FELIX BAUMGARTNER, 2012 |
A cada dia mais me convenço de que o teórico francês Edgard
Morin é que estava certo ao dizer que os homens deveriam ser chamados de
Sapiens Demens, e não apenas Sapiens Sapiens.
Demens, por conta da nossa imaginação tão fértil que, por vezes, raia o absurdo, a loucura, a desmesura.
Demens, por conta da nossa imaginação tão fértil que, por vezes, raia o absurdo, a loucura, a desmesura.
Saltar de 39 mil metros de altura, na estratosfera, para
tentar quebrar a barreira do som e a maior queda livre de todos os tempos?
Coisa para um alucinado completo. No entanto, quanta ciência por baixo disso
tudo.
Se há uma montanha de dez mil metros de altitude, então alguém
quer chegar até lá andando sobre os próprios pés e respirando sem usar máscaras.
Centenas morrem na tentativa; alguém sempre entrará para a História como o
vencedor. Ícaros sempre continuarão tentando, saltando de montanhas com asas coladas com cera ou de balões de hélio.
Se há um abismo oceânico que conduza até à portas do
inferno, então um alucinado irá tentar, sem dúvida, o mergulho nas profundezas. Não há limites para a nossa imaginação. Até aí
tudo bem, tudo tranqüilo, imaginar não mata e nem coloca alguém em risco. Mas não há limites, também, para a nossa ousadia.
O
problema começa quando alguém resolve fazer o que ele mesmo imaginou, ou seguir
a sugestão de algum outro maluco igual ou pior que ele mesmo. Algum dia já
pararam para pensar se as formigas, a abelhas ou os cupins fazem algo
semelhante? Não. Sempre a mesma e velha rotina, sobre a qual nunca param para
pensar. Vivem.
Na verdade, nada há de muito errado nisso, pois é essa “demência”
que nos faz homens. A chamada Cultura humana nada mais é que a expansão, ao
longo do tempo, daquilo que é o imaginário, ou a soma de tudo aquilo que um dia
os indivíduos ou grupos sonharam e tentaram fazer.
Assim nasceram os mitos.
Assim nasceram os mitos.
A Natureza e suas forças sempre nos assombraram. O frio, o
calor, os terremotos, as tempestades, os raios, os trovões, os furacões, o
fogo, o mistério dos mares, o tamanho da montanha, a destruição dos terremotos.
Os estranhos animais que nos cercam. Os animais que voam.
Imaginem isso tudo há 20 ou 30 mil anos, quando tais coisas não
tinham nome, mas aconteciam, como sempre aconteceram. O que é o terremoto senão
a terra em fúria? Depois, o que é o terremoto, senão um castigo dos deuses? Até
que um dia entendemos o terremoto pela ótica das explicações científicas! Quantos
milhares de anos! Quanto medo. Quanto pavor.
Mas, mesmo nesta nossa era científica, filha do Iluminismo, continuamos
a ser loucos. O ser humano ainda indaga sobre o sentido da vida e sobre os mistérios
da morte; busca sensações diferentes, o medo, a adrenalina, por puro prazer.
Competir de carro a 300 quilômetros horários, praticar bungee-jumping, escalar paredes, esquiar sobre finas crostas de gelo, surfar no ar; desafiar as ondas gigantes do Hawai. Atravessar o oceano remando, num num pequeno bote, pois não foi uma das aventuras do nosso Amir Klink? E ainda somos vitimados pelos terremotos, pelos furacões, pelos tsunamis.
E adoramos tomar sustos no cinema, assistindo a filmes de terror!
Competir de carro a 300 quilômetros horários, praticar bungee-jumping, escalar paredes, esquiar sobre finas crostas de gelo, surfar no ar; desafiar as ondas gigantes do Hawai. Atravessar o oceano remando, num num pequeno bote, pois não foi uma das aventuras do nosso Amir Klink? E ainda somos vitimados pelos terremotos, pelos furacões, pelos tsunamis.
E adoramos tomar sustos no cinema, assistindo a filmes de terror!
Isso tudo não parece meio amalucado? Meio fora de propósito?
No entanto, é o que alimenta as indústrias do Turismo, da Moda, do Esporte. E
as pesquisas científicas.
Somos movidos pelo imaginário. Corremos atrás de nossos sonhos. Somos seduzidos pelos nossos deuses e mitos. Queremos saber quais os nossos limites, até onde poderemos chegar no mundo físico?
Somos movidos pelo imaginário. Corremos atrás de nossos sonhos. Somos seduzidos pelos nossos deuses e mitos. Queremos saber quais os nossos limites, até onde poderemos chegar no mundo físico?
Kittinger e Baumgartner
JOSEPH KITTINGER, 1960 |
Achamos o máximo o que Felix Baumgartner (austríaco) fez em
2012, saltando de mais de 30 mil metros de altura para cair em queda livre pelo
espaço, quebrando a barreira do som.
Muito mais louco que ele foi Joseph
Kittinger (americano), que fez o mesmo, com materiais muito inferiores, em 1960! 52 anos
atrás! Kittinger está ainda vivo e tem 84 anos de idade.
BAUMGARTNER (43 ANOS), KITTINGER (84 ANOS) "SAPIENS DEMENS", OS "LOUCOS" DA ESTRATOSFERA. |
Baumgartner (austríaco) levou duas horas e 30 minutos
subindo em um balão até a altitude de salto. A mesma altitude de onde Kittinger
gastou apenas 13 minutos para vencer, em queda, em 1960, na direção da Terra.
Ambos viram a curvatura da Terra.
A mesma Terra que os astronautas costumam observar
das estações espaciais. A estações espaciais ficaram tão comuns como as velhas estações
de trem. E os trens, no século XIX, assombravam as pessoas, como dragões expelidores
de fumaça. Que percurso!
Segundo a imprensa, o salto da estratosfera serviu de teste
para futuro traje espacial turístico. O austríaco foi o 1º a superar velocidade
do som. "Não foi só uma suave penetração da barreira do som", disse o
médico de Baumgartner, Jonathan Clark, na segunda-feira (15), quando o
paraquedista e sua equipe comemoraram o recorde do domingo, quando ele saltou
de uma altura de 39 quilômetros e caiu de pé na localidade de Roswell, Novo
México.
"Nossas equipes de recuperação em solo em quatro locais
diferentes escutaram o estrondo sônico", disse Clark, ex-paraquedista
militar de altas altitudes e médico da Nasa, com experiência na criação de
sistemas de fuga para astronautas dos ônibus espaciais. O austríaco chegou a 1.342
quilômetros por hora antes de abrir os paraquedas.
O objetivo de Baumgartner era quebrar recordes – maior
altura do salto, mais rápida queda livre e maior balão a levar uma pessoa ao
céu –, mas o fato também foi atentamente acompanhado por médicos, engenheiros e
cientistas que trabalham para aumentar as chances de sobrevivência em casos de
acidentes envolvendo voos espaciais e aeronaves de altas altitudes.
Como testar tudo isso e ampliar nossos limites sem um
alucinado que nos ajude?
O SALTO DE KITTINGER. CAPA DA REVISTA LIFE EM 1960 |
Comentário com base em informações publicadas pela imprensa e n Wikipedia.
Imagens captadas na Internet.
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