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sábado, 28 de janeiro de 2012

A TRAGÉDIA NO RIO DE JANEIRO E O HOMEM QUE NASCEU DO ELEVADOR. O desabamento de três edifícios já tem o triste saldo de 17 mortos confirmados e 9 desaparecidos.

ALEXANDRE FONSECA, FILHO DE IONEIDE E, 31 ANOS DEPOIS,
NASCEU NOVAMENTE, DE UM ELEVADOR. 
Imagem reprodução de O Dia
Vi pela televisão a narrativa de Alexandre da Silva Fonseca, ajudante de pedreiro, de 31 anos, o homem que, agora, se quiser, pode dizer que nasceu duas vezes. A primeira, de sua mãe Ioneide da Silva Foseca Santos; a segunda, num absolutamente incrível lance de sorte, de um elevador em queda.

Sim, de agora em diante, Alexandre Fonseca, que faz aniversário no dia 13 de fevereiro, pode comemorar duas vezes por ano os seus nascimentos. Poucas pessoas têm tanta sorte.

É muito raro alguém sobreviver a um elevador despencando. Geralmente as notícias são trágicas. A Morte sempre as espera no fundo do poço.

Mas Alexandre, que trabalhava em uma obra no nono andar do Edifício Liberdade, aquele de 20 andares que desabou sobre os outros dois, foi ajudado pelas parcas, que desistiram dele no último momento.

Alexandre contou que estava levando materiais de trabalho pelo elevador quando chegou ao nono andar para descarregar. Ouviu um forte estalo e parece que o mundo começou a acabar. Com um reflexo rápido, voltou para dentro do elevador.

Um elevador é a última rota de fuga que alguém deve procurar. Elevadores quando despencam somente param no fim da linha.

Mas para onde fugir? Tudo estava caíndo. Ele procurou se proteger dentro do elevador. Foi a sua sorte, pois o elevador iniciou uma queda, provavelmente devido ao afrouxamento dos cabos. Veio abaixo, mas como o prédio estava desabando, logo deu uns trancos e parou.

Isso foi perto das 20h30. Mais tarde, quando começaram a chegar o bombeiros e as buscas, Alexandre descobriu que estava na altura do sexto andar. Sua queda não foi tão grande quanto imaginou, e a cabine do elevador acabou savando a sua vida. Ficou algum tempo sem saber o que havia acontecido, trancado, no escuro daquele útero de ferro.

LIBERDADE

A vida é curiosa, um edifício (de 20 andares) tinha o nome de Liberdade, o outro era 13 de Maio, e o de dez andares, Colombo. Ninguém sabe ainda o que levou ao desabamento do Liberdade, de concreto armado, sobre os outros, de alvenaria comum. 

Só há especulações. Talvez houvessem cortado vigas ou colunas; talvez ninguém tenha obtido autorização da prefeitura para a obra; não havia registro da obra no CREA; talvez não ouvesse um engenheiro responsável; não se sabe se o prédio era vistoriado anualmente. 

Liberdade. Liberdade demais, sem regras, acaba em confusão. Não à toa, embora com certo exagero, jornais do mundo todo questionam se o Brasil pode, mesmo, ser uma sede decente para a Copa do Mundo de Futebol.

De algum modo têm um pouco de razão, pois a imprensa tem mostrado que tudo anda no piloto automático, ninguém assume a responsabilidade; a qualquer momento vão atribuir a culpa ao próprio edifício, dizendo que já estaria cansado de viver e... desabou de cansaço.

Mas, que fique claro para todos, mesmo para o governador Cabral, muito ocupado para ir até lá dizer algo para os parentes das vitimas: ninguém sabe nada ao certo, mas dos escombros já saíram 17, e podem ainda sair mais 9. Excesso de LIberdade. Essa é a única certeza.
      




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