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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

DE UM LADO O ATIRADOR DA ACLIMAÇÃO, DO OUTRO TRÊS FERIDOS A BALA. Fernando Gouveia achou que invadiam sua casa. Os estranhos foram buscá-lo por ser esquizofrênico, com uma ordem judicial baseada em um laudo de um psiquiatra que nunca o vira antes. A imprensa o chama de louco. O que aconteceu realmente naquela manhã paulistana da tranqüila Aclimação?

FERNANDO SENDO LEVADO PELA POLÍCIA
APÓS OITO HORAS DE GRANDE TENSÃO.


O que, afinal, aconteceu na Aclimação? 

Essa é uma das perguntas que ainda podemos fazer, sem uma resposta precisa, uma semana depois do acontecido. O processo relativo à solicitação de sua mãe para a sua internação está sob segredo de Justiça, pois é uma questão familiar. Mas as conseqüências da tentativa de interná-lo à força foram públicas e dramáticas.

O caso do Atirador da Aclimação é um exemplo típico da pequenas falhas que, ao longo de um certo tempo, resultam em um enorme problema. Nessa história, que parecia dever terminar com um passeio de ambulância, para Gouveia, realmente acabou com três feridos, um gravemente, e a real possibilidade de um tiroteio entre Fernando e tropas especiais da Policia Militar.

Isso precisaria ter chegado a esse ponto?

Sim, eu sei, logo nos esqueceremos do caso do Atirador da Aclimação. Assim passou a ser chamado pela imprensa o administrador de empresas Fernando Behmer Cesar de Gouveia Buffolo, de 33 anos, que atirou contra seis pessoas na última quinta-feira (18) (três civis, feridos; e mais três militares que não foram atingidos por estarem atrás de um escudo blindado).

Durante oito longas e tensas horas ele manteve a atenção pública focada sobre um sobrado verde da Rua Castro Alves. Dentro do sobrado Fernando e suas armas. Mas sobre isso ninguém sabia nada ainda.

Segundo consegui compreender do mosaico de narrativas diferentes de diferentes sites de informação, jornais, emissoras de rádio e TV,  três pessoas foram à casa onde estava morando Fernando para, com base em uma ordem judicial, levá-lo para um hospital psiquiátrico, para internação para exames, por ser esquizofrênico.

A casa é uma daquelas antigas, sem jardim, com a porta que se abre direto na calçada, geminada a outras casas, como em uma pequena vila. O sujeitos teriam batido na porta e, quando esta foi aberta, entraram falando, para a moça que os atendeu, que iam levá-lo para internação.

PERGUNTAS 

Quando a porta se abriu, os três estavam na calçada, certamente. Teriam se identificado adequadamente? 

Teriam sido convidados a entrar? A moça que os atendeu, aparentemente a dona da casa, com quem morava Fernando, teria ficado nervosa e começado a gritar. Com o que ela ficou nervosa? Porque queriam levá-lo, ou porque entraram intempestivamente na casa?

Ouvindo os gritos, Fernando pegou uma arma e veio dos fundos em direção à entrada. Ao ver os estranhos dentro de casa não titubeou e apertou o gatilho. O oficial de justiça que havia ido buscá-lo tomou um tiro no peito. Em seguida o enfermeiro levou um tiro no rosto.

Sim, Fernando puxou o gatilho. Aqui não importa que ele tivesse armas em casa (o coronel da PM que fez a negociação, depois, disse à Jovem Pan que as armas eras legalizadas. Era um direito dele), o que importa é saber, exatamente, agora, como foi que os três entraram na casa dele. Pedindo licença? Ou, com base na ordem judicial, forçando a passagem, escudados na ordem mesma? Tipo, sabe com quem está falando?

Detalhes, diria Roberto Carlos. 

Mas detalhes importantes. Importantes, sim,  pois os oficiais de Justiça vão cumprir mandados judiciais, mas creio que sejam bem treinados para diferentes situações. Isso pode ser arriscado. O mesmo deve acontecer com  enfermeiros de urgências. Podem encontrar pessoas irritadas ou assustadas pela frente, e precisam ser bem preparadas para lidar com tal situação.

Será que tudo aconteceu conforme o protocolo? Deve haver um protocolo, não? Ou não?

Esquizofrênico ou não, isso não significa que, na hora em que entraram em sua casa (ou invadiram?), estivesse surtando. Pode, muito bem, ter achado que assaltantes haviam entrado na residência, após os gritos da mulher, e foi isso que disse ao delegado. Fernando alegou legítima defesa.

Isso é realmente crucial. Ele atirou em três pessoas e as feriu. 

TRÊS POLICIAIS ESCAPARAM DO CHUMBO POR ESTAREM
ATRÁS DE ESCUDO DE PROTEÇÃO

Depois que a PM chegou e tentou entrar, ele atirou novamente contra os policiais que estavam atrás de um escudo. Mas quando a PM chegou ele já poderia estar  transtornado pelos primeiros acontecimentos. Ou não?

Primeiro atirou no que ele achou que fossem três invasores. Poderia estar normal. Depois atirou na Polícia. Talvez isso nem tivesse acontecido se ele não se confundisse no início. Agora será indiciado por tentativa de homicídio.

Mas, como isso envolve, agora, a vida de Fernando, vejam a importância de saber como foi que aconteceu a chegada dos três à casa dele para levá-lo. Foi o ato de um maluco ou ato legítimo de defesa? Estava tudo perfeitamente bem esclarecido? Porque a mulher gritou? Claro quenão é a toda hora que temos casos de pessoas que atiram em invasores (se foi o caso). Mas lembarm-se da velhinha que matou a tiros um bandido, em Caxias do Sul, há alguns meses? Essas coisas podem, sim, acontecer.  

LAUDO SEM CONSULTA

O oficial de Justiça foi à casa de Fernando com um mandado judicial. O mandado judicial foi expedido por um juiz que teve em mãos um laudo de um psiquiatra. Agora ficamos sabendo, conforme a imprensa, tendo como fonte o advogado de Fernando, que o medico psiquiatra deu um laudo para exame de esquizofrenia sem nem conhecer o rapaz! Pasmem! 

Isso parece correto e razoável? Um laudo à distância. Será que isso está dentro dos protocolos médicos?

Vejam que sequência de aparentes pequenas falhas! E alguém poderia ter morrido!

Até agora não li matéria questionando alguma associação médica sobre se isso é certo ou comum. Alguém pode ser examinado indiretamente? É assim que se faz? Havia algum riscoiminente? fernando não estava srtando, aoque parece. Não há queixa dos vizinhos.  

Vejam que, até agora, não estou dizendo que Fernando não possa ter um parafuso a menos. Que não seja esquizofrênico. Não! Estou questionando os pequenos procedimentos que profissionais tomam todos os dias, meio de forma automática, algo que pode ser muito perigoso.

O pai de Fernando teria dito ao defensor do rapaz que ele de fato teria algum problema, mas que não sabia que a mãe do rapaz havia pedido ao médico um laudo e nem ao juiz a ordem de internação para exames.

ARMAS DE FERNANDO

A dona da casa seria uma psicóloga amiga dele que o protegia e que, segundo alguns amigos dele, o mantinha afastado de todos. Isso a Justiça ficará sabendo. O que ainda não sabemos é se Fernando, o administrador, com 33 anos de idade, admistrava alguma coisa além de pistolas, carabinas, facas e espadas, que tinha em quantidade. Ou se fazia algo além de, segundo li na imprensa, imaginar que tinham colocado chips em seu corpo. O que era administrado por Fernando, afinal?

Vejam que a história é complicada.

Fernando disse na policia que não é maluco. Coisa de que foi chamado pela imprensa. Disse que invadiram a casa. O juiz, depois, ao perceber a confusão toda, impediu a internação num hospital psiquiátrico porque o laudo não era verdadeiro (isto é, não decorreu de exame do paciente) e talvez agora mande um psiquiatra forense fazer o exame no rapaz.

Eu não sou crente daquela idéia rocambolesca, de ecologistas fanáticos, de que se uma borboleta bater suas asas no  Brasil poderá provocar um furacão na Ásia.

Mas acredito bastante que a soma de pequenas falhas de procedimento, e falhas de comunicação,  quando se envolvem muitas pessoas, ah, isso sim, isso pode produzir uma confusão danada, imensa.

Até com feridos e mortos.  

FERNANDO:
ARMAS:
CASA DE FERNANDO:
     

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