Foro de São Paulo, 23 anos depois
Silvio Grimaldo de Camargo
26 Agosto 2013
A decisão do governo federal de
trazer médicos cubanos ao Brasil é apenas uma manobra do Foro de São Paulo para
financiar a indústria de “missões humanitárias de Havana.
Em entrevista exibida pela Globo
News em 2009, Luiz Felipe Lampreia, ex-ministro das Relações Exteriores,
diagnosticava: “O que explica a confusão da América Latina é o Foro de São
Paulo”. E ele tinha razão!
O Foro de São Paulo é uma
organização que reúne de maneira promíscua partidos políticos legais,
organizações terroristas e grupos narcotraficantes. Ele foi fundado em 1990 por
Lula e Fidel Castro, que prometiam reconquistar na América Latina o que se
havia perdido no Leste Europeu. Seu objetivo era traçar estratégias comuns e
lançar “novos esforços de intercâmbio e de unidade de ação como alicerces de
uma América Latina livre, justa e soberana”.
A unidade estratégica dessas
organizações visava tomar o poder em todo o continente, criando uma frente de
governos socialistas em oposição aos Estados Unidos. Hoje, duas décadas depois,
o Foro de São Paulo governa 16 países, nos quais aplica a mesma agenda de
aparelhamento do Estado, de limitação das liberdades civis, de relaxamento no
combate ao narcotráfico, de perseguição à oposição e à imprensa livre.
O “Plan de Acción” aprovado e
publicado nas atas do seu 19.º Encontro, ocorrido em São Paulo no começo
deste mês, confirma e reforça o pacto estratégico e o compromisso solidário
estabelecidos 23 anos atrás. Os efeitos práticos dessa solidariedade política
ficam claros quando observamos a submissão do governo petista às diretrizes do
Foro, em detrimento dos interesses nacionais, como ilustram alguns casos da
nossa política recente.
Em 2005, o representante das Farc
no Brasil, Olivério Medina, foi preso numa ação conjunta entre a Polícia Federal
e a Interpol. Medina era procurado na Colômbia por diversos crimes – homicídio,
sequestro e contrabando de armas – e o governo colombiano pediu sua extradição.
O presidente Lula não apenas lhe negou o pedido como concedeu ao terrorista o
status de refugiado político.
Logo depois, a esposa de Medina, Angela Maria
Slongo, foi ocupar um cargo de confiança no Ministério da Pesca, a pedido de
Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil.
Em maio de 2006, Evo Morales
estatizou duas refinarias da Petrobras na Bolívia, depois de ocupadas e tomadas
pelo exército boliviano. O governo brasileiro respondeu com um afago e, dois
anos depois, Lula anunciava um empréstimo de US$ 332 milhões a Morales, para a
construção de uma rodovia.
Em 2011, Dilma Rousseff anunciou
mudanças no Tratado de Itaipu, atendendo a um pedido de Fernando Lugo,
presidente do Paraguai e membro do Foro de São Paulo. A senadora Gleisi
Hoffmann, do PT, foi a relatora da matéria no Senado e defendeu a aprovação das
alterações, que fizeram triplicar a taxa anual paga pelo Brasil ao Paraguai
pela energia não usada da Usina de Itaipu, saltando de US$ 120 milhões para US$
360 milhões.
A decisão do governo federal de
trazer médicos cubanos ao Brasil é apenas uma manobra do Foro de São Paulo para
financiar a indústria de “missões humanitárias de Havana. Segundo dados
levantados pela jornalista Graça Salgueiro, mais de 20 países recebem serviços
médicos de Cuba. Os países-clientes pagam pelo serviço ao governo cubano, que
repassa apenas uma pequena parte do dinheiro aos médicos. Raúl Castro arrecada
nada menos que US$ 6 bilhões anuais com o envio de médicos ao exterior.
Calcula-se que o Brasil enviará centenas de milhões de dólares aos cofres
cubanos com a importação dos médicos. O dinheiro que poderia ser investido no
sistema público de saúde brasileiro vai financiar uma ditadura comunista.
Quando o filósofo Olavo de
Carvalho começou a denunciar o Foro de São Paulo, políticos, empresários e
jornalistas preferiram ignorá-lo, acreditando que o bicho era manso. Mas o
bicho era bravo e agora cresceu formidavelmente; já não sabemos se ainda é
possível derrotá-lo.
Publicado no jornal Gazeta do
Povo.
Silvio Grimaldo de Camargo é
sociólogo e editor.
TEXTO REPRODUZIDO DO SITE MÍDIA
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