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Lula vive uma fase curiosa. Confunde pesquisa com julgamento
e processo eleitoral com absolvição criminal. Essa, aliás, é uma constante
entre os lideres petistas, que fazem de tudo, neste momento crucial do julgamento
do processo do Mensalão pelo Superior Tribunal federal-STF, para passar a impressão
de que nada acontece, e de que o julgamento é uma ficção, ou perseguição ao partido.
Em Buenos Aires, na quarta-feira passada, Lula disse ao
jornal Clarin que foi absolvido pelo povo, ao referir-se à sua aprovação ao
final do governo, de 87%. Para Augusto Nunes, de Veja, Lula confessou ser o
chefe do esquema criminoso (leia abaixo, em verde).
Para os petistas, as condenações de companheiros partidários
e outros políticos e empresários envolvidos no escândalo de desvio de milhões dos
cofres públicos, não significariam nada para os eleitores.
Creio que estão redondamente enganados, tanto que é possível
verificar, facilmente, a dificuldade do PT em eleger seus candidatos no
primeiro turno nas capitais. Sofreu uma derrota vergonhosa em Porto Alegre e em
Recife, por exemplo; e nesta última capital, o fragorosamente derrotado foi o
candidato imposto por Lula ao partido. Mesmo nas capitais onde conseguiu
emplacar um dos finalistas, a muito custo, nada é seguro.
Temos lido que Lula e dirigentes do PT acham que a colocação
de Fernando Haddad à frente de José Serra, em São Paulo, é uma forma do público
dizer que não liga para um escândalo das dimensões do Mensalão. O Mensalão foi
o maior escândalo político do Brasil até hoje. Muita gente acha que Fernando
Collor de Mello (hoje aliado de Lula, como Sarney e Maluf) não teria passado de
um mero escoteiro perto do esquema desenvolvido pelos petistas agora condenados
pelo STF.
Raciocinando como Lula ou os dirigentes petistas, então
poderíamos dizer no Ri Grande do Sul, apesar do governador Tarso Genro (PT), o
povo reprovou o Mensalão. Os pernambucanos também, que sempre foram
politizados, também o recusaram. Os
paulistanos, que seriam tolos, não sabem ainda se aprovam ou não o Mensalão. Bobagem.
Há outros fatores que influem nas eleições municipais.
No caso de São Paulo, a tibieza de José Serra em falar às
claras sobre temos como o kit-gay, o caos da Educação (Haddad foi ministro da área),
ou a participação de religiosos na política (um direito deles) ajuda o avanço
de Haddad.
AUGUSTONUNES
19/10/2012 às 19:51
Direto ao Ponto
Na entrevista a um jornal argentino, Lula revelou que, para
43 milhões de brasileiros, foi ele o chefe do esquema do mensalão
A Argentina é logo ali, mas a entrevista concedida por Lula
ao jornal El Clarin nesta quarta-feira sugere que o ex-presidente não reagiu
bem à viagem sem mudança de fuso horário. Convidado a comentar o julgamento do
mensalão, o palanque ambulante desta vez não se refugiou em golpes imaginários,
nem enxergou “um problema de caixa dois” na imensa roubalheira descoberta em
meados de 2005. Preferiu inventar outra história para safar-se do escândalo. E
a discurseira resultou em outro perfeito tiro no pé.
“Para um presidente que teve oito anos de mandato, o fato de
terminar com 87% de aprovação popular é um enorme julgamento”, viajou o
entrevistado. Ao confundir o Ibope, o Sensus e o Vox Populi com o Supremo
Tribunal Federal, o ex-presidente não só admitiu que o mensalão existiu como se
instalou voluntariamente no banco dos réus. Como registra o comentário de 1
minuto para o site de VEJA, o desastre se consumou quando o declarante
confundiu eleição com tribunal e eleitor com jurado.
“Já fui julgado pelas urnas”, decidiu. “A vitória de Dilma
Rousseff foi um julgamento extraordinário”. Faz de conta que sim. Nesse caso,
Lula foi absolvido por 55 milhões de eleitores que votaram em Dilma. Em
contrapartida, foi condenado por 43 milhões que rejeitaram a sucessora que escolheu.
Não é pouca coisa. Para essa imensidão de brasileiros ─ quem está dizendo é o
próprio Lula ─, o país foi governado durante oito anos pelo chefe supremo de
uma organização criminosa.
AUGUSTO NUNES:
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