AGORA NO PODER, A ESQUERDA QUER CENSURAR A MESMA IMPRENSA QUE USOU A SEU FAVOR NOS TEMPOS DA DITADURA. (ARTE DA REVISTA VEJA) |
Parafraseando Machado de Assis: “Mudaria a Imprensa ou mudei
eu? As ditaduras acabaram, ou mudei eu?” me explico em seguida. Nos tempos da
famosa ditadura militar, nos distantes anos 60 ou 70, alunos de Jornalismo,
focas, e mesmo jornalistas veteranos acompanhavam, ansiosos, as reuniões como a
da Sociedade Interamericana de Imprensa, realizada esta semana em São Paulo.
Os alunos era estimulados por professores, aparentemente
idealistas, a lerem tudo que fosse possível sobre isso para perceberem o quanto
a Imprensa era importante e perseguida; o quão odiosa era a censura (aqui, na
Argentina, no Uruguai, no Paraguai, e onde mais fosse); o quão necessária era a
liberdade de expressão para a sociedade e valiosa a liberdade de atuação dos
jornalistas.
Isso era nos anos 60 ou 70. As ditaduras militares
latino-americanas, uma a uma acabaram, claro. Bem, devo dizer que algumas ditaduras
persistem no tempo, como a cubana, a chinesa e a norte-coreana, mas já existiam
desde antes, e continuaram a existir, depois do final das nossas ditaduras. Não
tratarei delas neste texto. São nojentas demais, não caberiam aqui.
Pois bem, passados 40 ou 50 anos (vejam, a duração de uma
vida inteira!) percebo que as ditaduras militares acabaram, a esquerda começou
a ganhar eleições, não mais propondo lutas armadas, golpes, revoluções
sangrentas. Afinal, teriam - assim acreditamos – passado a prezar os valores
democráticos, pluralistas.
Que engano! Como fomos ingênuos. A esquerda latino-americana
agrupou-se em um clubinho esquerdista chamado Foro de São Paulo (procurem as
atas das reuniões no site Mídia Sem Máscara) e começou, ao contrário da esquerda européia, que
parece ter aceitado a rotatividade no desempenho do Poder, a colocar as manguinhas de fora. E a colocar as manguinhas de fora, justamente contra aquelas
instituições a que apelaram tanto como a imprensa (mesmo censurada) e a
Justiça, mesmo com juízes ameaçados e pressionados pelo governo.
Lula, por exemplo, um dos que mais atacam a liberdade de
imprensa quando ela não lhe convém, ou ao seu partido, o PT, cansou de dizer (há
tantas declarações na Imprensa e vídeos) que ele devia tudo à liberdade de
imprensa. Parecia acreditar, de fato, ter uma dívida de gratidão para com os
jornalistas. Mero engano.
Seu partido, hoje, é um dos que combatem a liberdade de
imprensa, ameaçando com a volta da censura que, nestes tempos politicamente
corretos, apenas mudou de nome, e agora é chamada, a boca cheia, de “controle social
da mídia”. Controle social da mídia, de fato, se dá quando alguém para de ler
um jornal ou muda o canal se não gosta do noticiário. Mas não é disso que
tratam os petistas e chegados à tese da volta da censura.
É curioso que conheci muitos veteranos, que ontem
estimulavam seus focas ou seus alunos
a acompanharem as reuniões da SIP. e que hoje zombam das preocupações das empresas
de comunicação, especialmente as que lidam com o Jornalismo, com o fantasma da
censura. Editores de revistas mitológicas naqueles tempos hoje cospem, ou vomitam, sobre a liberdade de imprensa,que ustilizam para agredi-la, semanalmente alguns, diariamente outros. Todos financiados com verbas publicitárias do Governo federal ou estatais. E são gulosos, mamam quantias fabulosas, realmente.
Mudou Imprensa
ou mudei eu? Mudou a percepção de Democracia, ou mudei eu? Ou tais jornalistas
e professores nunca mudaram, sendo contra a ditadura militar, não por serem
adeptos da Liberdade, mas por serem adeptos de outros modelos de ditadura, como
as comunistas, por exemplo.
Assim, quando as ditaduras acabaram, e a imprensa foi muito
usada para isso, apesar da censura que existia, encontraram seu real inimigo, a
imprensa livre, pois não passaram, nunca, de adeptos de regimes de força, mas
de esquerda, e não militares-nacionalistas como foi o modelo dos anos 60/70.
Assim como são inimigos da democracia pluralista e da economia de mercado.
Adoram ditaduras.
Isto é, tais professores, e agora velhos jornalistas, usaram
a liberdade que tinham para minar as ditaduras, mas para implantar outro tipo
de ditadura. Vivendo em democracia pluralistas que ainda são crianças, em
termos históricos, ousam arreganhar os dentes contra a liberdade de expressão,
as liberdades individuais e a de Imprensa,
porque são canalhas, tirânicos e totalitários.
Sempre fingiram ser democratas,
como os que pegaram em armas, para a luta armada, visando derrubar a ditadura
militar para implantar outro tipo de ditadura. Eram sócios, parceiros, companheiros,
e nós, jovens idealistas, não percebíamos.
Então o que temos é que velhos libertários de outros tempos,
agora eles advogam a censura à luz do dia. Não têm a menor vergonha na cara
enrugada, não têm pudor, não ficam, ao menos, ruborizados. Mas, para isso,
precisariam ter vergonha...
Eu me envergonho de alguns dos antigos professores, lobos
disfarçados em pele de cordeiro.
Gutenberg J.
ABAIXO, AS
CONCLUSÕES DA ASSEMBLÉIA DA
SIP REALIZADA EM SÃO PAULO ESTA SEMANA (DO SITE DA SIP)
Conclusões
A violência contra a integridade física dos jornalistas e a
crescente intolerância dos governos autoritários são os principais problemas
que a imprensa independente no continente enfrenta hoje.
Treze jornalistas foram assassinados nos últimos seis meses
no México, Honduras, Brasil e Equador apenas por realizarem seu trabalho.
E uma feroz ofensiva liderada pelos presidentes da
Argentina, Equador e Venezuela tenta silenciar o jornalismo independente nos
seus países mediante leis para regular o exercício do jornalismo, discriminação
na concessão da publicidade oficial e imensos aparatos midiáticos estatais e
privados utilizados para difamar e para promover campanhas sujas.
Em Cuba, a política de amedrontamento se mantém, e 533
jornalistas foram detidos em setembro. No Haiti, Venezuela, Honduras e Peru
registrou-se um alto nível de violência contra a imprensa e, no México, os
principais problemas são as agressões, ameaças e atentados.
Leis de imprensa que restringem o trabalho dos jornalistas
são promovidas na Bolívia, Chile, Equador, El Salvador, Peru e Uruguai.
No Equador, a justiça é parcial e um discurso hostil do
governo continua agredindo a mídia e os jornalistas, o que gera autocensura. No
Brasil, a justiça continua emitindo decisões contra a mídia para impedir a
circulação de informações.
Na Argentina, a presidente continua sem conceder coletivas
de imprensa e abusa das cadeias nacionais de modo não previsto na Constituição,
além de manipular as estatísticas oficiais e manter um oneroso aparato de
comunicação utilizado muitas vezes para atacar quem critica seu governo. A ameaça
à imprensa independente pode ter um capítulo obscuro em dezembro próximo,
quando o governo pretende atacar os meios audiovisuais do Grupo Clarín
desconhecendo decisões judiciais e normas legais. Esses meios são os poucos que
fazem seu trabalho de forma independente do discurso do governo.
Na Nicarágua e na Venezuela, a publicidade oficial é
concedida aos meios de comunicação partidários do governo e não aos de
oposição, e persistem o sigilo e a falta de acesso às informações públicas.
SITE SIP:
SITE DA REVISTA VEJA - MATÉRIA SOBRE CENSURA À IMPRENSA:
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