FERNANDO SENDO LEVADO PELA POLÍCIA APÓS OITO HORAS DE GRANDE TENSÃO. |
O que, afinal, aconteceu na Aclimação?
Essa é uma das perguntas que ainda podemos fazer, sem uma
resposta precisa, uma semana depois do acontecido. O processo relativo à
solicitação de sua mãe para a sua internação está sob segredo de Justiça, pois é
uma questão familiar. Mas as conseqüências da tentativa de interná-lo à força
foram públicas e dramáticas.
O caso do Atirador da Aclimação é um exemplo típico da
pequenas falhas que, ao longo de um certo tempo, resultam em um enorme
problema. Nessa história, que parecia dever terminar com um passeio de ambulância,
para Gouveia, realmente acabou com três feridos, um gravemente, e a real
possibilidade de um tiroteio entre Fernando e tropas especiais da Policia
Militar.
Isso precisaria ter chegado a esse ponto?
Sim, eu sei, logo nos esqueceremos do caso do Atirador da
Aclimação. Assim passou a ser chamado pela imprensa o administrador de empresas
Fernando Behmer Cesar de Gouveia Buffolo, de 33 anos, que atirou contra seis
pessoas na última quinta-feira (18) (três civis, feridos; e mais três militares que
não foram atingidos por estarem atrás de um escudo blindado).
Durante oito longas e tensas horas ele manteve a atenção pública
focada sobre um sobrado verde da Rua Castro Alves. Dentro do sobrado Fernando e
suas armas. Mas sobre isso ninguém sabia nada ainda.
Segundo consegui compreender do mosaico de narrativas
diferentes de diferentes sites de informação, jornais, emissoras de rádio e TV,
três pessoas foram à casa onde estava
morando Fernando para, com base em uma ordem judicial, levá-lo para um hospital
psiquiátrico, para internação para exames, por ser esquizofrênico.
A casa é uma daquelas antigas, sem jardim, com a porta que se abre direto na
calçada, geminada a outras casas, como em uma pequena vila. O sujeitos teriam
batido na porta e, quando esta foi aberta, entraram falando, para a moça que os
atendeu, que iam levá-lo para internação.
PERGUNTAS
Quando a porta se abriu, os três estavam na
calçada, certamente. Teriam se identificado adequadamente?
Teriam sido convidados a
entrar? A moça que os atendeu, aparentemente a dona da casa, com
quem morava Fernando, teria ficado nervosa e começado a gritar. Com o que ela ficou nervosa? Porque queriam levá-lo, ou porque entraram intempestivamente na casa?
Ouvindo os gritos, Fernando pegou uma arma e veio dos fundos
em direção à entrada. Ao ver os estranhos dentro de casa não titubeou e apertou
o gatilho. O oficial de justiça que havia ido buscá-lo tomou um tiro no peito.
Em seguida o enfermeiro levou um tiro no rosto.
Sim, Fernando puxou o gatilho. Aqui não importa que ele
tivesse armas em casa (o coronel da PM que fez a negociação, depois, disse à
Jovem Pan que as armas eras legalizadas. Era um direito dele), o que importa é
saber, exatamente, agora, como foi que os três entraram na casa dele. Pedindo
licença? Ou, com base na ordem judicial, forçando a passagem, escudados na
ordem mesma? Tipo, sabe com quem está falando?
Detalhes, diria Roberto Carlos.
Mas detalhes importantes.
Importantes, sim, pois os oficiais
de Justiça vão cumprir mandados judiciais, mas creio que sejam bem treinados
para diferentes situações. Isso pode ser arriscado. O mesmo deve acontecer com enfermeiros de urgências. Podem encontrar pessoas irritadas ou assustadas pela frente, e precisam ser bem preparadas para lidar com tal situação.
Será que tudo aconteceu conforme o protocolo? Deve haver um protocolo,
não? Ou não?
Esquizofrênico ou não, isso não significa que, na hora em
que entraram em sua casa (ou invadiram?), estivesse surtando. Pode, muito bem,
ter achado que assaltantes haviam entrado na residência, após os gritos da mulher, e foi isso que disse
ao delegado. Fernando alegou legítima defesa.
Isso é realmente crucial. Ele atirou em três pessoas e as
feriu.
TRÊS POLICIAIS ESCAPARAM DO CHUMBO POR ESTAREM ATRÁS DE ESCUDO DE PROTEÇÃO |
Depois que a PM chegou e tentou entrar, ele atirou novamente contra os
policiais que estavam atrás de um escudo. Mas quando a PM chegou ele já poderia
estar transtornado pelos primeiros
acontecimentos. Ou não?
Primeiro atirou no que ele achou que fossem três invasores. Poderia
estar normal. Depois atirou na Polícia. Talvez isso nem tivesse acontecido se
ele não se confundisse no início. Agora será indiciado por tentativa de homicídio.
Mas, como isso envolve, agora, a vida de Fernando, vejam a importância
de saber como foi que aconteceu a chegada dos três à casa dele para levá-lo. Foi
o ato de um maluco ou ato legítimo de defesa? Estava tudo perfeitamente bem esclarecido?
Porque a mulher gritou? Claro quenão é a toda hora que temos casos de pessoas que atiram em invasores (se foi o caso). Mas lembarm-se da velhinha que matou a tiros um bandido, em Caxias do Sul, há alguns meses? Essas coisas podem, sim, acontecer.
LAUDO SEM CONSULTA
O oficial de Justiça foi à casa de Fernando com um mandado
judicial. O mandado judicial foi expedido por um juiz que teve em mãos um laudo
de um psiquiatra. Agora ficamos sabendo, conforme a imprensa, tendo como fonte
o advogado de Fernando, que o medico psiquiatra deu um laudo para exame de
esquizofrenia sem nem conhecer o rapaz! Pasmem!
Isso parece correto e razoável?
Um laudo à distância. Será que isso está dentro dos protocolos médicos?
Vejam que sequência de aparentes pequenas falhas! E alguém
poderia ter morrido!
Até agora não li matéria questionando alguma associação médica
sobre se isso é certo ou comum. Alguém pode ser examinado indiretamente? É assim que se faz? Havia algum riscoiminente? fernando não estava srtando, aoque parece. Não há queixa dos vizinhos.
Vejam que, até agora, não estou dizendo que Fernando não possa
ter um parafuso a menos. Que não seja esquizofrênico. Não! Estou questionando
os pequenos procedimentos que profissionais tomam todos os dias, meio de forma
automática, algo que pode ser muito perigoso.
O pai de Fernando teria dito ao defensor do rapaz que ele de
fato teria algum problema, mas que não sabia que a mãe do rapaz havia pedido ao
médico um laudo e nem ao juiz a ordem de internação para exames.
ARMAS DE FERNANDO |
A dona da casa seria uma psicóloga amiga dele que o protegia
e que, segundo alguns amigos dele, o mantinha afastado de todos. Isso a Justiça
ficará sabendo. O que ainda não sabemos é se Fernando, o administrador, com 33
anos de idade, admistrava alguma coisa além de pistolas, carabinas, facas e
espadas, que tinha em quantidade. Ou se fazia algo além de, segundo li na
imprensa, imaginar que tinham colocado chips em seu corpo. O que era administrado por Fernando, afinal?
Vejam que a história é complicada.
Fernando disse na policia que não é maluco. Coisa de que foi chamado pela imprensa. Disse que invadiram
a casa. O juiz, depois, ao perceber a confusão toda, impediu a internação num hospital
psiquiátrico porque o laudo não era verdadeiro (isto é, não decorreu de exame
do paciente) e talvez agora mande um psiquiatra forense fazer o exame no rapaz.
Eu não sou crente daquela idéia rocambolesca, de ecologistas
fanáticos, de que se uma borboleta bater suas asas no Brasil poderá provocar um furacão na Ásia.
Mas acredito bastante que a soma de pequenas falhas de
procedimento, e falhas de comunicação, quando
se envolvem muitas pessoas, ah, isso sim, isso pode produzir uma confusão danada,
imensa.
Até com feridos e mortos.
FERNANDO:
ARMAS:
CASA DE FERNANDO:
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