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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

JORNALISTAS CONTRA A IMPRENSA LIVRE. Ou, lobos disfarçados de cordeiros. Não ficam ruborizados porque não têm vergonha na cara. Zombam das preocupações da SIP com as ameaças à liberdade de imprensa na América Latina.


AGORA NO PODER, A ESQUERDA QUER CENSURAR
A MESMA IMPRENSA QUE USOU A SEU FAVOR
NOS TEMPOS DA DITADURA.

(ARTE DA REVISTA VEJA)


Parafraseando Machado de Assis: “Mudaria a Imprensa ou mudei eu? As ditaduras acabaram, ou mudei eu?” me explico em seguida. Nos tempos da famosa ditadura militar, nos distantes anos 60 ou 70, alunos de Jornalismo, focas, e mesmo jornalistas veteranos acompanhavam, ansiosos, as reuniões como a da Sociedade Interamericana de Imprensa, realizada esta semana em São Paulo.

Os alunos era estimulados por professores, aparentemente idealistas, a lerem tudo que fosse possível sobre isso para perceberem o quanto a Imprensa era importante e perseguida; o quão odiosa era a censura (aqui, na Argentina, no Uruguai, no Paraguai, e onde mais fosse); o quão necessária era a liberdade de expressão para a sociedade e valiosa a liberdade de atuação dos jornalistas.

Isso era nos anos 60 ou 70. As ditaduras militares latino-americanas, uma a uma acabaram, claro. Bem, devo dizer que algumas ditaduras persistem no tempo, como a cubana, a chinesa e a norte-coreana, mas já existiam desde antes, e continuaram a existir, depois do final das nossas ditaduras. Não tratarei delas neste texto. São nojentas demais, não caberiam aqui.

Pois bem, passados 40 ou 50 anos (vejam, a duração de uma vida inteira!) percebo que as ditaduras militares acabaram, a esquerda começou a ganhar eleições, não mais propondo lutas armadas, golpes, revoluções sangrentas. Afinal, teriam - assim acreditamos – passado a prezar os valores democráticos, pluralistas.

Que engano! Como fomos ingênuos. A esquerda latino-americana agrupou-se em um clubinho esquerdista chamado Foro de São Paulo (procurem as atas das reuniões no site Mídia Sem Máscara) e começou,  ao contrário da esquerda européia, que parece ter aceitado a rotatividade no desempenho do Poder,  a colocar as manguinhas de fora. E a colocar as manguinhas de fora, justamente contra aquelas instituições a que apelaram tanto como a imprensa (mesmo censurada) e a Justiça, mesmo com juízes ameaçados e pressionados pelo governo.

Lula, por exemplo, um dos que mais atacam a liberdade de imprensa quando ela não lhe convém, ou ao seu partido, o PT, cansou de dizer (há tantas declarações na Imprensa e vídeos) que ele devia tudo à liberdade de imprensa. Parecia acreditar, de fato, ter uma dívida de gratidão para com os jornalistas. Mero engano.

Seu partido, hoje, é um dos que combatem a liberdade de imprensa, ameaçando com a volta da censura que, nestes tempos politicamente corretos, apenas mudou de nome, e agora é chamada, a boca cheia, de “controle social da mídia”. Controle social da mídia, de fato, se dá quando alguém para de ler um jornal ou muda o canal se não gosta do noticiário. Mas não é disso que tratam os petistas e chegados à tese da volta da censura.

É curioso que conheci muitos veteranos, que ontem estimulavam seus focas ou seus  alunos a acompanharem as reuniões da SIP. e que hoje zombam das preocupações das empresas de comunicação, especialmente as que lidam com o Jornalismo, com o fantasma da censura. Editores de revistas mitológicas naqueles tempos hoje cospem, ou vomitam, sobre a liberdade de imprensa,que ustilizam para agredi-la, semanalmente alguns, diariamente outros. Todos financiados com verbas publicitárias do Governo federal ou estatais. E são gulosos, mamam quantias fabulosas, realmente. 

Mudou  Imprensa ou mudei eu? Mudou a percepção de Democracia, ou mudei eu? Ou tais jornalistas e professores nunca mudaram, sendo contra a ditadura militar, não por serem adeptos da Liberdade, mas por serem adeptos de outros modelos de ditadura, como as comunistas, por exemplo.

Assim, quando as ditaduras acabaram, e a imprensa foi muito usada para isso, apesar da censura que existia, encontraram seu real inimigo, a imprensa livre, pois não passaram, nunca, de adeptos de regimes de força, mas de esquerda, e não militares-nacionalistas como foi o modelo dos anos 60/70. Assim como são inimigos da democracia pluralista e da economia de mercado. Adoram ditaduras.

Isto é, tais professores, e agora velhos jornalistas, usaram a liberdade que tinham para minar as ditaduras, mas para implantar outro tipo de ditadura. Vivendo em democracia pluralistas que ainda são crianças, em termos históricos, ousam arreganhar os dentes contra a liberdade de expressão, as liberdades individuais e a de  Imprensa, porque são canalhas, tirânicos e totalitários. 

Sempre fingiram ser democratas, como os que pegaram em armas, para a luta armada, visando derrubar a ditadura militar para implantar outro tipo de ditadura. Eram sócios, parceiros, companheiros, e nós, jovens idealistas, não percebíamos.

Então o que temos é que velhos libertários de outros tempos, agora eles advogam a censura à luz do dia. Não têm a menor vergonha na cara enrugada, não têm pudor, não ficam, ao menos, ruborizados. Mas, para isso, precisariam ter vergonha...

Eu me envergonho de alguns dos antigos professores, lobos disfarçados em pele de cordeiro.

Gutenberg J.

ABAIXO, AS  CONCLUSÕES  DA ASSEMBLÉIA DA SIP REALIZADA EM SÃO PAULO ESTA SEMANA (DO SITE DA SIP)


Conclusões

A violência contra a integridade física dos jornalistas e a crescente intolerância dos governos autoritários são os principais problemas que a imprensa independente no continente enfrenta hoje.

Treze jornalistas foram assassinados nos últimos seis meses no México, Honduras, Brasil e Equador apenas por realizarem seu trabalho.

E uma feroz ofensiva liderada pelos presidentes da Argentina, Equador e Venezuela tenta silenciar o jornalismo independente nos seus países mediante leis para regular o exercício do jornalismo, discriminação na concessão da publicidade oficial e imensos aparatos midiáticos estatais e privados utilizados para difamar e para promover campanhas sujas.

Em Cuba, a política de amedrontamento se mantém, e 533 jornalistas foram detidos em setembro. No Haiti, Venezuela, Honduras e Peru registrou-se um alto nível de violência contra a imprensa e, no México, os principais problemas são as agressões, ameaças e atentados.

Leis de imprensa que restringem o trabalho dos jornalistas são promovidas na Bolívia, Chile, Equador, El Salvador, Peru e Uruguai.

No Equador, a justiça é parcial e um discurso hostil do governo continua agredindo a mídia e os jornalistas, o que gera autocensura. No Brasil, a justiça continua emitindo decisões contra a mídia para impedir a circulação de informações.

Na Argentina, a presidente continua sem conceder coletivas de imprensa e abusa das cadeias nacionais de modo não previsto na Constituição, além de manipular as estatísticas oficiais e manter um oneroso aparato de comunicação utilizado muitas vezes para atacar quem critica seu governo. A ameaça à imprensa independente pode ter um capítulo obscuro em dezembro próximo, quando o governo pretende atacar os meios audiovisuais do Grupo Clarín desconhecendo decisões judiciais e normas legais. Esses meios são os poucos que fazem seu trabalho de forma independente do discurso do governo.

Na Nicarágua e na Venezuela, a publicidade oficial é concedida aos meios de comunicação partidários do governo e não aos de oposição, e persistem o sigilo e a falta de acesso às informações públicas.

SITE SIP: 
SITE DA REVISTA VEJA - MATÉRIA SOBRE CENSURA À IMPRENSA:

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