TERRORISTAS, ESPALHANDO A MORTE DEMOCRATICAMENTE |
Mais de onze anos depois do artigo do professor Olavo de
Carvalho haver sido publicado na Revista Época, em 2001, ele continua absolutamente
atual. Como nunca. Ainda continuamos ouvindo histórias mentirosas sobre quem
esteve na luta armada, como se fossem heróis do Brasil.
Talvez o sejam de Cuba, e lá deveriam ser homenageados pela
tentativa de derrubar a ditadura militar no Brasil, para implantar um regime
como o cubano, sob a inspiração de Fidel Castro.
E isso não é tudo, havia “democratas” que queriam mais democracia,
como a aquilo que implantaram na Albânia, ou na Romênia, ou o regime que matou
dezenas de milhões, nos anos 70, na China de Mao.
De 2001 para 2012 pouca coisa mudou, pois o imaginário público
ainda é enganado pela propagada feita pelos ex-terroristas sobre a luta armada.
Os mais iludidos são o jovens, sob décadas de propaganda enganosa e mistificação.
Não fazem a menor idéia do que aconteceu. Não têm a menor noção das dimensões
numéricas envolvidas. Não sabem o que queriam e faziam, de fato, os
terroristas.
ASSIM, APROVEITEM AS VERDADES DO TEXTO A SEGUIR :
FILHOTES DO GENOCÍDIO
Olavo de Carvalho
Época, 2 de junho de 2001
Para cada homicídio que denunciam, eles foram cúmplices de
outros 49
Os brasileiros que foram treinar guerrilha em Cuba não se
tornaram somente pontas-de-lança da estratégia cubana no Exterior, mas também,
obviamente, suportes do regime de Fidel Castro no próprio âmbito cubano.
Recebidos com honras, sustentados com verbas do Estado, tiveram funções e
utilidades bem nítidas no esquema de poder fidelista, alguns como oficiais da
inteligência militar, outros como símbolos legitimadores e garotos-propaganda
do regime, um papel a que muitos ainda se prestam com cínica devoção.
Como qualquer ajudante e beneficiário de uma ditadura,
fizeram-se cúmplices dos crimes cometidos por ela, no mesmo sentido e na
mesmíssima proporção com que acusam de parceria nos crimes da ditadura nacional
qualquer indivíduo, daqui ou de fora, que de algum modo tenha apoiado o regime
militar ou recebido favores dele. Moralmente, a única diferença que pode haver
entre uma cumplicidade e a outra reside na magnitude dos crimes praticados
pelas ditaduras respectivas. Mas essa comparação não é nada favorável aos que
hoje detêm o monopólio do direito de acusar.
O Brasil do período ditatorial não teve mais de 2 mil
prisioneiros políticos. Cuba teve 100 mil. Para cada esquerdista brasileiro
preso no DOI-Codi, no Dops, na Ilha Grande, 50 cubanos foram jogados nas prisões
políticas de Havana, com a solícita cumplicidade política e moral desse
brasileiro. E os mortos, então? A ditadura brasileira fez 300 vítimas; a
cubana, 17 mil. Para cada comunista brasileiro morto pelos militares, morreram
mais de 50 dissidentes cubanos.
A diferença não é só quantitativa. Ela afeta a própria
natureza dos crimes. Dezessete mil mortes, numa população cerca de 14 vezes
menor que a do Brasil, já são um genocídio, a liquidação metódica e sistemática
de um grupo, de uma classe. Genocídio com um detalhe ainda mais pérfido: em
Cuba, desde a fuga de Batista, não houve resistência armada interna. A ditadura
brasileira matou guerrilheiros e terroristas. Cuba, com o apoio deles, matou
cidadãos desarmados, pacíficos e sem periculosidade alguma, a maioria por
motivos fúteis, muitas vezes por uma simples tentativa de sair em busca de uma
vida melhor.
Se é lícito denominar “filhote da ditadura” a qualquer um
que tenha colaborado com o regime militar, com igual rigor e justiça os que se
beneficiaram da ajuda de Cuba devem ser chamados “filhotes do genocídio”.
Mas 17 mil são só os que morreram em território cubano. Não
estou contando aqueles que tropas armadas, instruídas e financiadas pelo
governo de Havana, co-irmãs da guerrilha brasileira, assassinaram no Peru, na
Nicarágua, na Colômbia. São 80 mil no total: para cada comunista morto no
Brasil, seus companheiros mataram mais de 49 não-comunistas no continente. E
continuam matando. Seus sofrimentos, além de fartamente indenizados em
dinheiro, já foram vingados 49 vezes. Com que autoridade moral, pois, ainda
erguem seu dedo acusador contra os “filhotes da ditadura”? Malgrado a força
intrínseca desses fatos e números, a malícia esquerdista poderá tentar
neutralizá-los alegando que saem da boca de um anticomunista. Mas seria
inverter causa e efeito. Não penso essas coisas por ser anticomunista:
tornei-me anticomunista porque me dei conta dessas coisas.
Mesmo assim, guardei-as comigo anos a fio, por medo de
prejudicar aqueles a quem um dia chamara “companheiros”. Se de algo posso ser
acusado, é desse comodismo pusilânime do qual por fim me libertei, mas que me
fez tardar demasiado em dizer a verdade. Muitos, sabendo dela tanto quanto eu,
vivem ainda de camuflá-la sob jogos de palavras, e não para proteger a
terceiros, mas a si mesmos e às vantagens de que hoje desfrutam, seja como
membros do governo, seja como ídolos da oposição. Nisso consiste toda a sua
moral: culpa reprimida, transmutada em fome insaciável de retaliações e
compensações.
É claro que os crimes da ditadura militar devem ser
denunciados, investigados e punidos – mas não por esse tipo de gente. Não por
essa escória.
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