AS ORELHAS DE ABANO INCOMODAVAM O GAROTO |
Leio em Veja, edição, 2293, interessante matéria sobre pais
de crianças e jovens com síndromes genéticas, como Down, e que são reprovados
por canalhas politicamente corretos que não aceitam que os pais procurem melhorar
a vida de seus filhos.
O que significa melhorar neste caso? Há uma história na
reportagem de Mariana Amaro, de um casal que tem dois filhos, um dos quais com
Síndrome de Down, Charlie Cardillo, de
15 anos de idade. O garoto vivia triste e aborrecido porque seus colegas na
escola o chamavam de Dumbo, por conta das grandes orelhas de abano.
O pensamento politicamente correto faz uma falsa aposta num suposto bem. Na verdade é um pensamento que leva a um comportamento mesquinho, baseado em um falso humanismo. O pensamento politicamente correto se encaixa como uma luva às propostas de destruição da civilização de fundamentos cristãos, democrática e ocidental. Em nome da igualdade explora a desigualdade, e joga as pessoas umas contra as outras. Dividir para governar.
O politicamente correto é o fascismo do Século XXI.
Qual foi o pecado dos pais, segundo os canalhas
politicamente corretos? Estariam querendo esconder a condição (Down) do filho.
Vejam que absurdo. O rapaz ficou feliz ao olhar a sua imagem no espelho. Isso
melhorou muito a sua vida. Por que ele teria que carregar aquelas orelhas de
abano pelo resto da vida, e ouvir chacotas de amigos e desconhecidos?
Os pais agiram corretamente.
Os dentistas tradicionais, aqueles que tratavam de cáries e
canais quase sumiram do cenário. Agora reinam os ortodontistas e seus aparelhos
maravilhosos. Qualquer probleminha na arcada e la vem um aparelho. Tenho um
filho que era meio dentuço quando pequeno. Colocou aparelhos corretivos por alguns anos e tem hoje
uns dentes maravilhosos. Mas ele não tinha síndrome de Down. Então isso podia
ser feito?
Se alguém perde uma perna em um acidente, é obrigado a ficar
saltitando com uma perna só pelo resto da vida? A ciência já não desenvolveu
próteses fantásticas? Então, por que pais de filhos com problemas genéticos não
podem melhorar a vida de seus filhos?
Uma coisa que avançou muito nas últimas três ou quatro
décadas foi a integração entre crianças com Down, por exemplo, e outras sem a
síndrome, nas escolas. O convívio entre elas melhorou a aceitação das primeiras
pelas segundas. O curioso é que muita gente que luta pela integração agora se
revolte e reprove que os pais ajudem seus filhos.
Ora, as crianças e jovens com Down adaptam-se muito bem à
maior parte das situações, e muitos têm plena consciência de que, embora tenham
seus direitos, como qualquer um, também tem suas diferenças, como um dentuço,
um orelhudo, uma garota de seios gigantes.
Ora, se o dentuço pode corrigir a arcada e melhorar sua
auto-estima, se a garota pode fazer uma plástica para sentir-se melhor, por que
uma criança ou jovem com Down não podem fazer uma operação nas orelhas de
abano, por exemplo? Deveriam ser exibidos pelos pais como troféus de uma luta
contra o preconceito?
O pensamento politicamente correto mostra a sua crueldade
justamente neste ponto, pela dualidade de posições. Criticam pais que
melhoraram a vida dos filhos como se fosse maus, egoístas. Foi exatamente isso
que fizeram os de dupla-moral com a ação das autoridades para acabar com a
Cracolândia em São Paulo, e com o ataque policial à Cracolândia de alguns
morros cariocas.
Em São Paulo, os críticos das autoridades diziam que era uma
operação de higienização.
Isto é, uma operação apenas para limpar as ruas daquele “lixo”
humano. No Rio, foi para “pacificar” os
morros. No Rio pode levar viciados à força para hospitais. Em São Paulo não. No
Rio é virtude. Em São Paulo é pecado.
Tirar viciados de um lugar e despejá-los em outro, sem
qualquer assistência, aí sim é errado. De fato é mais ou menos isso que o
governo do Rio está fazendo com os morros e as tais UPPs. É uma operação de
higienização estética dos morros, para melhorar a imagem turística do Rio de
Janeiro. Uma operação espanta bandido para inglês ver.
Os bandidos cariocas, ao invés de estarem sendo presos, são
espantados para outros morros ou municípios vizinhos, fazendo aumentar
barbaramente as taxas de criminalidade onde onde antes elas eram baixas ou
inexistentes.
O governador e o prefeito do Rio são pais que querem
melhorar a cara da Cidade, mas não resolver, de fato a auto-imagem da cidade.
Ninguém quer uma pintura de fachada, sem a prisão dos bandidos.
Os pais de Charlie, ao contrário, ajudaram a fazer o filho
feliz, porque ele dizia estar infeliz. As orelhas feias dele não foram
empurradas para outro lugar, foram corrigidas, e isso o fez feliz e melhor integrado
ao meio social. O que há de errado nisso?
Para os politicamente corretos, as cidades devem exibir os
drogados nas ruas, como os mendigos (chamados população de rua), para que
possam fazer proselitismo de ideias revolucionárias e agitar politicamente. Se
os mendigos deixarem de ser mendigos os politicamente corretos serão apenas
rebeldes sem causa.
E se isso acontecer, sua hipocrisia ficará evidente à luz do
sol.
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