pedras submersas.  

GRÁFICO MOSTRA A BATIDA E, DEPOIS, A MANOBRA À ESQUERDA QUE
ENCALHOU O NAVIO NA ILHA
(CORRIERE DELLA SERA)
Apesar de tudo ter acontecido à noite, e com o fato de muitos barcos salva-vidas não terem sido descido, devido à forte inclinação do Concórdia, milhares chegaram à ilha a nado, com os coletes.  

Mas muita gente da área de navegação critica o fato da tripulação ter agido de modo descoordenado ou meio se saber o que fazer, sendo muitos tripulantes asiáticos, paquistaneses ou filipinos, que não falavam a língua oficial do navio, o italiano.

O Concórdia foi encalhado em uma área de rochas, mas ainda está muito próximo de um canal com 90 metros de profundidade, para onde, por força da agitação do mar, ou de ventos fortes, pode ser levado de um momento para outro.

Essa é a razão da preocupação das autoridades em vistoriarem todo o barco, com ajuda de mergulhadores da Marinha para encontrarem, ainda, algum desaparecido vivo. Podem haver muitas partes com ar.

A moça que ia a bordo com o capitão, Domnica Cemortan, falou a uma televisão moldava, defendendo Francesco Schettino. A mulher, de 25 anos, era procurada pelas autoridades policiais para ser interrogada sobre os acontecimentos da passada sexta-feira.

A mulher estaria no navio no momento do naufrágio - existirão fotos de passageiros que mostram a jovem com o comandante - mas o seu nome não constaria na lista de passageiros, nem da tripulação. À televisão moldava ela assumiu-se como tradutora no navio, mas disse que estava de férias.

«Ele salvou milhares de vidas», afirmou Cemortan, dizendo que o comandante ordenou a evacuação e que se manteve com a sua equipa dentro do Costa Concordia, mesmo depois de a própria ter deixado o navio, pelas 23.50 horas.

No entanto, esta versão não coincide com as suspeitas das autoridades e relatos de vítimas. Franscesco Schettino terá mesmo abandonado o barco antes de ter início o processo de evacuação. Quando falava com di Falco, ao telefone, não estava no Concórdia.


CONCORDIA VISTO POR UM SATÉLITE
(REPROD. INTERNET)
O CONCORDIA E O TITANIC
Creio que o fato de milhões de pessoas terem assistido ao filme Titanic contribuiu, em muito, para a gigantesca repercussão quanto ao drama do Concordia. E há algumas curiosidades. O Concordia naufragou na noite 13 de janeiro de 2012, o Titanic na note de 14 de abril de 1912. Cem anos de diferença.

TITANIC
Segundo a Wikipedia:
O Concordia é muito maior, com peso de 114.500 toneladas, 290 metros de comprimento, largura de 35 metros, e capacidade para 3.780 passageiros e 110 tripulantes. Tem 1.500cabines. O Titanic tinha 66 mil toneladas e 269 metros.  

"O RMS Titanic foi um navio transatlântico da Classe Olympic operado pela White Star Line e construído nos estaleiros da Harland and Wolff em Belfast, na Irlanda do Norte.

Na noite de 14 de abril de 1912, durante sua viagem inaugural, entre Southampton, na Inglaterra, e Nova York, nos Estados Unidos, chocou-se com um iceberg no Oceano Atlântico e afundou duas horas e quarenta minutos depois, na madrugada do dia 15 de abril de 1912. Até o seu lançamento em 1912, ele foi o maior navio de passageiros do mundo.

Com 2.240 pessoas a bordo, o naufrágio resultou na morte de 1.523 pessoas, hierarquizando-o como uma das piores catástrofes marítimas de todos os tempos. O Titanic provinha de algumas das mais avançadas tecnologias disponíveis da época e foi popularmente referenciado como "inafundável" - na verdade, um folheto publicitário de 1910, da White Star Line, sobre o Titanic, alegava que ele fora "concebido para ser inafundável".

Foi um grande choque para muitos o fato de que, apesar da tecnologia avançada e experiente tripulação, o Titanic não só tenha afundado como causado grande perda de vidas humanas. O frenesi dos meios de comunicação social sobre as vítimas famosas do Titanic, as lendas sobre o que aconteceu a bordo do navio, as mudanças resultantes no direito marítimo, bem como a descoberta do local do naufrágio em 1985 por uma equipe liderada pelo Dr. Robert Ballard fizeram a história do Titanic persistir famosa desde então.(Wikipédia)

O TELEFONEMA DE DI FALCO COM A ORDEM:
"VADA A BORDO, CAZZO"



"VADA A BORDO, CAZZO"VIROU MÚSICA

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