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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

CUBA E A MAIS-VALIA. “Jamais existiu uma “superestrutura capitalista”, isto é, um complexo de estruturas de pensamento que justificassem o sistema econômico capitalista e proibissem quaisquer outras idéias de prosperar, até porque um sistema capitalista é um termo impróprio: o que existe é a sociedade livre, na qual cada um é capaz de defender suas convicções.” (Klauber Cristofen Pires)



 

 Mais-valia: quem te viu, quem te vê!

Klauber Cristofen Pires
29 Agosto 2013

Ó, mais-valia! Onde foste fixar moradia fixa desde que teu criador, Karl Marx, te deu existência!


O título deste artigo dá bem a medida da volta que deu a teoria fundamental do marxismo. Relembrando, a mais-valia era a tese de Karl Marx segundo a qual o lucro resultante da atividade empresarial consistia tão somente em roubar o produto do trabalho dos seus operários, deixando a eles tão somente um mínimo para a subsistência.

Eugen von Böhm-Bawerk foi um dos economistas contemporâneos ao patrono do socialismo que mais brilhantemente a refutaram. Böhm-Bawerk teve de o mérito de discernir entre o valor presente e o valor futuro, demonstrando que o valor pago ao trabalhador consistia no pagamento (garantido) de valor presente, enquanto que ao empresário o lucro adviria dos juros esperados pelo recebimento incerto e em momento futuro.

Com efeito, a argumentação de Böhm-Bawerk tem sentido: Quem não tem dinheiro suficiente hoje para comprar uma casa, por exemplo, há de financiá-la remunerando o verdadeiro dono do dinheiro com juros. Não há nada de injusto nisto, uma vez que o dono do dinheiro poderia, por exemplo, abrir uma loja ou iniciar uma criação e ganhar dinheiro com o fruto do seu investimento.

Todavia, eu tenho uma objeção a fazer ao célebre austríaco: ele levou a sério demais as picaretagens de Karl Marx. Agiu como um autêntico gentleman, reconheço, mas é que às vezes me parece que ao darmos uma atenção tão cuidadosa a pulhas corremos o risco de fazer com que sintam possuir uma desmerecida importância ao passo nós mesmos descemos um degrau de nossa seriedade. Parece-me que pode ter sido mais ou menos por aí que o socialismo, como um movimento político, prosperou.

Fato é que a teoria da mais-valia não merece realmente crédito algum, nem sequer por suas premissas mais básicas: não passa de uma pegadinha, a pegar tolos incautos que não percebem a total falta de nexo, e a servir de cavalo de São Jorge aos espertos que viram nela a oportunidade de ascensão por outra via que não o trabalho honesto.

Na verdade, não há nenhuma comparação possível entre o trabalho autônomo e o trabalho assalariado. Basta percebermos que nas modernas empresas surgiram inúmeros cargos e profissões especializadas bem remunerados que simplesmente não existiam antes da revolução industrial.

O empresário não rouba o trabalho de um autônomo. Este, avaliando seus próprios interesses, é quem decide abandonar sua incipiente oficina e candidatar-se ao emprego oferecido por aquele, ou de outro modo seguirá com seu ofício por conta própria. Não há que se falar em roubo se alguém tem tanto a possibilidade de escolher quanto de posteriormente arrepender-se e voltar atrás.

Convém salientar que não foi somente Böhm-Bawerk que refutou a obra do filósofo alemão. A bem da verdade, suas idéias tresloucadas não tiveram receptividade quase nenhuma em seu próprio tempo, tendo sido falseadas por inúmeros pensadores sérios, por várias linhas de raciocínio, de modo que o irascível Karl Marx teve de recuar e recuar até um ponto onde ele “admitiu”, como uma forma de não dar mais o braço a torcer, que os empresários roubavam apenas “a última hora” dos trabalhadores. Patético, considerando o quanto a natureza e a complexidade das inúmeras profissões, bem como das jornadas dos trabalhadores, divergiam enormemente.

Aqui se faz oportuno relembrar o caráter desonesto de Karl Marx, ao publicar os dados dos livros anuários estatísticos do parlamento inglês de maneira invertida, isto é, trocando os dados de trinta anos antes com os dados então atuais, como meio de demonstrar que a exploração do trabalho dos operários estava levando-os a um caminho de empobrecimento, quando, em verdade, demonstrava que estavam prosperando.

Ludwig von Mises asseverou o quanto a propaganda da exploração dos trabalhadores durante a época da revolução industrial representou uma das maiores mentiras da história, no que aqui convido, você, leitor, a refletir comigo:  Ora, quem eram os operários ingleses, incluindo as mulheres e crianças, antes de trabalharem nas fábricas? Eram famintos e doentes, que vinham paupérrimos das propriedades rurais onde passavam a vida com uma única muda de roupa e cuja alimentação resumia-se a repolho. Como calçados, essas pessoas usualmente faziam uso de um trapo velho enchido com palha e amarrado às pernas, ou senão passavam a vida descalças mesmo. A única perspectiva de sair daquela realidade seria alistar-se no exército ou na marinha real, para arriscar a vida em prol da esperança de alguma aventura bem-sucedida, pilhando outros povos de além mar.

Pois, pela primeira vez na história, estas pessoas passaram a contar com a possibilidade de terem calçados e melhores alimentos, bem como o acesso a bens de consumo que até os reis e nobres de outrora não possuíam, tais como remédios modernos e eletricidade. Seus filhos foram enviados às escolas, e os empregos foram ganhando postos de complexidade até então inexistentes, com salários de maior valor.

Sem ser um segredo para ninguém, a realidade de hoje mostra o quanto as pessoas trabalhadoras dos empregos mais básicos nos países desenvolvidos recebem uma remuneração digna o suficiente para morarem bem, cuidarem da saúde, educarem-se e divertirem-se e até mesmo adquirir bens que nos países do terceiro mundo são considerados luxuosos. Nos Estados Unidos, por exemplo, um Honda Civic é considerado um carro de empregada doméstica.

Cá estamos, todavia, em um momento da história em que só é capaz de renegar as catástrofes ocorridas nos países onde a experiência socialista se fez mais intensa quem é igualmente capaz de sufocar a própria consciência.

Vejam o relato de uma brasileira que testemunhou pessoalmente o sistema comunista cubano:

Descobri que em Cuba você não tem empregados, todos os trabalhadores são funcionários públicos. Você contrata uma empresa (Cubalse), paga dez vezes o valor que é repassado ao trabalhador (explorado). Logicamente contratei uma babá no mercado negro. Pagava a ela US$ 100,00, o que era uma verdadeira fortuna em termos cubanos, uma vez que esta senhora era enfermeira formada e recebia US$ 10,00 de aposentadoria e o marido, médico, outros US$ 15,00.

A família estava numa tal situação de penúria que um dia vi que ela recolheu do lixo umas peles de frango que eu havia jogado fora, com aquilo ela pretendia fazer uma canja e estava satisfeitíssima.

O que esta digna senhora vivenciou e nos legou com seu depoimento datado de 2001 vê-se agora incrivelmente atualizado com a vinda dos médicos cubanos ao Brasil, pois, sem um pingo de exagero, estas pobres almas trabalham em regime típico da escravidão, com a diferença que os admitiremos aqui, onde até ontem a liberdade e a dignidade do ser humano era ainda um valor consagrado.

Agora vejam: dando de graça a Karl Marx a sua reivindicação de que os empresários no sistema capitalista “roubam” apenas a última hora do trabalho dos seus operários, estes então receberiam a 38ª parte de 44 ao total, considerando uma jornada semanal de 44 horas. Isto significaria que os operários recebiam, no século XIX, algo como 86% do valor dos produtos ou serviços.

Como se pode perceber, o socialismo inverteu a relação do valor trabalho-produto, com o agravantíssimo de que um operário de um país comunista não tem como escolher outro patrão e que seu patrão único o estado, toma-lhe não apenas a maior parte dos frutos do seu trabalho, quanto também de sua vida privada, tornando-o um ser completamente despido de dignidade e liberdade.

Toda a teoria fundamental marxista-socialista-comunista acabou se tornando ela própria aquilo mesmo que ela acusou haver no sistema capitalista. Por exemplo, jamais existiu uma “superestrutura capitalista”, isto é, um complexo de estruturas de pensamento que justificassem o sistema econômico capitalista e proibissem quaisquer outras idéias de prosperar, até porque um sistema capitalista é um termo impróprio: o que existe é a sociedade livre, na qual cada um é capaz de defender suas convicções.

A maior prova disso foi justamente a emergência da teoria marxista. No entanto, existe sim uma superestrutura marxista, dado que em todos os países onde vige o sistema socialista permite-se apenas um único partido, e que qualquer mínimo rastro de dissidência pode ser punida severamente.

Portanto, você, leitor, que acabou de ler este texto, pode se considerar doravante apto a endossar as teorias marxistas, mas agora aplicadas aos próprios socialistas.


TEXTO REPRODUZIDO DO SITE MÍDIA SEM MÁSCARA:

Imagem Karl Marx:

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