La vie en rose
Percival Puggina
02 Dezembro 2012
Quand il me prend dans ses bras
Il me parle tout bas,
Je vois la vie en rose.
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Bem me diziam que São Paulo é um país amigo do Brasil. O
fato teve confirmação quando se soube que o chefe de Estado brasileiro mantém
lá uma embaixada, localizada no mais concorrido point do capitalismo tupiniquim
- a esquina da Rua Augusta com a Avenida Paulista. Ali, Lula presidente
instalou a amiga Rosemary Nóvoa de Noronha, dita Rose, como embaixadora
plenipotenciária para assuntos nacionais e internacionais.
A natureza das atividades a que ela se dedicava chegou
recentemente às manchetes. E mais uma vez arrancou silêncios do ex-presidente,
que parece totalmente desinteressado do assunto. Duas pessoas falaram por ele.
Falou por ele o sempre obsequioso ministro Gilberto Carvalho, que disse não ver
motivos para os fatos trazerem qualquer perturbação ou constrangimento ao amigo
Lula.
E falou por ele, também, a muda e sorridente submissão de
dona Marisa Letícia. Não vou tratar aqui desse submundo em que tantos amigos de
Lula são assíduos frequentadores. As docas e bares do porto de Marselha, nos
anos 50, eram habitadas por marinheiros, vagabundos e prostitutas mais
exigentes em suas transações. Não é disso que este texto se ocupa. Quero falar
sobre o tal Escritório de Representação da Presidência da República em São Paulo e sobre como
se confiam a mãos tão incompetentes quanto sujas setores decisivos ao
funcionamento do país.
Para que serve esta
estrutura administrativa existente nos escalões presidenciais onde, há sete
anos, Rose ia levando sua vie en rose? A Polícia Federal entrou lá por uma
porta e a ordem de Dilma chegou fulminante: fica extinto o cargo que ela
ocupava. Se podia ser extinto, por que existia? Doravante, segundo teria
disposto a presidente, todas as determinações relacionadas com aquela
repartição federal serão originadas de Brasília. Resta a pergunta: o que há num
escritório sem chefe, além de telefonista, office boy e motoboy?
O caso é uma
evidência de o quanto se joga fora o dinheiro do contribuinte. Cargos são
criados por necessidade de acomodar afetos pessoais e cargos são extintos por
necessidade de resolver desconfortos causados pelos ocupantes. Com a mesma mão
que assinou a extinção do cargo da dona Rose, Dilma despachou para o Congresso
projeto de lei criando outros 90 junto à presidência da República.
A história das
atividades que agora estão sob exame da Polícia Federal no escritório paulista
mostra, por outro lado, os parcos critérios com que são providos postos
significativos como são as chefias das agências reguladoras de atividades
concedidas.
Nem mesmo a complicada ficha funcional de um dos irmãos
Vieira foi motivo suficiente para frear a determinação de vê-lo titulando o
posto que pretendia. E tudo se passava ante os olhos da mãe do PAC, sob o nariz
da mãe do PAC e junto aos ouvidos da mãe do PAC. Por quê? Porque o poder
confiado a mãos irresponsáveis não vale pelo bem que produz mas pela festa que
proporciona e porque é muito difícil afastar-se de más companhias generosas.
TEXTO REPRODUZIDO DO SITE MÍDIA SEM MÁSCARA:
Talvez nem Lula e nem Rose saibam apreciar, ou não, como
diria... Caetano
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