SPONHOLZ |
O sujeito até poderia haver pensado, mas jamais externaria
seu pensamento secreto ao ministro Ricardo Lewandowski. Mas alguma coisa o
forçou, forçou, e ele acabou fazendo caca. No domingo passado, no segundo
turno, em São Paulo, o ministro Lewandowski ouviu de um mesario, em público,
que deveria levar um abraço a José Dirceu.
José Dirceu, para quem não sabe, é um petista de alto
coturno, com muitos serviços prestados ao Pais, segundo ele mesmo, um
verdadeiro herói pátrio, a quem o STF teve a ousadia de condenar por corrupção
ativa e formação de quadrilha no caso Mensalão.
O detalhe crucial, no caso, é que Lewandowski foi um dos
dois ministros que o absolveram. O outro foi Antonio Dias Toffoli, ex-advogado
de Dirceu, mas isso é mero detalhe.
No domingo do segundo turno, dois episódios se destacaram na
imprensa paulistana. O primeiro foi relativo às grosserias que o ministro do
STF Ricardo Lewandowski ouviu ao chegar ao local de votação. Uma senhora passou
por ele e disse: “Que nojo”, registrou a imprensa.
Outro episódio, muito pior, envolveu o senhor José Genoíno,
corrupto petista, ex-presidente do PT, também condenado pelo STF corrupção
ativa e formação de quadrilha, que foi votar acompanhado de sua SA (Sturm
Abteilung) privada, constituída por cerca de 50 militantes mal humorados que
empurraram pessoas, distribuíram porradas em jornalistas, quebraram vidros nos
corredores da escola, danificaram equipamento fotográfico da Folha de São Paulo,
e ainda derrubaram uma idosa de 82 anos, que usava bengala para andar.
Gente muito fina e delicada. Verdadeiros democratas. Tudo
isso porque os repórteres, bisbilhoteiros como sempre, queriam perguntar
coisas, certamente incômodas ao outro herói nacional. Para enfatizar todo o
heroísmo de que teria sido ultrajado pelo STF, não satisfeito com o cordão
sanitário à sua volta (era preciso manter o ambiente limpo) ainda enrolou-se
numa bandeira nacional. Quem viu disse que foi a coisa mais linda e emocionante.
Há pessoas a quem não se pode perguntar “como tem passado?”,
pois desandam a responder que surgiram dores nas costas, que não conseguem
pagar suas dívidas, ou que o cachorro faz pipi no tapete. Melhor ficar de boa
fechada. E, descubro agora, que há pessoas que são incapazes de pensar qualquer
coisa sobres os outros, mas de quem, ao mesmo tempo, escapam ofensas pela boca,
num tipo de processo automático. E, quando não entendem bem o que aconteceu,
fazem como petistas, colocam a culpa na imprensa.
MESÁRIO SE DESCULPA COM O MINISTRO
Segundo a assessoria do ministro Ricardo Lewandowski, o
mesário que foi grosseiro com o ministro tentou entregar diretamente a ele uma
carta de desculpas. O sujeito, um funcionário da Justiça Eleitoral, não
conseguiu o encontro, mas entregou as suas desculpas na residência de
Lewandowski.
“Venho por meio desta carta pedir perdão pelo meu
comportamento no dia de 28/10/2012, segundo turno das eleições para prefeito da
cidade de São Paulo. Estou profundamente arrependido de ter ofendido, sei que o
senhor está muito bravo tanto pelo ocorrido como também pela repercussão que
tal episódio gerou.
Fui manipulado pelos repórteres que ali estavam a comentar
algo, e de ato não pensado, infelizmente, acabei soltando o que não devia.
Sou profundo admirador do seu trabalho, reconheço que as
pessoas que ali estavam, estavam de toda forma erradas, e que eu,
principalmente, fugi de minha razão quando faltei com o devido respeito, mesmo
que manipulado de certa forma, eu agi da pior maneira, sem querer, insultando
não somente um cidadão de bem, mas também um ministro do Superior Tribunal
Federal.
Gostaria de esclarecer que não gerei nenhum apelido para o
senhor como é mencionado em um site, e isto o senhor presenciou. Eu apenas
deixei que a má influência dos jornalistas causasse sobre mim a ação que gerou
tal fato. Tal frase nunca sairia de minha pessoa, se fosse de fato pensado por
mim. Sinceramente, perdão pelo ocorrido, farei o necessário para que possamos
ficar em paz, se o senhor aceitar, amigos.”
Pois é, o mesário disse que foi manipulado pela presença de
repórteres – e que, ao contrário do que se divulgou, não definiu o ministro
como “Liberandowski”. O que ele fez, em meio à suposta pressão de profissionais
da imprensa, segundo ele, foi sugerir ao ministro que mandasse um abraço a José
Dirceu. Imagino os pauteiros e chefes de reportagem dizendo aos repórteres logo cedo: "Olha, veja se você consegue algum trouxa hoje lá na sessão do Lewandowski para termos notícia mais tarde. Tá bom?"
Como funcionário da Justiça Eleitoral poderia ser processado por
desacato. Lewandowski poderia, também, ter dado voz imediata de prisão ao
abusado.
No fundo, talvez, o homem nem tenha pensado nada, mas de sua
boca acabou escapando, por obra e graça do Divino Espírito Santo, aquilo que
estava na cabeça de milhões de brasileiros indignados, mas que ficaram de boca
fechada.
Quem sabe? Milagres realmente podem acontecer.
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