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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A MORTE DE FIDEL CASTRO E ALFRED HITCHCOCK, EM CLIMA DE PSICOSE. Ou, um fantasma paira sobre Cuba, e ele se chama Fidel.

ATORMENTANDO RAULZITO E O POVO CUBANO

Além da lamentável sequência de cânceres em nossos queridos líderes latino-americanos (cuja origem foi claramente explicada por Hugo Chávez – os americanos inventaram uma máquina de produzir câncer em presidentes- ), e após a tristíssima notícia da morte do Inventor do Hambúrger e um dos maiores jogadores de golfe do mundo e líder  divinizado do povo coreano do norte, Kim Jong Il,  sou pego – outra vez – pela  devastadora informação a respeito da morte de Fidel Castro.

Outra vez? Quantas vezes  terá que morrer esse herói para nos deixar, enfim, em paz?

Outra vez, porque, nos últimos cinco ou seis anos, o dono da ilha de Cuba, um dos maiores latifundiários do mundo, já morreu diversas vezes, segundo as ondas que se espalham pela boataria da imprensa e, agora, pelo Twitter.

Serei bastante sincero com vocês: para mim não faz a menor diferença. Aliás, vou contar um segredo que estava muito bem guardado, como muitos segredos cubanos: Fidel Castro, se não sabiam, já morreu há alguns anos, de verdade, apenas se esqueceu de deitar. Tenho um amigo que costuma dizer: “ele fala e anda como se estivesse vivo”.

A questão do finado é que ele tem tanto ciúme de sua propriedade e de seus escravos
que não quer deixar a rapadura para os outros. É certo que seu irmão foi indicado para substituí-lo. E é o que Raulzito tenta fazer. Mas é muito incompetente.

A situação cubana é cada vez pior, apesar do congresso do Partido Comunista Cubano (PCC) (qualquer semelhança não é mera coincidência) que, no ano passado, apontou algumas soluções híbridas para tentar solucionar o insolúvel problema da economia do país.

Economia socialista não tem solução. Economia que funciona é apenas a de mercado. E com liberdades democráticas, se faz o favor. O resto é um coletivismo idiota que continua dentro do escopo de A revolução dos Bichos, de Orwell.

Os socialistas, comunistas, marxistas de cá enchem a boca para falar da educação e da saúde de lá. Engodo. Quando Fidel assumiu, em 1959, a ilha já era muito bem servida por um ótimo sistema educacional. A saúde tão cantada em  prosa e verso é apenas a preventiva. Fidel, ao ficar doente de verdade, foi tratado por médicos espanhóis.

Cuba não tem nada de tecnologia médica. Os doutores de Havana quase mataram o Chapolim de Caracas ao enfiarem os bisturis em sua barriga e ouras partes pudendas para tratar de um câncer que era na virilha, depois na próstata e depois no intestino.

Acontece que Fidel conta com um povo alegre, festeiro, num clima bom e de paisagens maravilhosas, o que lhes corrói, aos cubanos, o ânimo revolucionário. Eles sabem que moram em uma  granja, cercada por tubarões por todos os lados, aceitam a minguada ração diária, e seguem o velho ditado soviético, bem conhecido por todos: “eles fingem que nos pagam e nós fingimos que trabalhamos”.

E assim seguem a vida, uns enganando aos outros. Esperando as mesadinhas enviadas por seus parentes que moram na America. Claro que além dos tubarões, os cubanos temem o terrível sistema de prisões políticas, o que ajuda a desestimular qualquer tentativa de protesto, rebelião ou fugas. 

QUERIDINHA DO REGIME, WENDY GUERRA  ENTRA
E SAI DE CUBA QUANDO QUER.

Ultimamente está na moda por aqui, em círculos socialistas e esquerdistas, dizer que Cuba tem liberdade de expressão, afinal três ou quatro blogueiros, como Yoani Sánchez, podem fazer críticas ao regime, para o mundo ler, sem irem para a prisão.

Apontam, também, a belezoca Wendy Guerra, a escritora, da qua nada li, mas vi fotos (Uau!). Dizem os espanhóis que Wendy escreve bem. Também faz algumas críticas leves, ambíguas ao regime. Não sendo ela uma dissidente, e sendo uma crítica mansa, e uma gracinha, as autoridades a deixam entrar e sair do País. Qual cubano consegue isso? Um cubano entrar e sair de Cuba é uma das coisas mais difíceis. Ela funciona como ótima propaganda para o regime.

Imaginem a liberdade em um país no qual sendo cidadão, você não pode sair. E, conforme o que fizer lá fora, também não poderá entrar. Isso me lembra o projeto de abertura no Brasil, com os toques do General Golbery. Os blogs cubanos, nós aqui fora de Cuba podemos ler.

Em Cuba ninguém acessa nada, e a repressão está voraz, descendo o cacete e prendendo quem tenta ir para a rua fazer qualquer crítica ao novo presidente (isso lá é título para ditador?), Raúl Castro.

A reforma econômica não consegue sair do papel, pois é confusa e cheia de minúcias burocráticas. O que seriam dos burocratas sem as dificuldades que lhes dá poder? Criar dificuldades para gerar facilidades, sempre.

Enquanto isso a população precisa de alimentos, de dinheiro, de produtos básicos. Mas quer, fundamentalmente, liberdade. Outro dia Percival Puggina escreveu sobre o mar que derrubará o muro, um belo texto sobre a ilha-prisão cubana.

Mas essa queda depende de vontade do povo de ir à rua para derrubar a ditadura. Acho difícil. Fidel foi esperto e passou o poder para o irmão. Mas não deixa de fiscalizar das sombras. Ou da catacumba. 


SEM PRIMAVERA DO CARIBE

Não creio no povo cubano indo às ruas por uma razão muito simples: não creio na Primavera do Caribe. Assim como nunca me enganei com a Primavera Árabe. O povo árabe está sendo manipulado sutilmente por lideranças religiosas que permanecem nas sombras para derrubar os ditadores que não misturaram a religião com o Estado. Os religiosos querem ditaduras religiosas. É isso que os árabes terão.

Como em Cuba não há nada equivalente ao poder islâmico, ninguém irá às ruas para derrubar o regime. Segmentos do poder poderão tentar dar um golpe, e , depois, colocar o povo na rua para criar a impressão de apoio. 

Mas isso não é muito fácil. O cadáver de Fidel está quente demais, por enquanto.


PSICOSE, FIDEL E NORMAN BATES

Às vezes relembro a cena de Psicose, de Alfred Hitchcock, em que se percebe o vulto da mãe de Norman Bates, o estranho assassino dono do motel Bates. Depois se descobre que Bates vai sempre ao quarto da mãe para conversar com ela.

Mas ela está morta há muitos anos. Norman Bates era um hábil empalhador de animais. Havia matado a mãe e conservava a sua múmia embalsamada, sentada em uma cadeira de balanço. Era o vulto que se via da janela. E era com a múmia embalsamada que ele conversava, animadamente. Talvez para expurgar a culpa, talvez por absoluta falta de companhia.

Penso em Fidel assim. Uma múmia que Raul terá que manter na cadeira de balanço para não alimentar a discórdia entre os abutres interessados no espólio do regime. Uma das melhores abordagens que li sobre o pós-morte fidelino é a do livro “A ilha do doutor Castro”, dos jornalistas franceses Corinne Cumerlato e Denis Rousseau.

Os jornalistas são impiedosos e crus em descrever a vida em Cuba, como excelentes jornalistas que são. São jornalistas, não ratos. Aquilo é uma verdadeira merda.

A MÚMIA DA MÃE DE NORMAN BATES

Os autores apontam seis cenários, seis hipóteses sobre o que pode acontecer a Cuba após a morte de Fidel. Leiam o livro, é excelente. Uma delas é a que acontece agora em Cuba.

Não sei como a nossa gente da esquerda chique vai até lá descansar, lamber as botas de Fidel, e finge que não vê a situação daquele povo. Manter pessoas como se aquilo fosse uma granja, um chiqueiro em que os porcos devem parecer felizes  por receberem suas rações de milho diárias.

Não é muito diferente do que vimos agora na Coréia do Norte, aquele show de histeria coletiva. Eram todos de Pyongyang ou gente ligada ao partido garantindo a sua ração diária. Um espetáculo. Um teatro. Animais amestrados de circo.Puro cinismo e oportunismo. Absoluto condicionamento. O melhor da educação socialista comunista.

Assim, voltando ao início, não me surpreende a notícia da morte de Fidel Castro. Ele, de fato, já está morto. O seu irmão é que precisa manter a múmia embalsamada na janela, para ser vista pelas multidões na Praça da Revolução e não despertar a sede de poder, e de mais sangue, além do muito que já foi derramado.

Sobre Cuba é preciso ler:

A Ilha do Doutor Castro - a transição confiscada (Cumerlato e Rousseau);
O Eixo do Mal Latino-americano (Heitor de Paola);
O verdadeiro Che Guevara e os idiotas que o idolatram (Humberto Fontova) (com vídeo incluso);
O apoio de Cuba à Luta Armada no Brasil (Denise Rolemberg);
Cuba, a tragédia da Utopia (Percival Puggina).

Se você apenas foi a Cuba e não leu tais livros, não diga nada sobre o regime, nunca saberá a verdade. Lá só propaganda enganosa. Em hotéis cinco estrelas para turistas você não tem como saber a verdade.


FOTO DE WENDY GUERRA DE DANIEL MORDZINSKI:
http://www.danielmordzinski.com/#/home

MÚMIA DE PSICOSE:

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