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terça-feira, 6 de agosto de 2013

A TRAGÉDIA DA VILA BRASILÂNDIA E AS VERSÕES QUE SE BIFURCAM. SERIA O MENINO MARCELO EDUARDO BOVO PESSEGHINI ALGUÉM COM O DESEJO DE MATAR? Teria um garoto de 13 anos atirado na cabeça do pai, da mãe, da tia e da própria avó, ido às aulas e, na volta, dado um tiro de pistola na cabeça? (Video)


(ACRESCIDO NO DIA 03 DE SETEMBRO:

A polícia divulgou hoje (3) laudo que mostra que Marcelo distendeu a mão esquerda ao usar a arma de sua mãe, uma pistola calibre 40, usada para matar seus familiares e no suicídio. O cano da pistola tinha cabelos de Marcelo chamuscados grudados e os cabelos na cabeça dele também estavam chamuscados, sinal de de que ele deu um tiro na própria cabeça.)


ANDRÉIA, LUIZ MARCELO, MARCELO EDUARDO

Marcelo Eduardo, um garoto de olhar meigo, suave, tímido segundo alguns, teria planejado a morte dos próprios pais, conforme é possível inferir pelos fragmentos de relatos que se juntam? Ou teria razão um tio do menino, irmão de seu pai, Fábio Pesseghini, para quem tudo parece uma espécie de armação da Secretaria de Segurança do Estado?

A vida dos PMS hoje em dia é cheia de sobressaltos, medo e surpresas, sabemos, a casa é o sagrado abrigo que nos protege. Lá fora fica o perigo, aqui a calma e a paz. Mas, e quando o inimigo pode estar do lado de cá, aqui dentro, ao nosso lado? Como desconfiar do próprio filho?

Lamento muito, estou bastante impressionado pela tragédia que se abateu sobre a família Pesseghini, realmente chocado, mas vou discordar  do tio do garoto e ficar com a versão policial.

A polícia investiga a possibilidade de que Marcelo tenha contado com a ajuda de alguém. Discordarei, agora da hipótese policial. Sei que a história da família Pesseghini é uma história real; pessoas morreram, pessoas sofrem com a sua morte. Muita gente está chocada, triste, alarmada, quase sem saber o que pensar.

Contudo, aprendi na adolescência que a arte imita a vida, e a vida imita a arte. Essa é uma história com suficiente potencial para transformar-se num enredo cinematográfico, assim como a tragédia americana em que um rapaz de 20 anos matou a mãe, saiu com seu carro, e disparou matando duas dezenas de crianças e mais seis adultos, na escola de Sandy Creek (USA).

Foi influência da televisão?; da violência de alguns jogos eletrônicos?; raiva dos pais por maus tratos?; ou simplesmente porque tinha algum problema interno que nunca foi percebido a tempo? Quem pode responder?

Aprendi, também , desde cedo, com meus pais, que nunca deveríamos julgar as pessoas pela aparência. Mas também aprendi, com minha boa e velha avó caipira, que “quem vê cara, não vê coração”.

ADAM LANZA, O AUTOR DO MASSACRE DE SANDY CREEK

MARCELO TEVE AJUDA?

Durante anos, na adolescência, li histórias de suspense, mistério e contos policiais. Ellery Queen era uma revistinha fantástica; pois, com base apenas nisso, duvido que alguém tenha ajudado o menino a matar seus pais.

Peço licença para expor o que penso. Tenho lido comentários quase raivosos, em blogues, sobre como a polícia estaria mentindo a respeito do caso Pesseghini. Há mil teorias de conspiração. Creio que tudo seja bobagem.

As pessoas vêem novelas demais.

Um amigo de Marcelo, colega de sua escola, disse à polícia que o menino já havia falado sobre uma vontade “queria matar o pai e a mãe, queria pegar o carro do pai, e queria ser um matador profissional, fugindo para algum lugar escondido”. Fabulação de garoto tímido, ou expressão sincera de um sonho doentio?

Uma professora de sua escola disse ao delegado que o menino havia perguntado a ela se ela já havia dirigido e se havia feito, algum dia alguma coisa ruim a seus pais (dela).

Não sei se o garoto era normal (como dizem os parentes) ou não. Creio que nem eles, pois nem os pais, ocupados profissionalmente, como tantos pais, talvez o conhecessem de verdade. O que não é incomum. Esse é um dos maiores problemas familiares, hoje em dia.

A HIPÓTESE DA SEGUNDA PESSOA

Vamos lá. A polícia trabalha com a hipótese de uma segunda pessoa, que teria ajudado Marcelo.

Muito bem, que tipo de pessoa teria tanta proximidade com o menino a ponto de planejar o assassinato de seus pais, tia e avó? A polícia terá que descobrir.

Mas, se Marcelo, ajudado por alguém, planejou o crime, porque razão o seu parceiro, após as quatro mortes, teria deixado Marcelo ir à escola, correndo o imenso risco de que o menino, com remorso, apavorado, num momento de descuido, deixasse escapar alguma coisa?

Se era para esperar o menino voltar da escola para matá-lo, não teria sido um tremendo risco o sujeito ficar dentro de casa, com a possibilidade de aparecer alguém, algum policial, para procurar Andréia e Luis Marcelo?

Vejam, creio não haver hipótese de que algum desconhecido pudesse ajudar o menino. Se ele teve ajuda, foi de alguém que conhecia muito bem e em quem confiava. Mas porque alguém assim faria isso?

Por enquanto, conforme os relatos policiais, nada se observou que houvesse sido tirado da casa, mesmo as armas, uma pistola calibre 40 (para a qual ela não tinha licença)  e um revólver calibre  32, que ela herdou do pai, que também foi PM. A casa estava em absoluta ordem, e os corpos em posição de quem dormia.

Não houve surpresa, reação violenta, sobressalto. Apenas a mãe parece haver se levantado, mas foi encontrada meio ajoelhada, apoiada em alguma coisa como um travesseiro. A polícia imagina que o garoto possa ter sedado os pais. 

Ou, devido a uma certa quantidade de remédios encontrada pelos policiais na casa, talvez eles tomassem calmantes ou antidepressivos, o que poderia ter facilitado o matador. Isso tudo, com certeza, será conhecido pela perícia técnica. É só aguardar.

Há outra coisa.Se o garoto matou todos os parentes em um tempo curto e, depois, saiu de casa no início da madrugada, de carro, em direção à escola, de onde voltou de carona muitas horas depois, então os médicos legistas deverão informar em seus relatórios o horário estimado da morte, por conta da rigidez cadavérica e outros detalhes. Se  Marcelo voltou e o assassino o esperava, para então matá-lo (o que é difícil de crer), isso terá que aparecer também no relatório, ele poderia ter morrido dez ou doze horas depois de seus parentes!

Não havendo razão para aceitar a hipótese de um ajudante, restaria a dura verdade, a história do garoto de 13 anos de idade, querido na escola, que havia confessado a um amigo o desejo de matar os pais, pegar o carro do pai e sair pelo mundo como um assassino profissional, começa a ganhar outro contorno.

Quem garante que, na correria pela sobrevivência, Marcelo Eduardo conversava bastante com os pais, ou se eles sabiam mesmo o que ele fazia no tempo em que usava a Internet, ou de que jogos ele gostava, ou com quem se relacionava virtualmente?

Lembrem-se, o menino já poderia estar morto, há anos, devido a uma doença grave que, graças aos cuidados de seus pais com sua saúde, não havia se tornado ainda fatal. Será que ele era contrariado; ou melhor, poderiam não contrariá-lo, ou importuná-lo com questões, para não aborrecê-lo, por conta sua saúde frágil?

AMIGO VIRTUAL 

A polícia já sabe que Marcelo era um garoto tímido e caseiro, e que passava horas na Internet ou jogando jogos eletrônicos. Se o mundo externo é perigoso, às vezes o inacessível mundo que ocupa as cabeças dos jovens pode ser muito mais violento que imaginamos, além de permitir embaralhar o mundo virtual e o mundo real.

Sabe-se que Marcelo tinha uma página no Facebook com uma identidade visual que se referia ao violento jogo Assassin´s Creed, que significa mais ou menos Assassino com convicção; um jogo proibido em muitos países.




Marcelo poderia ter sido auxiliado por um amigo virtual (isto é, quem ele conhecesse apenas pela Internet) que veio à sua casa para ajudá-lo a matar os próprios pais, tia e avó e depois aguardar muitas horas para, finalmente dar um tiro no garoto e ir embora para que tudo parecesse um múltiplo assassinato que terminou em suicídio? Muito fantasioso, não parece?

Acho demais. A mente humana é um poço de mistérios. Quanto mais penso nisso, mais me convenço de que aquilo que ele falou (ou falava sempre?) para o amigo da escola era verdade. Mas porque um outro garoto acreditaria naquelas bravatas?

Tanto não acreditou, que contou isso apenas agora, após a tragédia.

Para mim, Marcelo tinha um sonho, um segredo – que repartiu com o amigo – mas que ninguém poderia saber que poderia transformar-se num pesadelo.

Creio que Marcelo acreditava, realmente, em seu desejo. O desejo de matar. Talvez fosse como uma alucinação. Talvez imaginasse essas coisas após muito tempo de jogos eletrônicos. Quem sabe? 

Ele teria, então matado o pai, a mãe, a tia e a avó, pego um carro (o da mãe) e ido para perto da escola, de madrugada. Lá ficou até amanhecer. Pegou a mochila e foi para a aula.

Voltou de carona com o pai do seu amigo (aquele que sabia de seus planos); quando o pai do amigo buzinou para chamar o pai de Marcelo, este teria dito para não buzinar mais, que estariam dormindo. Agradeceu e entrou em casa.

De lá saiu morto, com o restante da família.

Talvez ao voltar da escola, dissipada a alucinação, ou algo assim, encarou a realidade macabra. Ficou desesperado, sem rumo, sem saída ao ver o pai, a mãe, a tia e avó mortos, com um tiro na cabeça cada um. Dados por ele mesmo. O que fazer agora?

Talvez tenha percebido a imensidão de seus atos e, ainda num resto de consciência e amor por todos eles, resolveu acabar com a própria vida, indo com eles para o Paraíso.

Essa parte não estava nos sonhos que contava para seu amigo.

Marcelo, olhem bem para a foto dele com os pais, era um menino de olhar suave e meigo. Talvez tenha preferido morrer a tornar-se um assassino profissional.

A vida é, mesmo, um mistério.

Que a família Pesseghini descanse em paz. 

Gutenberg J. 


ASSASSIN´S CREED



6 comentários:

  1. Existe um caso parecido "O caso de Amityville".

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  2. Pesquisando sobre o caso encontrei fotos do local do crime. Duas fotos divergentes. Uma onde o garoto esta de cueca no chão, com uma mancha de sangue no canto da cama e a mãe dele de joelhos bem encima da cama,e outra onde o garoto esta no canto da cama, vestido com o uniforme da escola e sua mãe de joelhos ao lado da cama. Qual sua opinião sobre isso? Por qual razão algumas pessoas voltaram atrás no depoimento.? Antes foi dito que viram pessoas pulando o muro ao meio dia, dentre essas um policial fardado alegando que todos estavam mortos, mas só apareceram viaturas 7 horas depois!!! Ligaram para um parente perguntando o porquê o garoto havia faltado a aula!!! Gostaria mesmo de saber sua opinião.

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  3. Olá, Juliana.
    Obrigado pelo interesse!
    Vamos por partes. Quanto às fotos, o menino foi achado vestido parcialmente sobre o colchão. Provavelmente a foto em que ele aparece de cueca foi feita bem depois, talvez por alguém da perícia, para examinar o corpo. Que eu saiba, ninguém voltou atrás no depoimento. A diretora disse à imprensa que o garoto era educado e bem comportado, etc, assim como professoras. Mais adiante, quando falou ao delegado, acrescentou observações que, não desdizem o falado antes, apenas complementam: que desde abril havia observado também que ele estava um pouco mais fechado e usava sempre capuz. Isso não a desdizer que ele fosse educado e bom aluno. Apenas acrescenta detalhes de observação.
    Pessoas da família é que, no início, tomadas certamente pela emoção e surpresa, e dor, não aceitavam a hipótese do garoto ter feito o que fez. É compreensível. Mas em depoimentos ao delegado, com mais calma e tempo, disseram muitas coisas quenão foram ditas no início, como ele ter um dia apontado uma arma para todos os que estavam em sua casa, em visita, por exemplo.
    Desde o início das narrativas há alguém da vizinhança que disse ter visto duas pessoas pularem o muro, uma delas fardada. De fato, foi um policial militar que mora na mesma rua e que conhecia a família há muito tempo. Não sei exatamente a hora que ele descobriu os corpos e o tempo exato em que as viaturas chegaram à casa, mas não há mistério sobre se alguém pulou o muro. Pulou mesmo.
    A história do parente e da aula deve ter sido alguém dando um trote, sempre há um desgraçado assim. Marcelo foi à aula e, ironicamente, quando os colegas perguntaram se ele havia conseguido acertar a avó ele respondeu: "matei todos eles"!. Isso perto do meio dia. Ninguém acreditou, logicamente, pois todos imaginavam que aquilo fosse apenas bravata juvenil. No início da noite,com o noticiário, descobriram que era verdade, e que ele também estava morto. Ele chegou a dizer a um dos amigos antes de ir para casa: "esta é a última vez que você está me vendo vivo". E foi mesmo, não foi?
    Sabe, Juliana, há um descompasso natural entre a cobertura da imprensa e o trabalho da polícia. As matérias tem que ser publicadas rapidamente, isso facilita exageros ou erros de apuração, além de que jornalista não é investigador policial.
    Então fica tudo muito fragmentado e, aparentemente, contraditório. O trabalho da polícia é mais lento, há os laudos técnicos, isso demanda dias; há apuração de testemunhas, convocação,oitiva. Isso também leva tempo. No caso dos Pesseghini, a polícia já ouviu mais de 40 pessoas. E creio que não haja qualquer dúvida sobre o que aconteceu. Marcelo puxou o gatilho. A única pergunta sem resposta nessa triste história é: "mas por que, Marcelinho?". Se não encontrarem um rascunho de uma carta ou algo assim nos papéis ou computadores, creio que jamais saberemos o motivo. Esse segredo o menino levou para o túmulo.
    Muito obrigado pelas suas questões.
    Volte sempre, é um grande prazer tê-la como leitora.
    Gutenberg J.

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