Ah!, os livros. Ah!, os livros e sua influência. Ah!, os
livros sobre erotismo! Talvez por conta deles muita gente fique cheia de
minhocas na cabeça, arquitetando planos. Alguns devem dar maravilhosamente
certo; outros acabam em violência, dor e sangue.
Foi, lamentavelmente, esse, o fim do plano de “A”. Melhor
chamá-lo assim. “A” estava com “B” na cama, rolando um sexo tranqüilo e
gostoso. Mas eis que chega “C” e percebe que alguma coisa está acontecendo em
seu quarto.
“C” é a esposa de “A”.
“C”, com cuidado e cautela, consegue espiar para dentro do
quarto e vê algo que nunca poderia imaginar (não sei se desconfiava), o seu
marido, “A”, mantendo relações sexuais com “B”, outro rapaz.
Comecemos de outro modo. Num belo dia, numa bela tarde, ou numa
bela noite (o leitor escolha o que for melhor), uma jovem casada viu, sem
querer, obra do destino, coisas do acaso, seu marido, um rapaz de 28 anos de
idade, fazendo sexo com um jovem, na cama do casal.
Se ela tinha algum problema com o marido, se desconfiava de
algo, se voltou sorrateiramente antes da hora certa para pegá-lo em flagrante,
não saberemos. Mas ela chegou e viu tudo o que acontecia.
Manteve a calma, embora a raiva, o ódio, e a fúria quase a tenham consumido.
Deixou passar. Deixou passar, mas não se esqueceu do que viu.
Aquela imagem ficou grudada nas suas retinas, no fundo dos olhos, na escuridão
da mente, na alma. Imaginou que precisava fazer algo como vingança.
Vingança de traídos costuma ser dolorosa, às vezes mortal. Às vezes pior do que mortal.
“C” arquitetou um modo de atrair seu marido, “A”, para a
vingança ideal. Embora a vingança ideal não seja o crime perfeito. Crimes
perfeitos não existem, mas vinganças cruéis e dolorosas, ah!, essas existem, sim, como os livros que
provocam influências.
O que fez “C”? Uma bela noite enfeitou-se, perfumou-se, escondeu
o ódio sob roupas bonitas; disfarçou o nojo sob um sorriso meigo e convidou “A”
para uma noite diferente na cama.
Talvez ela tivesse lido “50 tons de cinza”. Talvez. Talvez
tenha tido a ideia por ela mesma. Que diferença faz?
O fato é que “A” gostou da ideia, o safado, o fauno, o
polivalente. Talvez tenha lido “50 tons de cinza”. Talvez. Mas que diferença
faz; a proposta da sedutora o seduziu por completo, e ele topou o plano de “C”.
Ela o amarrou na cama, pelos pulsos e pelos tornozelos. Ele
ficou deitado, ali, nu, de costas para baixo, na cama do casal, onde ela o vira
transando com “B”. Talvez já estivesse excitado, talvez não. Que diferença faz?
Quando ela o viu ali na cama, seguro, como que pregado em
uma cruz, com os braços abertos, foi até um local e pegou uma faca serrilhada.
Não se sabe se ele desconfiou de algo. Se achou aquilo estranho. Mas já era tarde
demais.
Os uivos, os gritos de pavor. E aquela dor horrível. Muito
sangue espalhado. Muito sangue.
Talvez eles tenham lido “50 tons de cinza” e se entusiasmado, mas
ela tinha um plano para o traidor, e ele nunca desconfiou que ela soubesse de
alguma coisa.
PS. O homem perdeu o pênis, quase perdeu a vida. “B” perdeu “A”
que perdeu ”C”, que sentiu-se vingada, mas infeliz.
E daí? Ela se realizou? Depois que a mágoa passou, ela se sentiu feliz? O que ela ganhou com isso? Precisava disso tudo? Não poderia ter usado o bom senso e ter saído da vida do rapaz, com classe? ter recomeçado sua vida? Sinceramente, não sei o que leva um ser humano, se é que é humano, a praticar esses atos absurdos. Pra mim, pessoas psicologicamente doentes.
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