PALMERINA PIRES RIBEIRO, 80 ANOS. CAFÉ COM LEITE NA VEIA |
A morte de alguém, para uma família já é absolutamente
dolorosa. Hospitrais, embora locais de cura, são, sempre, deprimentes. Ali ocorrem histórias lindas, de recuperação, mas também histórias verdadeiramente escaborasas, absurdas, como a da senhora Palmerina Ribeiro. O que dizer quando uma pessoa está internada, se recupera de uma
doença, todos esperam com alegria a sua volta e... ela morre... por um descuido
no atendimento?
Foi o que aconteceu com a senhora Palmerina, em São João do
Meriti (RJ). O mais chocante foi ler e ouvir a estagiaria Rejane Moreira Telles,
de 23 anos, dizer que “qualquer um se confunde”. Ela se referia aos diferentes
tubos (cânulas) que conduzem diferentes líquidos ou substâncias ao corpo de um
paciente. Alguns são para remédios, outros para respiração, outros para alimentação.
REJANE MOREIRA TELLES, 23 ANOS "QUALQUER UM SE CONFUNDE" |
Eu sei, muita coisa para um novato, uma estagiaria só. Mas
imaginem o seguinte:
Você leva o carro ao borracheiro e ele troca a roda do carro,
mas não põe os parafusos de volta... acidente na certa. Ou vai a um dentista e
ele deve tratar o canal de um molar mas o sujeito lhe arracanca um canino.
Erros acontecem? Claro, somos humanos. Mas fiquei meio
estupefato com a resposta ou desculpa da moça, uma vez que parece que ela não processou
intimamente, ainda, que o resultado de seu pequeno erro foi a morte da paciente
Palmerina.
Espero que o modo da jovem estagiária encarar os graves fatos em que se envolveu não seja uma cópia -deve ter visto muito na TV- do comportamento do ex-presidente Lula afagando os mal-feitos de seus companheiros aloprados: "foi sóm um erro", dizia à imprensa o homem. Maus exemplos costumam se espalhar como praga, ainda mais vindo de tão alta fonte.
ERRO E ACERTO EM HOSPITAL, NÃO DÁ.
Certas técnicas podemos, sem dúvida, aperfeiçoar por meio da
pratica, do erro e do acerto. Mas Rejane é aluna de um curso técnico, talvez
devesse treinar mais lá nas salas de aula (existem laboratórios para o treino?)
antes de poder aprender com pacientes reais, de carne e osso. Cuidar de vida
humanas é muito diferente e mais perigoso que cuidar de automóveis. Jamais um estagiário
deveria ficar só.
Matar um boneco de treinamento é uma coisa, tão inofensiva quanto
atingir o coração de alguém no paint-ball. Na vida real, no hospital, é muito
diferente. Pode resultar, como resultou, na morte de alguém. No caso da idosa, o café com leite foi
direto para os pulmões e coração, sendo que a senhora Palmerina morreu sufocada.
A jovem estagiária terá muito tempo para pensar no que fez.
Mas também espero que as autoridades que fiscalizam hospitais e cursos técnicos
de saúde verifiquem com mais rigor e freqüência o que anda acontecendo por aí.
E as prefeituras que fiquem atentas aos processos de
contratação de estagiários e supervisores. Pelo relato da pobre moça à policia
ela ficou sem supervisão no momento em que cometeu o erro.
Evidentemente a jovem Rejane, que nem está formada ainda, não pretendeu
o mal à idosa Palmerina. Certamente, por fazer um curso na área de saúde, deve
ter sensibilidade elevada e gostar de pessoas. Se ela tem boa índole, sofrerá
muito. Não é nada bom iniciar uma carreira assim. Creio mesmo que será muito
difícil para ela o exercício profissional após o ocorrido.
CAFÉ COM LEITE, SOPA, ÁCIDO, LEITE MATERNO
Outro caso chocante ocorreu também no RJ, na Santa Casa de
Barra Mansa. Uma senhora teve um
AVC, supostamente após uma enfermeira cometer um erro e injetar sopa na cânula
que deveria receber remédios. A família ainda não teve acesso às informações
completas sobre o que, realmente, aconteceu.
Em Minas Gerais um menino de dois anos de idade acabou recebendo
ácido para verrugas em vez de sedativo após ser socorrido com dores na cabeça
no Hospital São Camilo, em Belo Horizonte.
Segundo os pais, a criança levou um tombo em casa, no
domingo, e precisou fazer uma tomografia craniana. No lugar de sedativo, a
auxiliar de enfermagem deu a ele ácido tricloriacético, utilizado para queimar
verrugas.
O menino teve fortes queimaduras na boca e no esôfago. Ao
constatar o erro, o próprio Hospital São Camilo realizou a transferência para o
hospital de referência Felício Rocho.
Em São Paulo um bebê, que nasceu após setes meses de gestação,
teve que ficar internado em um hospital municipal. O leite da mãe era dado a
ele por uma sonda nasal, que ia direto ao estômago. Uma noite a enfermeira
cometeu um erro e injetou o leite em uma veia da criança. O resultado: morte.
Fou um verdadeiro choque para os pais, uma vez que Cauê já estava começando a
mamar na mãe e logo poderia ir para casa, onde era esperado com tanto amor.
Vemos, então, que Rejane não está sozinha nessa história de horrores. Há muitos casos próximos, em diferentes lugares. Talvez os cursos técnicos tenham que ser revistos e melhor fiscalizados, assim como os hospitais e seus convênios.
Já é demais, muito difícil e sofrido perder alguém para a morte quando ela resolve agir, ou quando as velhas parcas usam a tesoura para cortar o fio da vida. Não precisamos de mais sofrimento por falta de preparo de quem deveria salvar vidas, não tirá-las, ainda que involuntariamente.
REJANE: QUALQUER UM PODE SE CONFUNDIR
IMAGENS DA INTERNET (ALBUM DE FAMÍLIA)
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