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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

PARA CONTER A CHUVA DE MÍSSEIS DO HAMAS SOBRE TEL AVIV ISRAEL ATACA GAZA E CIVIS MORREM. A pergunta é, por que os terroristas usam crianças e mulheres do seu próprio povo como escudos para depois acusar Israel? O que aconteceria se alguns mísseis atingissem Tel Aviv?

800 MÍSSEIS LANÇADOS CONTRA ISRAEL EM 2012
Este artigo do experiente jornalista Moisés Rabonovici, que durante muitos anos foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio, e hoje é diretor de redação do Diário do Comércio, é uma clara lição sobre o que ocorre naquele canto do mundo, em que Israel, sob uma chuva de mísseis do Hamas, é obrigado a defender-se, atingindo edifícios em Gaza e, consequentemente ferindo e matando civis. 

Mas é como disse Netanyahu: "Terroristas não compartilham a sua preocupação com a morte de civis.  Sacrificam suas próprias crianças como escudos humanos". 

Em 2012 já foram lançados cerca de 800 mísseis contra Israel, apenas no dia 10 foram 110 deles. Sobre Tel Aviv 350 mísseis lançadps da Faixa de Gaza foram destruídos pelo sistema Iron Dome. E se um deles tivesse conseguido escapar? 

Do Diário do Comércio:


Olhos por olho, dentes por dente.
Moisés Rabinovici
21 Novembro 2012           

Passagens bíblicas parecem descrever a situação atual: "Porque Gaza será desamparada, e Ashkelon ficará deserta" (Sofonias). "Por isso meterei fogo aos muros de Gaza, fogo que consumirá os seus castelos" (Amós). Egípcios, assírios, persas, romanos, selêucidas, gregos, cananeus e filisteus a destruíram para conquistá-la, e então a reconstruíram, e enfim a perderam. Jônatas a cercou: "De lá seguiu para Gaza, que lhe fechou as portas; mas ele sitiou-a, incendiou e saqueou os arredores"(1 Macabeus 11, 61).

Gaza está mais uma vez em ruínas. O cerco agora é, de novo, dos israelenses, que a abandonaram em 2005, em troca de paz, depois que a tomaram na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Paz? Durou menos de um ano. O Hamas (Fervor, em árabe) venceu as eleições livres e democráticas de janeiro de 2006, e marginalizou o Fatah (A Conquista), alquebrado com a morte de seu líder, Yasser Arafat.

A divisão entre palestinos seguiu a geografia: na Cisjordânia, ficaram os favoráveis às negociações com os israelenses; e em Gaza, os que pregam a libertação total da Palestina e a eliminação de Israel, prescrita em sua Carta Nacional. O projeto de um túnel que os uniria para a formação de um Estado nunca saiu do papel.

O presidente dos moderados, Mahmoud Abbas, trabalha hoje para o reconhecimento de um estado palestino pela ONU, com status de não-membro, nessa quinta-feira, 29, exatos 65 anos depois de aprovada a Partilha da Palestina, por 33 votos a favor, 13 contra e 10 abstenções, em sessão histórica presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha. Os judeus a aceitaram; os árabes a rejeitaram. E Israel nasceu ao fim do Mandato Britânico, em 1948, atacado por todos seus vizinhos.

Mas quem liga para Abbas, o presidente da Autoridade Nacional Palestina? Ele foi inteiramente obliterado pelo líder do Hamas, Khaled Meshal. Apoiado e armado pelo Irã, beneficiado pela chegada ao poder no Egito da Irmandade Muçulmana e pelo florescimento da Primavera Árabe no jardim do Islã radical, ele passou 2012 disparando entre 750 e 800 mísseis contra povoados israelenses. Só no  último dia 10, foram 121.

Queria um confronto. E o  conseguiu: três dias depois, a paciência de Israel explodiu com fúria só igualável à invasão de Gaza por terra, ar e mar, em 2008-2009. O primeiro alvo foi o comandante militar Ahmed al-Jabari. Um míssil o matou enquanto dirigia seu carro.

Alguns jornais brasileiros viram uma miragem no deserto bíblico da Terra Santa. E a publicaram, como se fosse realidade: a chuva de foguetes do Hamas que desabou sobre Israel, como tempestade de verão, seria a represália pelo assassinato de al-Jabari. Mas, e os anteriores, uai? Faz lembrar a síndrome de Lula, para quem o Brasil só começou, de fato, quando ele tomou posse como presidente. E a vítima virou algoz. A legítima defesa de uma população de 3,5 milhões refém de bombardeios a esmo pesou menos do que o poder letal de sua aviação e artilharia já muito conhecido, às vezes dissuasivo.

Uma explicação oportuna: no Oriente Médio prevalece a voz dos fortes. O processo de paz entre Egito e Israel prosperou quando iniciado e tocado por dois ex-terroristas, os prêmios Nobel Anuar Sadat e Menachem Beguin.  A "paz dos bravos" prosseguiu com Yitzhak Rabin e Ariel Sharon, generais e heróis de guerra. Gaza o confirma em seu próprio nome, Aza, do hebraico Az – "forte", em homenagem a um de seus cidadãos mais ilustres, o judeu Sansão. Ali ele morreu, traído por Dalila, cegado, mas não partiu sozinho… Por isso, Meshal dá as cartas e as embaralha, enquanto Abbas espera um curinga.

O primeiro-ministro de Israel, Bibi Netanyahu, se entrar no jogo, começa derrubando a mesa. Bill Clinton o conheceu em 1996, e saiu resmungando de uma reunião: "Mas, afinal, quem é a superpotência aqui?".  Ao encontrar o secretário da ONU, Ban Ki-moon, anteontem, ele justificou a desproporção tão criticada entre os cerca de 150 mortos de um lado, e apenas (?) cinco do outro, na manhã do oitavo dia de confrontos: "Terroristas não compartilham a sua preocupação com a morte de civis. Sacrificam suas próprias crianças como escudos humanos".

A Lei de Talião (1780 a.C.), prescrevendo reciprocidade na dosimetria do crime e da pena, "olho por olho, dente por dente", foi alterada no Oriente Médio: a retaliação vai num crescendo sem ápice à vista. Quando a trajetória de um foguete iraniano aponta para um centro urbano, o sistema defensivo Iron Dome dispara um precioso míssil, a US$ 50 mil cada, que o explode ainda no ar, na maioria das vezes. Já foram interceptados mais de 350. Bastaria um deles apenas furar o escudo, endereçado a Tel-Aviv ou a Jerusalém, para que a simetria aplacasse a torcida pelo empate de mortos.

A Liga Árabe, a Turquia e até o presidente egípcio, Mohamed Morsi, apesar de ser o mediador e anfitrião das negociações para uma trégua, culpam apenas Israel pela nova violência que tirou de foco a guerra civil na Síria. Explodiu ontem um ônibus em Tel-Aviv, Gaza comemorou. Anunciado o cessar-fogo para as 21h, o Hamas disparou uma saraivada de mísseis.  E a aviação israelense voltou a atacar. Nada de novo no front. 

Moisés Rabinovici é diretor de redação.

IMAGEM DE BATERIA DE MÍSSEIS DO HAMAS EM GAZA:

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