SARGENTO MARCELO FUKUHARA MORTO POR DOIS ATIRADORES COM FUZIS |
Sobre o brutal assassinato, verdadeira execução, do sargento
PM Marcelo Fukuhara, em Santos, SP, na madrugada de domingo passado, quero
comentar duas coisas que não me saem da cabeça. Uma é que constato, com imenso
pesar, como a imprensa está trabalhando mal, sem a mínima condição de checar os
fatos adequadamente e propagando informações imprecisas e, até, contraditórias.
Outra é relativa à situação precária com a qual operam os policiais militares,
apesar de a PM paulista ser uma das melhores do Brasil.
Foi preciso um bom policial morrer para ficarmos sabendo,
pelas palavras da viúva, que a Polícia Militar está mal aparelhada, as viaturas
não tem rádios que funcionem bem, que os salários são ruins, ou que as armas
dos criminosos competem ou são melhores que as armas dos policiais?
Chama a atenção, realmente, a senhora Rosana haver dito que
seu marido não dispunha de escolta, apesar de ameaçado de morte há cerca de um
ano. No final do noticiário da TV regional, após a notícia da morte do policial
a apresentadora informa que ele tinha escolta.
Não há, em seguida, qualquer questionamento. Se ele tinha
escolta, onde estava ela na hora em que morreu? Ou a escolta para um ameaçado
de morte funciona somente em horário de expediente, ou quando o policial está
fardado?
Vindo da imprensa, perguntar jamais ofende. Ofende ao público
é a imprensa jamais fazer perguntas incômodas aos que ocupam funções de alta
responsabilidade, seja um prefeito, o governador, ou o comando da PM..
A esposa do policial morto, Rosana Alves Gonçalves, deu
entrevistas à imprensa e disse coisas e chamou a atenção para detalhes que
parece que os jornais, especialmente os impressos regionais, não reparam. Ou
fatos que parecem tão comuns aos olhos calejados dos repórteres policiais, que
não se transformam mais em pautas e reportagens.
Fico pensando o que fazem os pauteiros dos jornais, ou pior,
se certos assuntos são pautados, qual a razão dos temas não serem, depois,
tratados adequadamente. Fica uma pergunta incômoda: o que está faltando aos
jornais impressos? Por que estão perdendo leitores? O que mudou em sua
estrutura que não conseguem mais tratar adequadamente os problemas da
realidade?
Quanto à questão da imprensa, creio que a maior dificuldade
está nas falhas inerentes à comunicação rápida via Internet. Publica-se mais
rapidamente que os veículos impressos, é certo, mas sem as devidas checagens.
Mas os veículos impressos, por sua vez, parece que, ao invés
de mandarem repórteres verificarem diretamente os fatos, como há alguns anos,
agora coletam informações pela Internet, de fontes nem sempre seguras, e usam
demais o telefone, deixando de observar com os próprios olhos. Depois os sites
da Internet repetem o ciclo e copiam dos impressos, levando a uma espiral de
erros.
O VÍDEO É CLARO
O vídeo que registra a execução do sargento Fukuhara é bem claro: o sargento está andando com seu
cão pela calçada. Em seguida vai atravessar a rua e surge um veículo de quatro
portas andando muito devagar e começam disparos, das duas janelas, contra
Fukuhara.
O sargento cai e fica se mexendo. Talvez gravemente ferido.
Ainda disparam contra ele e o carro arranca. Surge alguém para ajudar, o vigia
de um Buffet, Luis Antonio AlveS Carvalho, 53 anos, que também acabou baleado e
morto.
Nesse momento dois homens cruzam a rua (o veículo havia dado
a volta e retornado) e disparam rajadas de fuzil sobre ambos, especialmente
Fukuhara. Isso é cristalino.
Vários jornais, apesar do vídeo, o que prova que seus repórteres
nem viram a gravação, repetem que foi um sujeito encapuçado e que a arma
poderia ter sido um fuzil. A imagem é nítida, foram dois atiradores, com fuzis,
despejando uma rajada cada atirador. Dependendo da arma, é possível disparar em rajada até
30 projéteis, calibre 556 ou 762.
Não se sabe, ainda, ao menos a polícia não divulgou, se as
armas eram importadas (Ak-47, ou M-16), ou armas nacionais como as fabricadas
pela Imbel ou Taurus, usadas pela PM.
O fato é que há imprecisões imperdoáveis, como um jornal de
Santos que publicou um título informando que um grupo havia descido
especialmente de São Paulo para matar Marcelo Fukuhara, e que isso era do
conhecimento do comando da PM. Nada disso está no texto da reportagem, apenas
que a polícia soube que um grupo desceria a serra para matar policiais.
Caso contrário, se o comando tivesse sido informado que o
alvo do atentado seria Fukuhara, o descaso para com a informação seria imperdoável,
ao deixá-lo desprotegido. Isso acabou levando à sua morte.
Se o comando não recebeu essa informação, qual o sentido de
colocar uma informação assim tão séria em um título de jornal?
PS:
Uma das declarações mais interessantes da viúva de Fukuhara foi a respeito das pessoas envolvidas com Direitos Humanos. Rosana havia questionado, outro dia, onde estavam os direitos humanos dos policiais.
Ela disse que ninguém a havia procurado, em casa, para levar consolo e solidariedade - exceto os amigos das família -.
Ela comentou que somente após a suas declarações terem sido expostas na TV então um grupo ligado a direitos humanos a procurou para explicar que ela teria direito à pensão!!!
Como se ela não soubesse disso.
Gostei das declarações dela: "Eles pensam que a vida é isso; para eles é dinheiro, mas para mim não".
Parabéns dona Rosana, a senhora está absolutamente certa. E essas ongs só se preocupam com direitos humanos, realmente, de criminosos. Nunca estão na casa das vítimas de traficantes e criminosos comuns. Para essa gente, os bandidos é que seriam vítimas do sistema.
Uma visão absolutamente perversa da vida em sociedade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário