A blogueira cubana "dissidente permitida" (vocês imaginam que possa haver alguém que fale de Cuba ao mundo sem a permissão do ditador?), quando esteve no Brasil, após longa batalha para sair do país, falou à Revista Veja sobre algumas questões cubanas. Yoani separa Cuba e sua gente do regime comunista, ao qual faz críticas moderadas.
Os comunistas de fora de Cuba, como os do Brasil, a consideram traidora; os reais dissidentes cubanos, que sofrem perseguição implacável do regime, a desprezam, por achar que faz um jogo de cena para dar a entender que há certa oposição no país. De qualquer modo, seus textos no blog Generación Y dão uma certa ideia de como é duro o cotidiano do cubano comum, aquele não faz parte da gang de Fidel e dos chefes do partido comunista cubano (a Nomenklatura caribenha).
O ministro Padilha,por exemplo, critica agora a forma como os médicos de Fortaleza receberam os supostos médicos cubanos, mas os comunistas do Brasil foram verdadeiros bárbaros com Yoani quando ela desembarcou no Brasil e foi obrigada a cancelar vários compromissos devido À violência dos protestos dos, creio, amigos de Padilha e petistas e geral.
(DE VEJA)
Entrevista com Yoani Sánchez: ‘Tentam me calar porque
divulgo a Cuba real’ — em que, para sobreviver, as pessoas precisam roubar do
Estado para vender no mercado negro
A blogueira cubana Yoani Sánchez descreve um sistema de
saúde à beira do colapso e uma economia na qual, para sobreviver, é preciso
roubar do Estado
Branca Nunes e Duda Teixeira (VEJA)
Que Cuba é essa?
Uma Cuba linda, mas difícil. É importante diferenciar Cuba
de um partido, de uma ideologia, de um homem. Ela é muito mais do que isso.
É um país onde as pessoas precisam esconder suas opiniões
com medo de represálias, onde muitos jovens querem emigrar por falta de
expectativa, onde o estado tenta controlar todos os detalhes da vida.
Onde colocar um prato de comida em cima da mesa significa
submergir-se diariamente à ilegalidade para conseguir dinheiro.
Muitas pessoas de vários países costumam elogiar o sistema
de saúde e o sistema educacional de Cuba.
Esses elogios são pertinentes?
Nos anos 70 e 80, Cuba viveu o florescimento de toda a estrutura
de saúde e educação. Foram construídas escolas e postos de saúde em toda parte
graças aos subsídios soviéticos.
Quando a União Soviética caiu, Cuba teve que voltar à
realidade econômica. Os professores imigraram por causa dos baixos salários, a qualidade
diminuiu e a doutrina aumentou. Exatamente como na área da saúde.
Hoje, quando um cubano vai a um hospital, leva um presente
para o médico. É um acordo informal para que o atendam bem e rápido. Levam
também desinfetante, agulha, algodão, linha para as suturas.
O governo usa a existência de um sistema gratuito de saúde e
educação para emudecer os críticos, silenciar a população.
Não passo todos os dias doente ou aprendendo, quero ler
outros jornais, viajar livremente, eleger meu presidente, poder me manifestar,
protestar.
Como funciona o sistema de aposentadoria em Cuba?
Esse é um dos setores mais pobres. Um aposentado ganha cerca de 15 dólares conversíveis por
mês. Como a maioria dos cubanos não vive do salário, mas do que
pode roubar do Estado dentro do local de trabalho [para vender no mercado
negro], quando se aposenta ele perde essa fonte de renda.
Em Havana é possível ver muitos velhos vendendo cigarros nas
ruas.
LEIA A ENTREVISTA INTEIRA EM VEJA:
FOTO YOANI SANCHEZ:
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