DÉBORA REGINA, CONDENADA À MORTE AOS 21 ANOS
Não me agrada escrever sobre a morte. Nem sobre pessoas que
morrem. Mas a morte parece não dar sossego, e as pessoas que morrem nem sempre
tiveram tempo de viver. Isso incomoda muito.
Débora, pelo que leio, é um caso desses.
Poderia ter vivido mais 50 ou 60 anos, mas morreu de forma absurda, na mão de
criminosos vagabundos, daqueles que matam por um celular ou por algum dinheiro
sacado em caixas eletrônicos.
Qual a razão de matar uma pessoa indefesa? Não basta mais o
roubo material, é preciso roubar vidas?
É terrível como a vida humana está desvalorizada, como matar
hoje em dia é algo trivial, banalizado. Vivemos em uma sociedade sem valores em
que tirar uma vida humana ou pisar em uma barata é a mesma coisa.
Hoje em dia,
no Brasil, é pior matar um filhote de tartaruga que uma pessoa. Há muitas ongs que choram pelos animais. E ongs que choram não pelas vítimas, mas pelos direitos dos assassinos. Isso é que é chamado de "direitos humanos" neste país. A vida humana parece ser vista como
sem importância. Sem a menor importância.
Débora deixou o emprego no final da tarde, na sexta-feira, e
passaria em um caixa eletrônico. Em seguida daria uma carona para a sua mãe. Pobre
mulher, esperou em vão, pois recebeu um
recado pelo celular de que a filha se atrasaria.
Teria o recado sido mandado por Débora Regina ou pelos bandidos, para ganharem
tempo? À meia noite a confirmação brutal
da suspeita: o carro de Débora foi encontrado em um terreno baldio na periferia
de Campinas. No bando da frente, ao lado direito, Débora caída, morta, com
sinais de que fora vítima de esganadura.
Será que os criminosos também foram embora rindo,
como os que mataram a jovem Vanessa Carobene, em São Paulo? O riso fácil desses vagabundos é a prova de que sabem que poderão ficar impunes. Especialmente se forem menores.
Uma sociedade na qual só se houve falar em direitos, na qual
ninguém mais parece ter a consciência de deveres -aprendi, quando criança, que a cada direito
corresponderia um dever- não pode se desenvolver bem, pois cria seres egoístas
e autro-centrados.
O próximo não é mais nada. É apenas aquele de quem posso
tirar tudo, até a vida, se a sociedade não me deu uma vida boa. Como se o bem
estar fosse uma graça divina, ou esmola do estado. Como se o bem estar não
devesse ser fruto do trabalho duro e honesto, como o que fazia Débora.
Uma sociedade de cínicos que escutam dos esquerdistas que os
ricos, ou melhores de vida –seria Débora
rica?- podem ser espoliados, como um tipo de vingança. É uma sociedade violenta
e rancorosa que resulta de uma pregação contra os que trabalham e têm alguma
coisa. E uma sociedade que se torna sem religiosidade e amor ao próximo. Ema sociedade de pessoas frias e materialistas.
Débora Regina era apenas, nos seus 21 anos de vida, uma jovem
batalhadora e sonhadora que estudava administração e queria ser comissária de
bordo. Não lhe deram a menor chance.
E devem achar, os malditos criminosos, que ainda fizeram
justiça social.
Tempos estranhos estes em que vivemos.
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