Pesquisar este blog

terça-feira, 17 de julho de 2012

VOCÊ TAMBÉM LEVA SEU CACHORRO AO MOTEL? PETS DE LUXO E SEUS DONOS INFANTILIZADOS. OU, DE HOMENS E DE ANIMAIS. Cuidar dos animais de estimação, mais que o mero cuidado e uma verdadeira obrigação de seus donos, reflete atualmente uma cultura absolutamente infantilizada.

Animais não devem ser confundidos com humanos, embora sensíveis e inteligentes; mas há donos de animais que, eles sim, parecem meio sem crítica e irracionais.

Antes de qualquer outra coisa, informo que tenho uma cadela Dálmata muito inteligente. Aprecio os cães, não gosto muito dos gatos, não teria um. Já tive aquário quando criança, mas os peixes não são muito comunicativos. Um dos cães mais interessantes que já tive foi uma Beagle que, infelizmente, como muitos deles, morreu com diabetes.   

Não sou  adepto de Descartes na sua visão mecânica dos animais, como se fossem meras máquinas móveis, puro conjunto de reflexos sem sentimento algum. Não creio que Descartes fosse um bom observador do comportamento animal.

fouronthefloorpetwear.com

Mas um cão é um cão, não uma pessoinha. O mesmo acontece com os gatos, embora os gatos se sujeitem menos que os cães às  loucuras de seus donos.

Escrevo sobre o assunto porque acabei de ler em O Globo (17/07 – link abaixo) uma interessante e surpreendente reportagem sobre um empreendimento, em Belo Horizonte, voltado ao mundo dos pets, em geral.

Ressalto, antes das minhas observações sobre o simbolismo do empreendimento, que nada tenho contra empreendedores. Aliás. São eles que movem o mundo. Sou, desde criancinha, adepto da Livre Iniciativa, como dizia meu pai, e do Capitalismo Liberal.

Assim, destaco que nada tenho contra os animais e nem contra quem pretenda empreender e ganhar dinheiro cuidando dos animais alheios. Isso é, apenas, a vida em movimento. Mantém aos animais saudáveis, os donos felizes, gera empregos, recolhe tributos e isso é muito bom para o conjunto da sociedade.

Mas detesto ver animais tratados como se fossem pessoas, com roupinhas esquisitas e acessórios cheios de cristais, sem o menor sentido, tornando tanto o dono como o animal duas esquisitices. 

Não há nada de mais em alguém ter uma clínica veterinária, uma loja para a venda de rações, ou de acessórios para pets. O que chama a atenção é que determinadas coisas ou objetos dizem respeito muito mais aos homens que aos animais. Animais sentem frio? Sentem. É preciso protegê-los? Sim. Mas não precisam ser vestidos de heróis de gibis e cinema. Ou sim?

Certas roupas poderiam ser apenas um tipo de brincadeira, na qual se projeta um pouco da personalidade do dono do animal. Mas, o que dizer de um lugar que vai oferecer, além, de loja, clínica veterinária, serviços de tosa, etc, um motel para cães?
O que é isso? Uma sala especial para acasalamento. Ok. Animais também se acasalam. Se isso for acompanhado por algum especialista, tudo bem. Pode até ser mais seguro.

Mas é necessário que seja um local que reproduza um quarto de motel, com aquela cama king-size e espelho em formato de coracão no teto? Talvez tenha também uma TV digital com uns vídeos de sacanagem animal para estimular a dupla? Um sistema de som com gritos e sussurros e gemidos, ou melhor, latidos sensuais? Aparelhinhos para incrementar a brincadeira?

Podem dizer, que sujeito rabujento, é só uma brincadeira. Sei disso, mas é curioso que o local para o acasalamento, para quem quer filhotes, seja a reprodução de um quarto de motel. As coisa mudaram bastante, mesmo. Estou ficando muito velho.

Volto,  antes de acabar. Estou velho, sim, mas é da natureza, e isso não tem nada a ver com uma cultura em que, quando moças posam para fotos não conseguem fazer poses que não sejam sensuais, como se fosse uma fotografia para uma capa de revista erótica ou pornográfica. Basta percorrer páginas do Facebook. Tudo se resume a um apelo erótico; e agora também mesmo entre os animais? Isso não parece muito correto.

Existem  os motéis, existe o erótico, existe o sexo,  mas o imaginário das pessoas está sendo direcionado e condicionado por certos tipos de imagens que acabam reduzindo a própria capacidade imaginativa. Esse conjunto de imagens passa a funcionar como referência, e estimula o comportamento imitativo, ou comportamento mimético.

Vai sendo criado um mundo amplo na extensão, pela abrangência de pessoas, e pelo poder dos meios de comunicação, mas pobre de idéias e auto-referenciado. Imagens substituem valores e passam a ser elas os valores. Isso é muito pouco para o que já foi a humanidade, tão rica de diferenças (não confundir isto com o multiculturalismo relativista).
 
Tripulantes de uma espaçonave nos observando poderiam pensar que chegaram a um lugar em que tudo se resolve fazendo beicinho e olhares lânguidos.   E que há diferentes tipos de humanos, inclusive de quatro patas.          

LEIA AQUI A INTERESSANTE REPORTAGEM DE O GLOBO:

IMAGEM DO CÃO E COLAR: 
fouronthefloorpetwear.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário