Se os fanáticos dessa modalidade de vida saudável perseguissem suas metas em silêncio, não incomodando os outros, perfeito, mas agem como gralhas desvairadas.
O patrulheiros do bem estar acham-se responsáveis pela felicidade geral. O problema é esse, não cuidam apenas de si mesmos, o pior é o querer cuidar dos outros. É a patrulha saudável.
Mas uma gente assim tão fanática é mesmo saudável? Ser saudável é limitar-se a comer o que faz bem, apenas? Não ficar gordo é ser saudável? Não comer um Big-Mac ou tomar uma Coca Cola é que é ser saudável? Essa gente só pensa no estômago e na aparência. Está na moda ser saudável; e isso é muito diferente de pessoas informadas, de bom senso, que cuidam da saúde mas aproveitam a vida, e não incomodam os outros com a promessa de um mundo melhor.
A impressão que dá quando escuto patrulheiros da vida saudável e do bem geral conversando é que vivem em outro mundo, um mundo perfeito, em que o tempo é ilimitado e a vida eterna. Um mundo em que a morte não existe mais.
Um mundo limpo, puro, reciclado, sustentável, como costumam dizer agora os chatos de plantão; tudo perfeito, sob o domínio da ciência, a louca da casa. Não há nada mais absurdo que a escravização ao discurso da certeza científica, da subordinação à imagem de um mundo mecânico, absolutamente previsível e controlável. Quanta ilusão!
Um dos patrulheiros chatos que conheci morreu outro dia, de forma absolutamente inesperado. Creio que, se há algum tipo de vida após a morte, deve estar ainda confuso com o que lhe aconteceu, cuidava-se tão bem... saiu da academia de ginástica em direção a um restaurante de comidas saudáveis. Distraiu-se um momento e morreu sob as rodas de um ônibus que seguia para um bairro periférico. Acabou-se a vida saudável do patrulheiro.
Episódios desse tipo me fazem pensar que é mais razoável ser moderado, usar o bom senso, ter uma certa cautela. Isso certamente é recomendável. Comparo a minha infância à de certas crianças de hoje. Tenho muita pena, realmente.
Em primeiro lugar, crianças fechadas em escolinhas infantis seguidoras de métodos educacionais exóticos, que prometem o cidadão perfeito (olha a mania aí de novo). O chão da escolinha, por falta de espaço, é pitado de verde. Não há grama real para as crianças pisarem. Só concreto pintado de verde, ou piso verde emborrachado. Tristeza absoluta. Se uma criança dessas pisar na grama e for picado por uma formiga os pais, seres saudáveis, cidadãos sustentáveis, entrarão na Justiça contra a escola e pedirão uma grana por danos morais.
A moralidade se discute hoje em dia na Justiça. Uau! Uma criança já não pisa descalça na merda de pombos ou de cães de rua, simplesmente porque vive enclausurada em patéticas escolinhas pintadas de verde. E só pode comer bolinhos naturebas, nada frito, com suquinho de soja.
Sentir a terra sob os pés descalços. O sabor de um pastel de queijo feito na hora. Um copo de tubaína. Subir e cair de um galho de árvore. Molhar os pés em uma poça de água. Nada disso. Precisamos ser saudáveis, belos e felizes, desde que seguindo esse modelo imposto pelos fascistas da saúde, do belo e da felicidade que impõem aos outros os seus padrões detestáveis.
Não passam de fascistas. Acham-se modernos, leves, soltos, conscientes e democráticos, mas não passam de patrulheiros da vida saudável, uma das faces do fascismo moderno. E vazios, interiormente.
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