ENCAROU A MÃE DE FRENTE ANTES DE MATÁ-LA? |
(ACRESCIDO NO DIA 03 DE SETEMBRO:
A polícia divulgou hoje (3) laudo que mostra que Marcelo distendeu a mão esquerda ao usar a arma de sua mãe, uma pistola calibre 40, usada para matar seus familiares e no suicídio. O cano da pistola tinha cabelos de Marcelo chamuscados grudados e os cabelos na cabeça dele também estavam chamuscados, sinal de de que ele deu um tiro na própria cabeça.)
Após as mortes, fugiu de automóvel para tornar-se
um assassino profissional. Porém, no final da manhã, depois das aulas, voltou para
casa e deu um tiro no ouvido esquerdo. Caiu morto perto de seus pais.
Esse foi um dos crimes mais
brutais e inexplicáveis dos últimos anos ocorridos no Brasil. O que levou
Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini, 13 anos de idade, a atirar em sua família e
matar-se em seguida?
Silêncio absoluto na pequena casa
da Rua Dom Sebastião, número 42. Todos dormem após um domingo alegre e agitado.
Todos dormem, sim, menos um, o garoto que deveria estar aguardando o momento
certo para agir.
Uma das coisas mais chocantes de
imaginar é que ele possa ter matado a própria mãe, que parece ter acordado com
o primeiro disparo, aquele que matou o sargento da Rota Luís Marcelo
Pesseghini.
Marcelo atirou do lado esquerdo
da nuca de seu pai que dormia de bruços em um colchão colocado sobre o chão da
sala. O pobre homem não teve qualquer
chance de defesa, pois dormia profundamente. Um único tiro.
O tiro dado no sargento deve ter
acordado a mãe do garoto, a cabo PM Andréia Regina Bovo Pesseghini, que dormia
na cama do casal, no quarto. Talvez ela tenha acordado assustada com o
estampido, meio zonza de sono, tateando no escuro até a sala para saber o que
teria acontecido.
Imaginar essa cena é algo
bastante triste e doloroso. Será que ela viu o garoto com a arma na mão? Ela
foi encontrada morta, ajoelhada ao lado do colchão, com o torso caído sobre o
mesmo. Teria ela percebido o tiro no seu marido? As suas mãos estavam cruzadas
sobre a nuca.
OS OLHARES SE CRUZARAM?
Será que seu olhar e o de Marcelo
se cruzaram por alguns segundos, os segundos mais longos do mundo, até que ele
a mandou ajoelhar-se, dando-lhe um tiro na nuca? Ou ela estava ajoelhada para
examinar o que havia acontecido, e o menino a pegou de surpresa? Será que ela
percebeu que o marido estava morto?
Deve ter sido uma coisa
absolutamente horrificante perceber que o marido havia tomado um tiro e encarar
os olhos de um garoto de 13 anos, seu próprio filho, com uma pistola de calibre
40 na mão e descobrir, numa breve fração de segundo, que ele era o assassino.
Teria Andréia dito alguma coisa
ao filho? Teria ela conseguido fazer ao menos uma pergunta: por que?
Será que ele a encarou de frente
e, friamente, a mandou encostar o rosto
no colchão e colocar as mãos sobre a nuca para executá-la em silêncio? Teria
ele dito algo à mãe antes de matá-la? Nunca saberemos.
Após as duas mortes, o menino
saiu da sua casa e foi até uma casinha no mesmo terreno onde morava a sua avó,
Benedita Oliveira Bovo. Primeiro disparou um tiro na cabeça da sua tia-avó,
Bernadete Oliveira da Silva, que, desgraçadamente, havia ficado para dormir
após uma visita à irmã.
Em seguida Marcelo
fez dois disparos contra a própria avó materna, um no pulso e outro na cabeça.
Alguns vizinhos escutaram
disparos, mas jamais poderiam imaginar o que havia acontecido. Alguns chegaram
a dizer que a rua é movimentada e passam muitas motos e que os motoqueiros
gostam de dar estouros com o escapamento, o que de fato acontece.
Desse modo, tudo talvez tenha
acontecido entre as 22 ou 23 horas de domingo, e os primeiros cinqüenta minutos
de segunda-feira, dia 5. Ninguém viu ou percebeu, mas Marcelo tirou o carro de
sua mãe da garagem e saiu dirigindo, levando consigo uma mochila com mudas de
roupa, rolos de papel higiênico, R$350,00, uma faca, e, provavelmente, duas
armas.
Uma delas um revólver de calibre
32 desmuniciado, que pertencera ao pai de Andréia, seu avô, e a pistola usada nos
crimes, carregada com dez balas. Das quinze que cabem no pente da pistola ele
já havia usado cinco. Uma no pai, uma na mãe, uma na tia-avó, e duas na própria
avó.
DORMIU NO CARRO
Marcelo dirigiu o carro por cinco
quilômetros, até as proximidades da escola em que estudava. Dormiu ali dentro.
Perto das 6h30 da manhã sai do carro e caminha até a escola, com a mochila nas
costas.
Ao final das aulas pega uma
carona com o pai de um colega e volta para casa. Ninguém, talvez, conseguirá
explicar o motivo da volta, já que ele largou o automóvel da mãe, com o qual
pretendia fugir, estacionado perto da escola.
Entrou em casa perto do meio dia,
encostou a porta da sala, e ninguém sabe, exatamente, o que aconteceu. Talvez
tenha ficado por algum tempo olhando os corpos dos pais. Talvez tenha feito uma
avaliação dos seus planos e chegado à conclusão de que não conseguiria viver
sozinho. Será que, por breves instantes, ao menos, chegou a ter algum remorso?
Não se sabe se foi à casa dos
fundos para examinar a tia-avó e a avó, com a qual brincava tanto no quintal,
segundo vizinhos.
O fato é que, após algum tempo,
pegou novamente a pistola usada nas mortes, que pertencia à sua mãe e deu um
tiro na própria cabeça, na altura do ouvido esquerdo. A bala atravessou o crânio
e saiu pelo outro ouvido, atingindo a parede. Marcelo caiu morto com parte do
corpo sobre o colchão.
Talvez somente aquele colchão,
colocado sobre o chão da sala, sujo com o sangue de três cadáveres, pudesse
revelar algo sobre o que aconteceu naquelas longas e tristes horas; mas colchões
não falam sobre o que viram. Nunca saberemos.
MARCELO FALAVA EM MATAR OS PAIS
A história do triste fim da
família Pesseghini é tenebrosa. Colegas da escola já disseram ao delegado que
Marcelo falava às vezes que queria matar os pais e fugir para tornar-se um
assassino profissional. Como ele havia formado um grupo, um tipo de clube
secreto, no qual os membros arquitetavam a morte de parentes, todos achavam que
o que dizia era parte da brincadeira.
Foi por causa disso que no
domingo, dia 4, à tarde, quando Marcelo ligou para a casa de um desses amigos e
disse que iria matar a família naquele dia, mais tarde, o garoto fingiu que
acreditou, conversaram um pouco e desligaram o telefone. O menino disse que foi
convidado por Marcelo a fugir junto com ele depois das mortes.
Na noite de segunda-feira, quando
viu o noticiário contar sobre a morte de todos da família Pesseghini, o garoto
teve uma crise nervosa e contou aos pais o que havia acontecido. Segundo dois ou três colegas ele planejava matar a diretora da escola. Na manhã de segunda-feira ele levava as armas na mochila. resta saber se entrou na escola armado ou não. Mas a diretora deve estar trêmula até agora. Ela poderia ter sido a sexta vítima.
A coisa era pior do que parecia,
pois na manhã de segunda-feira, quando foi às aulas, Marcelo contou para dois
ou três colegas que havia matado a família. Acharam que era parte da
brincadeira. O noticiário só revelou as mortes no final da tarde!
Um dos colegas ainda perguntou se
ele havia conseguido acertar a avó, e ele respondeu “desta vez, sim, matei todos eles”. É que ele
já havia, segundo alguns relatos, tentado flechar a sua avó.
Ao amigo mais próximo, antes de
ir para casa, disse ainda na escola: “hoje é a última vez que você vai me ver
vivo”. O garoto levou na brincadeira.
Como Marcelo disse isso, talvez
naquela altura dos acontecimentos ele já houvesse abandonado os planos de fuga,
decidindo deixar o carro da mãe por ali mesmo, voltar para casa e dar um tiro na
cabeça. E foi o que aconteceu.
Marcelo Pesseghini sofria de uma
doença grave degenerativa (fibrose cística) que afeta os sistema respiratório. Quando nasceu seus pais foram
informado de que duraria pouco, uns quatro anos. O amor de seus pais e os
cuidados constantes o levaram até os treze anos.
A sua médica, que já foi ouvida
pela polícia, disse que sua saúde estava bem, apesar da gravidade da doença, e
de haver ficado diabético recentemente. Desse modo, poderia chegar perto
dos 30 anos de idade.
Era viciado em jogos eletrônicos
violentos. Pesquisava sobre crimes familiares na Internet. Seria o menino um
mitômano frio e sem amor ou afeto?
O que o levou a cumprir
concretamente os planos traçados nas brincadeiras da escola? Para os colegas o
clube de assassinos era uma brincadeira infantil; para Marcelo uma coisa que
precisou levar até o final.
Foi por algum tipo de ódio, ou
desamor?
Nenhum comentário:
Postar um comentário